Segurança Pública daquela cidade o prólogo de um dos mais tristes momentos da vida nacional.

Um Deputado de Angola evocou o facto e ao fazê-lo exprimiu o sentimento de. uma província portuguesa que soube .encontrar coragem e força para reagir (e de que forma o fez!) ao crime que contra ela se queria cometer, tentando separá-la de um todo indivisível! Cometeram-no hordas de selvagens, bêbedos, comandadas por estrangeiros e por traidores ao serviço de uma causa sinistra que apenas pretende a subversão do Mundo.

Falou um Deputado por Angola, e fê-lo reproduzindo o sentimento unânime de milhões de portugueses, que, sem distinção de raças ou de cores, têm como denominador comum o seu desejo firmemente demonstrado de quererem continuar a sê-lo!

Exprimiu o Dr. Gustavo Neto de Miranda a vontade indómita de quantos choram ainda hoje o desaparecimento brutal de entes queridos selvàticamente chacinados que ficarão para todo o sempre como vítimas de um dos mais horríveis crimes da história contemporânea.

Muito se falou, e se fala ainda hoje, no drama por que passaram aqueles que, durante a última guerra mundial, pagaram com a própria vida, ou com os seus bens, a sua origem ou simplesmente a sua condição de "inimigos" das potências que se supunham vencedoras ... ou de facto o foram! Mas pouco, ou muito pouco, se falou do crime de Angola, resultante dos chamados "ventos da história" que varreram de lês. a lês, e ainda não pararam, todo aquele sacrificado continente africano .Apenas se afirmou que era ao "espírito colonialista português" que se deviam os efeitos brutais daquilo que, só por ironia, se chamou "um movimento de libertação"!

Falou um Deputado por Angola, e parece que nada mais haveria a dizer, tal o direito e a razão com que o fez. Mas não, Sr. Presidente; é indispensável que outro Deputado, exprimindo o seu pensamento e, certamente, o de todos os outros, afirme ao Sr. Dr. Neto de Miranda, aos seus ilustres colegas pela província de Angola, à gente daquela província e aos que nela têm radicada a sua vida que a metrópole, que o País inteiro, viveu e sofreu - desde a velha e nobre Goa até ao Minho - as horas horríveis por que passaram!

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Ao espanto e à dor dos primeiros momentos deu lugar, depois, um extraordinário sentimento de orgulho, quase de alegria, por termos chegado a tempo, correspondendo ao heroísmo ímpar de quantos resistiram e venceram a primeira vaga de um terrorismo imundo, sem pátria, sem ideais, sem sombra de razão, comandado pelo comunismo internacional - estranhamente aliado a outra espécie de inimigo, certo capitalismo ocidental ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-"Com rapidez e em força" foi a frase lapidar com que o Sr. Presidente do Conselho deu a sua voz de comando ao assumir a pasta da Defesa Nacional, no dia 13 de Abril de 1961 (quase, dia por dia, 36 anos mais tarde da data em que outros portugueses de, lei se revoltaram contra o jugo dos partidos; .então, a .Pátria estava também doente, mas alguém havia de salvá-la!...). Foi, porém, aquela palavra de ordem que galvanizou todo um povo e fez repetir o milagre de Ourique, quando tudo parecia, perdido. Em 1961 passava

pela mente deformada, ou pelo espírito pusilânime de alguns, a ideia de que Portugal poderia abdicar de direitos seculares que estão na génese da sua própria nacionalidade, da sua própria existência.

Sr. Dr. Neto de Miranda, ilustre Deputado, ilustre presidente da Comissão Provincial da União Nacional e vogal do Conselho Económico e Social da província, diga V. Ex.ª. aos seus eleitores que nesta Câmara todos os seus colegas, representantes dos demais círculos eleitorais de todo o espaço português, viveram e vivem, sentiram e sentem, sofreram e sofrem, a mesma dor que eles próprios tiveram quando caiu sobre Angola o drama do terrorismo !

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Diga ao povo daquela nobre e portuguesíssima parcela do território nacional que, para além da sua dor, a nossa era aumentada pela distância que nos separava e tornava impossível correr a ajudá-los na luta admirável, única, que, tendo-se espalhado depois por outras terras de Portugal africano, bem mereceu, e merece cada vez mais, o respeito profundo do mundo civilizado, ou do que dele resta!

Ouço dizer, às vezes, que se pedem orações para que termine a guerra em África! Sim, eu junto a essas orações as minhas; todos nós juntamos as nossas, mas para que a guerra acabe, e bem depressa, com a vitória do bem sobre o mal, da doutrina de Cristo sobre a vontade do demónio, para honra e glória de uma civilização que para lá levámos, pela qual morreram e sofreram antepassados nossos e pela qual continuam a morrer portugueses, os nossos filhos, carne da nossa carne, sangue do nosso sangue, nossa vida e nosso orgulho!

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Todos nós queremos o fim da guerra, que esgota ingloriamente a fina flor da Nação, pondo à prova recursos que não são grandes, mas que serão, certamente, suficientemente fortes e bons para levarmos de vencida os nossos inimigos e "merecermos os nossos mortos"!

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Marques Teixeira: - Sr. Presidente: Pedi a V. Ex.ª. o uso da palavra para num apontamento, que quisera fosse breve, e há-de ser singelo, sublinhar e enaltecer um acontecimento ocorrido na última semana nesta formosa e encantadora Lisboa. Quero aludir despretensiosamente, Sr. Presidente, à exposição que se encontra patente numa das dependências do Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo sobre "A Juventude e o Livro".º Ao acto inaugural dignou-se presidir, imprimindo-lhe grande lustre e especial significado, o venerando e venerado Chefe .de Estado, na companhia de ilustres membros do Governo e de destacadas entidades oficiais e particulares. Mais uma vez se confirmou o facto .de S. Ex.ª. o Sr. Presidente da República se interessar, sentir e viver, por forma constante e intensa, tudo quanto esteja ligado ou interfira com os aspectos relevantes da vida da comunidade nacional, sempre votando afeição carinhosa à mocidade da nossa terra, cuja situação, rumos do seu futuro e destino de vida, feliz e digna, tocam profundamente a delicadeza da sua fina sensibilidade moral,.