Assim, para o acréscimo das despesas orçamentais autorizadas no 1.º semestre de 1965 concorreu principalmente o comportamento dos encargos com a defesa e segurança e com o funcionamento dos serviços, que se elevaram a cadência mais rápida que no período homólogo de 1964. Por sua vez, as despesas de investimento acusaram sensível contracção no período considerado, o que se explica fundamentalmente pela incidência nas despesas desta natureza, autorizadas em igual período de 1964, dos avultados financiamentos então realizados para a construção da ponte sobre o Tejo.

3-Relações económicas externas A balança de pagamentos da zona do escudo, depois de apresentar elevados saldos positivos no último triénio, tem evidenciado em 1965 tendência para a formação de saldo sensivelmente inferior.

Por um lado, o comércio externo da metrópole caracterizou-se ma primeira parte do ano por acentuado acréscimo das importações, se bem que o valor das exportações tenha também crescido de maneira apreciável. Além disso, os movimentos de capitais do sector público devem ter no conjunto do ano menor influência sobre o resultado da balança de pagamentos do que a anteriormente verificada.

Todavia, as receitas em divisas dos invisíveis correntes têm mantido a sua tendência ascendente, devido em grande parte à expansão do turismo.

Balança de pagamentos da zona do escudo. Entre os objectivos fundamentais que presidiram à elaboração do II Plano de Fomento incluiu-se a melhoria da balança de pagamentos, objectivo para o qual o Plano deveria concorrer de forma decisiva, através, nomeadamente, da expansão da produção de bens destinados à exportação e de bens substitutivos de produtos importados. Previa-se ainda que durante o período do II Plano aquela finalidade seria afectada pela necessidade de realizar avultadas importações de bens de equipamento e de matérias-primas destinadas à laboração industrial, além das importações de bens alimentares e bens de consumo duradouro determinadas pela melhoria do nível de vida inerente ao processo de crescimento económico.

Os resultados efectivamente apurados na balança de pagamentos durante aquele período denunciam evolução irregular do saldo geral, que, tendo apresentado reduzido valor negativo em 1960, sofreu no ano imediato nítido agravamento e teve acentuada recuperação no triénio de 1962-1964, com a formação de elevados superavits, em que desempenhou papel preponderante a entrada de capitais a longo prazo. O déficit das transacções correntes da metrópole, depois de sensível e acidental deterioração em 1961, baixou para valores da ordem dos 3 milhões de contos nos últimos três anos. Todavia, importa notar que esta estabilidade do déficit das operações correntes da metrópole a partir de 1962 se explica pela expansão do superavit de invisíveis correntes, devido fundamentalmente ao acréscimo das receitas de turismo, o qual pôde compensar a elevação do saldo negativo registado nas transacções comerciais. Por sua vez, este comportamento da balança comercial ficou a dever-se, como se previa, à expansão a ritmo acelerado das importações de bens, determinada em especial pela realização dos empreendimentos abrangidos no Plano e pelos correspondentes reflexos no consumo.

Por outro lado, as transacções correntes das províncias ultramarinas continuaram a acusar elevados suporavits nos últimos anos. Note-se que em 1962, devido ao comportamento desfavorável quer das importações, qu er das exportações, se observou sensível contracção do superavit, mas no ano imediato houve ligeira recuperação, que prosseguiu de- forma mais nítida em 1964. Para os elevados saldos positivos da balança de pagamentos da zona do escudo apurados nos últimos três anos contribuiu, de modo decisivo, o comportamento das operações de capital, embora ]á em 1961 as importações de capitais do sector privado tenham atingido montante apreciável.

A partir de 1962, porém, o saldo das operações de capital assumiu valores mais elevados, que devem imputar-se, em especial, às importações de capitais privados a longo prazo, fundamentalmente créditos e empréstimos, e ainda, sobretudo em 1962 e 1964, às importações de capitais a longo prazo do sector público. No entanto, no que toca às operações de capitais privados a longo prazo, não obstante o acréscimo contínuo que tem vindo a verificar-se nas entradas desde 1961, observou-se no última ano contracção do respectivo saldo, como consequência essencialmente das saídas de capitais correspondentes a amortizações e reembolsos.

O quadro seguinte permite o exame global das finanças exteriores do País no último quadriénio:

Balança geral de pagamentos da zona do escudo

(Milhares de contos) Da observação do comportamento da balança de transacções correntes nos últimos anos ressalta a elevação do déficit de mercadorias na metrópole, compensada por subidas sensíveis nos saldos positivos de invisíveis corren-