a uma sobrevivência digna do homem, meio ainda de o conduzir aos fins sobrenaturais para que foi criado.

Assim o permita Deus para bem de todos aqueles portugueses de melhor têmpera que teimam em afirmar, pelo trabalho ordeiro, a presença de Portugal naquelas terras; e teimam em afirmá-lo ainda no ultramar: os que partem, lutando pela defesa daquelas parcelas longínquas de Portugal quantas vezes até à última gota do seu sangue, os que ficam, chorando em silêncio, ordeiramente ainda, a ausência dos que partem e, quantas vezes, a perda dos filhos que tombaram pela Pátria.

Assim o permita Deus, dizia, para bem sobretudo daqueles que sofrem privações, e tantos são e para a tranquilidade e paz de consciência dos mais responsáveis pelo pulsar da vida económica daquelas terras bem portuguesas dos Açores.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Ferrão Castelo Branco: - Sr. Presidente, e Srs. Deputados: No passado dia 26 de Fevereiro entrou solenemente na Diocese de Beja, a sua diocese, o Sr. D. Manuel dos Santos Rocha, arcebispo-bispo daquela Diocese. Vem S. Ex.ª Rev.ma suceder nos destinos da Diocese pacense à figura ilustre do Sr. D. José do Patrocínio Dias, há poucos meses falecido, cujo elogio aqui foi feito na devida oportunidade. Nesta altura é devida uma palavra de saudade para essa figura veneranda do chamado bispo de Beja. Essa excelsa figura, como ainda há dias foi referido, foi, por assim dizer, o construtor da Diocese de Beja. Aqui também despejo secundar o voto feito pelo Sr. Governador Civil de Beja, nos Paços do Concelho, no sentido de que numa das principais praças de Beja seja erigido um monumento que perpetue para toda a vida a figura daquele venerando antístite. Mau grado o tempo agreste que tem vindo a assolar o País, ao repicar alegre de todos os sinos da Diocese de Beja, S. Ex.ª Rev.ma o Sr. D. Manuel dos Santos Rocha entrou na sua diocese por entre alas compactas de bejenses cônscios o certos de que o novo arcebispo-bispo vai continuar a obra do seu venerando antecessor, tanto mais que a notável personalidade deste venerando prelado de há muito se impôs como uma das mais preclaras e nobres figuras do episcopado português.

E é naqueles sentimentos sinceros que eu aqui, como um dos representantes do povo do Beja perante esta Câmara e sob a presidência de V. Ex.ª venho congratular-me com a entrada do venerando arcebispo-bispo de Beja.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Henriques Nazaré para efectivar o seu aviso prévio sobre o problema habitacional das classes economicamente débeis do ultramar.

O Sr. Henriques Nazaré: - Sr. Presidente: No momento em que pela primeira vez faço uso da palavra nesta Assembleia, desejo dirigir a V. Ex.ª, Sr. Presidente, as minhas homenagens e «i expressão do meu maior respeito.

Para VV. Ex.mos Srs. Deputados, as minhas melhores saudações a afirmação dos meus propósitos do colaboração construtiva.

E permitam-me ainda VV. Ex.ªs que nesta ocasião eu dedique um pensamento afectuoso à população de Moçambique, cuja representação considero, para mim, o mais honroso privilégio.

Antes de me ocupar dos assuntos que constituem o essencial desta exposição, desejo reeditar algumas afirmações que já tiveram certa publicidade na imprensa de Moçambique, mas que me parece conveniente reavivar no conhecimento de quem tiver si bondade ou o dever de me escutar com um pouco du atenção.

O que julgo indispensável fazer notar neste momento é o facto de eu próprio me reconhecer destituído de experiência e preparação políticas, circunstância que nunca ocultei e que corresponde coerentemente completa ausência de pretensões ou aspirações pessoais.

Na verdade, a minha vida profissional tem absorvido quase toda a minha capacidade de trabalho e de estudo e tem-se desenvolvido sem interferência de quaisquer factores ou conexões de natureza política ou outra de carácter extraprofissional.

Serão, pois, muito de agradecer a indulgência e a compreensão de todos quantos venham a colaborar na tarefa que me cumpre levar a cabo e o seu auxílio será sempre bem-vindo e constituirá para mim amparo precioso nesta caminhada.

O propósito que me anima encontra-se clara e nitidamente definido no meu espírito e resume-se no cumprimento dos deveres que se me impõem na situação presente como representante de uma parcela do território nacional. Para isso procurarei compensar com a maior boa vontade e atenção a modéstia dos recursos pessoais de que disponho.

Trabalhar pelo progresso e bem-estar da população de Moçambique, sem distinção de raças, credos ou classes, procurando aproximar cada vez mais aquele povo das condições de vida ideais, é realmente a minha obrigação actual, mas não quero deixar de dizer que foi sempre A minha maior aspiração, o meu anseio, a minha principal preocupação no passado.

É inegável, para quem nos olhar de boa fé, considerando o presente e a realidade histórica, que a maneira de viver dos Portugueses, no que toca à fraternidade, à compreensão e à tolerância interraciais, se colocou sempre muito à frente da forma de actuação e comportamento dos outros povos ditos colonizadores, feita a comparação, é claro, em épocas correspondentes.

Por vezes, mesmo, pode afirmar-se sem qualquer hesitação, foram as influências estranhas de povos não isentos do preconceitos racistas, cobiçosos do que legitimamente nos pertencia, que prejudicaram ou entravaram a evolução da nossa maneira de conviver, que o coração, muito mais do que o interesse material, nos apontava como rumo a seguir. E não raras vozes foram precisamente os princípios de humanidade que nos inspiravam o motivo das críticas depreciativas e vexatórias que nos fizeram aqueles que hoje, no meio internacional, pretendem condenar-nos com acusações diametralmente opostas, e agora falsas ou injustas, arvorando-se em paladinos dignificadores da raça negra.

Vozes: - Muito bem!