daquela circunscrição administrativa e dos concelhos vizinhos de Vila Flor e de Macedo de Cavaleiros, e onde está instalado o moderno e importante complexo agro-industrial da Federação dos Grémios da Lavoura do Nordeste Transmontano. Realização de extraordinário alcance económico e social, que está a contribuir poderosamente para a transformação da província de Trás-os-Montes.
O presidente da Corporação da Lavoura começou por visitar as instalações, que ocupam já uma vasta área e se encontram ainda em ampliação, sendo constituídas actualmente por uma destilaria polivavalente para figo, bagaço de uva. borras de vinho e vinho; por dependências completamente equipadas para o tratamento, calibragem, selecção e embalagem de frutas para o comércio interno e exportação ; por lagares e armazéns de azeite, e por uma fábrica de rações, assim como por amplos estábulos para 500 animais.
Encontram-se também em adiantada construção a queijaria (preparada para laborar 15 000 1 a 20 000 1 por dia), lavadaria, instalações para a preparação de conservas de azeitonas e para a selecção -e embalagem de cereja para exportação. E está projectada, como parte integrante do importante conjunto (caso único no nosso país), a edificação de um inatadouro e fábrica de carnes, de edifícios para a fabricação de concentrado de tomate e preparação de tomate pelado, assim como para, a extracção e refinação de óleos.
O simples conteúdo constante desta resenha fala por si eloquentemente .
A primeira lição a tirar é a do que pode a acção humana de um técnico consciente da sua ciência especializada que ao mesmo tempo seja um proprietário com a sensibilidade dos seus propósitos, limitações e deveres, como tem mostrado sê-lo o Sr. Eng.º Camilo de Mendonça. As suas capacidades, que de longe tivemos ocasião de aferk, os que com ele trabalhámos, atrás de há cinco anos, nesta Casa. estão-se revelando por forma bem acrescentada em face das realidades que se propôs dominar, começando por dar o exemplo de trocar os benefícios das culturas da vizinhança do Terreiro do Paço pelas da cultura do remoto torrão originário.
Segunda lição: a de como a linha de uma lavoura progressiva se deva programar no sentido da industrialização dos respectivos produtos que para tal se prestem, sem, aliás, sair do campo agrícola razoavelmente dimensionado e promovido, aproveitando-lhes as possibilidades e até a escala dos subprodutos, que só uma organização industrial adequada consente.
O Sr. Gonçalves Rapazote: - V. Ex.ª dá-me licença? O Orador: - Faça favor.
O Sr. Gonçalves Rapazote: - Estou a ouvir com o maior interesse a sua documentada intervenção sobre as actividades da Federação dos Grémios da Lavoura do Nordeste Transmontano.
E peco-lhe licença para inscrever nas suas considerações um aspecto que, para além da grandeza da obra material já realizada e da vitalidade da organização corporativa que a suporta, me toca a mim, Deputado pelo distrito de Bragança, muito fundo.
Quero referir-me à esperança que essa obra, a que preside o Eng.º Camilo de (Mendonça com tão admirável isenção, abriu à lavoura da minha terra.
Começa a acreditar-se que as enormes potencialidades daquela região serão desta vez transferidas para o plano das realidades práticas, servindo, efectivamente, os interesses de tão sacrificada gente.
Todos os traumatismos passados são esquecidos, diante da esperança que agora se abriu e nós não podemos frustrar.
Este ângulo da obra da Federação representa um dos mais salientes aspectos do trabalho realizado, e eu não queria, neste momento, deixar de o sublinhar.
O Orador: - Agradeço vivamente a achega de V. Ex.ª às minhas considerações, que deveras se vêem assim coadjuvadas pela autoridade de V. Ex.ª
Terceira lição: de como para o efeito as regiões rurais comandadas pelas dominantes dos seus interesses geográfico-agrícolas se sobrepõem, transbordantes, ao artifício das respectivas circunscrições administrativas. E isto. dado que no caso se reuniram os lavradores tanto do lado brigantino do Douro como da margem sul - a Beira transmontana de outro tempo!
Quarto: de como o abate de gado bovino tende a exceder hoje, tal como a electricidade, a esfera de competência municipal, devendo as lavouras regionais construir matadouros para fornecimento das cidades, particularmente das grandes.
Sr. Presidente: Por aqui me fico hoje, registando com vista a intervenções futuras um tal começo de obra ordenada. Constitui ela grande exemplo de como as forças intrínsecas e originárias dos empresários da terra, até agora marasmadas, devem corresponder ao esperançoso surto de industrialização que o País atravessa e a uma como que abertura de favor com que o Estado parece começar a querer ampará-la.
Vozes: -Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Presidente: - Vai passar-se à
O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei sobre mar territorial e zona contígua.
Tem a palavra a Sr. Deputado Henrique Tenreiro.
O Sr. Henrique Tenreiro: - Sr. Presidente: Ao subir a esta tribuna pela primeira vez na actual legislatura, vão para V. Ex.ª as minhas afectuosas saudações e homenagens, que traduzem a grande consideração e apreço que sempre tive pelas altas qualidades e virtudes de V. Ex.ª
Aos ilustres colegas endereço os mais amistosos cumprimentos e a afirmação de que podem contar com a minha colaboração leal, embora modesta, nos trabalhos desta Assembleia.
Ao iniciar esta intervenção no debate sobre o mar territorial e zona contígua, desejo fazer um esclarecimento prévio: aproveitando a vantagem das brilhantes orações já proferidas pelos ilustres colegas que trataram o tema por forma notável e exaustiva, quero-os felicitar, e a minha intervenção vai ser de horizonte mais limitado - apreciar a proposta através de um sector cuja actividade pode ser largamente afectada por decisões que se tomem, interna e externamente, sobre águas territoriais, zona contígua e zonas reservadas à pesca.