e perdição da nossa mocidade - acção deletéria, repito, de virulência moral, que nem só por forma solapada se insinua, porque já se manifesta de modo ostensivo e arrogante, e em qualquer caso, e sempre, cínica e criminosamente. Que todos os portugueses conscientes, pais, educadores, autoridades, se mantenham em permanente vigília e num alerta constante, não deixando que agentes sinistros, ao serviço de dissolventes internacionalismos e da heresia maior do nosso tempo, que é o comunismo anti-humano, anti-social e anticristão, através do livro, do jornal, do panfleto e por meio das variadas formas informativas e de divulgação, tentem desfibrar a nossa juventude, amortecendo-lhe as resistências morais, enfranquecendo-lhe a vontade, amolecendo-lhe o carácter, esfriando-lhe o sentimento da Fé, maculando-lhe a alma, embotando-lhe a sensibilidade, empalidecendo-lhe a chama ardente e viva de um puro e actuante portuguesismo.

Vozes: -Muito bem!

Embora consideremos a premência dos cuidados permanentes que tem de merecer-nos a salvaguarda intransigente da retaguarda da Nação, hoje como ontem, amanhã como hoje, e mormente agora, neste transe, a um tempo delicado e glorioso da sua história, sobejam-nos motivos de euforia espiritual e em nós abundam razões do mais alto orgulho cívico!

Basta que contemplemos, entumecidos de natural embevecimento, de confiança e de fé, tomados de sentida emoção e de legítima ufania, a gesta heróica, eivada de traços verdadeiramente epopeicos, dos nossos queridos e bravos rapazes que nas linhas de fogo do Portugal de além-mar, por forma abnegada, com galhardia, destemor e determinação, vertem generosamente o seu sangue e imolam a primavera da sua vida na defesa da integridade, da soberania e da honra da causa sagrada da Pátria, enfrentando e rechaçando as surtidas do ataque do inimigo traiçoeiro vindo do exterior.

O Sr. Veiga de Macedo: - Muito bem!

O Orador: - E lutam, e sacrificam-se, e morrem, ainda impelidos pelo anseio, alto e nobre, de contribuírem para a segurança e perenidade dos princípios da civilização ocidental e cristã - de que Portugal foi berço e é arauto, irradiador e, hoje, dos poucos e conscientes e válidos abencerragens -, e lutam, e sacrificam-se, e morrem, dizia, apenas buscando o prémio e só almejando a compensação moral que para a sua consciência resultam do integral cumprimento do dever. Assim se comportam polarizados e galvanizados pela altura e pela grandeza dos mais belos ideais, como filhos dignos e dedicados desta velha mas remoçada Casa Lusitana, mãe de nações pluricontinental e multirracial, de sentido universalista, servidora da humanidade católica e apostólica, civilizadora, missionária e amorosamente fraterna.

Eu não queria abusar mais da benevolência penhorante de VV. Ex.ª, Sr. Presidente e Srs. Deputados, mas não resisto à tentação de referir, como achega inestimável ao elenco das considerações que venho produzindo, judiciosas reflexões atribuídas a Mons. Moreira das Neves - polígrafo distinto, jornalista de mérito, conferencista ilustre, poeta de rara sensibilidade, apóstolo da causa da educação.

O Sr. Veiga de Macedo: -Muito bem!

O Orador: - «O mau livro é sempre uma acção criminosa de que a sociedade tem de defender-se, como se defende dos salteadores e dos assassinos. A literatura tem também os seus flagelos, os seus vulcões de lama, as suas rajadas incendiárias. Por detrás de cada revolução, de cada guilhotina ou bomba de plástico está ordinariamente um livro, nem que seja clandestino. É conhecida a determinação de Napoleão em proibir em França a reimpressão das obras de Voltaire e Rousseau, por achar impossível governar um povo que fizesse habitualmente a sua leitura. E disse o Dr. Agostinho de Campos que na bala que matou D. Carlos ia um alexandrino de Junqueiro. Um bom livro é o melhor dos amigos e o mais fiel, o mais discreto, o mais fraterno dos companheiros, fala-nos sem hipocrisia, conforta-nos na tristeza, preenche-nos de encanto a solidão e dá asas novas à nossa alegria. Levando-nos ao passado, põe-nos em comunhão com os génios, os profetas e os pioneiros. Daqui se conclui que o problema dos livros é um dos mais graves e delicados problemas do homem e do cristão. Nenhum educador tem o direito de o desprezar, sob pena de arriscar todo o seu esforço pedagógico. Ameaçado, embora, em certo sentido, pelo cinema, pela rádio e pela televisão, o livro nunca deixará de ser uma força. E uma força de que depende em grande parte o destino do Mundo.»

Sr. Presidente: Reverto à evocação da exposição sobre «A Juventude e o Livro», a que fiz referência no início das minhas modestas considerações, para, rememorando igualmente, com a justiça e o aplauso devido, aquela outra, promovida há alguns meses pela meritória e patriótica Organização Mocidade Portuguesa, frisar a magnitude e a transcendência dos motivos que a determinaram, o aviso solene nela contido, a lição preciosa que dela se arrecada. Como pai e como português, tributo a quem tem a responsabilidade da orientação e da direcção dos destinos da Editorial Verbo não só os parabéns, que saídos da minha boca têm pouca expressão, mas também o testemunho do meu reconhecimento, que é grande e é profundo.

Sr. Presidente: Reforçando a ideia de que, agora e sempre, nomeadamente nesta hora conturbada do Mundo, nos incumbe a obrigação moral e cívica de fortalecer as nossas defesas espirituais, firmar a solidez das nossas fronteiras ideológicas, constituir e robustecer uma frente da inteligência, como disse um dia Salazar, sejamos todos fiéis à mensagem do luminoso espírito do Sr. Presidente do Conselho, modelo de educadores e mestre de lusitanidade, ao proclamar tornar-se essencial que o espírito da mocidade seja por nós formado no sentido da vocação de Portugal, com os exemplos de que é fecunda a história, exemplos de sacrifício, patriotismo, desinteresse, abnegnação, valentia, sentimentos de dignidade própria, respeito absoluto pela alheia.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cortes Simões: -Sr. Presidente: E com emoção que ergo pela primeira vez a minha voz nesta alta Assembleia. É me grato endereçar a V. Ex.ª as minhas