aos seus irmã os de além-mar, que em conjunto haviam de vir .a formar o- grande colonato do Limpopo, exemplo vivo da promoção social do homem através da terra.

Se esta obra nos merece todo o apreço e admiração pelo que representa de persistência e firmeza de um homem que, lutando contra todas as dificuldades, foi capaz do transformar as terras improdutivas em grandes fontes de riqueza, tem ainda a virtude de ser um primacial factor de realização dos objectivos políticos sociais e culturais da Nação através da promoção humana pelo desenvolvimento, económico.

Com efeito, no. Limpopo trabalham lado a lado, em. propriedades privativas, famílias, brancas e negras na melhor harmonia social, provando-se, deste modo, que a multirracialidade é possível e fecunda.

O Eng." Trigo de (Morais, ajudou valiosamente .a concretizar este ideal nacional, tanto em Moçambique como em Angola, que igualmente muito lhe deve pela obra grandiosa já realizada no vale do Gunene.

.Moçambique sente vivamente a perda sofrida, e eu sei que interpreto o; sentimento da província proferindo em seu nome, nesta Camara estas singelas palavras, a que junto pessoalmente a sentida homenagem que devo a quem tão generosamente se dou uma terra natal.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

A orador foi muito cumprimentada.

O Sr. Neto de Miranda: - Sr. Presidente: Pedi a palavra para, em nome das populações de Angola, manifestar o seu sentimento pela morte do Sr. Eng.º Trigo de Morais. A estatura intelectual, moral e técnica do Sr. Eng.º Trigo de Morais é indiscutível, e os Srs. Deputados que me antecederam fizeram de uma maneira brilhante a apologia do entusiasmo com que se lançou nas obras do ultramar, obras que eu considero como precursoras activas do povoamento e também da própria industrialização. Efectivamente, os estudos de hidráulica agrícola feitos e a sua execução vieram renovar a nossa potencialidade. Eu desejaria, porque o Sr. Eng.º Trigo de Morais também instalou, fomentou e armou a obra do Cunene, estabelecendo o colonato da Matula, afirmar perante esta Câmara a devoção, o interesse e o entusiasmo com que Angola sempre acompanhou a obra do falecido. Se é certo que por desejo do Sr. Eng.º Trigo de Morais, o seu corpo irá fazer no Limpopo, e dado que Angola não pode ter a sua repartição, não deixará, contudo, de ter dentro dos seus espaços a alma e o espírito do Sr. Eng.º Trigo de Morais.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputados: Uma palavra só, para. dizer que subscrevo tudo aquilo que foi afirmado a respeito do Sr. Eng.º Trigo de Morais.

Era um homem venerável como um patriarca e dava a impressão de que a todos acolhia como patriarca. Dir-se-ia que tinha inscrita na própria natureza, que era um elemento da sua própria natureza, a missão de servir: a missão de servir a Pátria e o povo, a missão de servir cá e lá, na metrópole e no ultramar. Um apaixonado pelo ultramar.

Não há palavra elogiosa que ele não mereça, dado o idealismo que o conduziu pela vida fora. Quero- dizer esta palavra e ao mandar exarar no Diário das Sessões um voto de sentimento, afirmar ainda que esse voto de sentimento, tenho a segurança, é da Assembleia e do País, de aquém e de além-mar.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Sr. Paulo Cancella de Abreu: - Sr. Presidente: Vão ser, tem de ser, breves e raras as minhas intervenções no decurso da presente legislatura. Impõe-mo a idade; a idade e a saúde, a saúde e, vamos lá, o juízo ... E com isso nada têm a perder V. Ex.ª e a Assembleia. Pelo contrário.

Vozes: - Não apoiado!

O Orador: - Mais- de 40 anos de vida parlamentar, intercalada de 20 votados ao ostracismo; mais de 40 anos inspirados no desejo de servir, mas nada mais sabendo revelar do que aquela coerência de princípios que V. Ex.ª se tem dignado atribuir-me e eu próprio em mim reconheço.

Coerénça que me investe de autoridade para, nesta hora grave que sofremos, lastimar que haja pessoas que, mesmo dentro do meu campo, poucas felizmente, andem desviadas do caminho da razão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: É digna de menção e de ficar assinalada nos anais da Assembleia Nacional a forma como a valorosa Cruz Vermelha Portuguesa encerrou as cerimónias comemorativas do seu 1.º centenário. Por isso, eu quis referi-la, embora em palavras breves e desprovidas do estilo apropriado em tal emergência, porque a ele não sei aventurar-me; nem era necessário, pois impôs-se por si o facto ocorrido, em 11 do corrente, na Sé Catedral.

Bastava a expressiva e justíssima finalidade da cerimónia para justificar o seu transcendente significado. E a emoção que causou foi tal que nenhuma outra semelhante nos tem sido dado experimentar.

E a expressão da solenidade subiu de- ponto quando, após a missa- do Exmo. Núncio Apostólico e na presença de membros do Governo, do Corpo Diplomático.- de autoridades, de oficiais de todas as patentes, de delegações de todas as armas, e muito público. S. E. o Sr. Cardeal-Patriarca lançou a sua bênção sobre o lampadário, cuja chama votiva acabara de ser acendida, ao som dos clarins, por um mutilado da guerra de África, da guerra que nos é movida por inimigos e agitada por interesses mais ou menos dissimulados em vários quadrantes do Mundo.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Ficaram assim simbolicamente e para sempre consagradas as memórias de todos os mortos ali ao serviço da nossa pátria.

Sugeriu esta expressiva consagração, ofertou o majestoso lampadário, planeou e executou a solenidade nos seus múltiplos e difíceis pormenores, a incansável e benemérita secção feminina da Cruz Vermelha Portuguesa.

E foi bem que assim tivesse procedido, pois, na expressão do Rev.º Cónego Dr. Reis Rodrigues na sua emotiva homilia, aquela cerimónia poderia decorrer no simples plano da saudade inteiramente compreensível se os portugueses que então recordávamos não nos tivessem deixado senão o rasto da sua vida, mas, acrescentou, foi principalmente o rasto da sua morte que nos deixaram, abonando-se através dela como os primeiros de entre