económicos e até políticos da colectividade nacional que esse recurso seja moderado e isento na maior media possível, devemos orientar a nossa vida no duplo sentia de economizar o máximo nos gastos e seria os que hajam de fazer-se pelo critério da mais rápida e da maior reprodutividade. Não pode esta orientação agradar a todos nem de modo algum dar satisfação aos nossos e mesmo a aspirações legitimas e absolutamente razoáveis. Ela baseia-se e marca o acento tónico mais na restrição dos consumos improdutivos que numa economia de aumentos indiscriminados da produção. Mas depois das peripécias de expansão indefinida a que temos assistido e dos riscos que comporta e outros têm suportada, cremos ser essa orientação a mais prudente e ao fim mais eficiente também. Como em muitos outras situações da vida, também nesta é preciso escolher.

Esta linha de conduta deve transparecer aos olhos Câmaras na organização dos orçamentos e nela deve sobretudo basear-se o III Plano de Fomento, em que trabalha e há-de ser examinado na segunda sessão legislativa. Foi-se obrigado a inserir um piano intercalar os anos de 1963 a 1967 por causa da incerteza das condições gerais - políticas e económicas - em que se obrigados a trabalhar. Mas partir de 1968 pensa-se que muitos problemas e situações estarão mais simplificados ou resolvidos, e estará por outro lado mais adiantada a integração económica de todo o espaço português.

É para lamentar que o preceito da Constituição segundo o qual a organização económica do ultramar devia integrar-se na organização económica geral da Nação Portuguesa não tenha tido, embora gradualmente mas logo a partir da sua promulgação, a execução que o legislador constitucional previra. Pode dizer-se que contribuíram para isso não tanto dificuldades da política interna as vicissitudes da vida mundial de que sofremos permissões. Com a publicação das múltiplas previdências decretadas, especialmente desde 1961 até ao presente momento, e com a salvaguarda conseguidas nos organismos internacionais interessados, deve considerar-se largamente aberto o caminho para a integração do espaço português. Há mesmo para tanto melhor compreensão que dantes da parte dos territórios ultramarinos, nos quais se tornou nítido que, nesta época de grandes afinidades de cultura, a integração em vasto espaço português e ao mesmo tempo garantia de progresso, de segurança e de integridade desses territórios Isto significa que o próximo Plano de Fomento pode e deve ter características muito diversas e compreender estímulos (muito mais fortes que os anteriores para a unidade nacional.

No próximo ano terão passado 40 anos sobre o Movimento de 28 de Maio. E estando prevista para então a inauguração de algumas grandes realizações que foram o sonho e a ambição de gerações sucessivas, pensou-se em enquadrá-la em manifestações mais vastas, onde celebrassem condignamente o 40.º aniversário do que se tem chamado a Revolução Nacional. De modo algum se trata de estadear serviços prestados nos múltiplos campos em que se actuou; mas a nós próprios, que vemos o tempo correr e com ele desvanecer-se a memória dos (eventos passados, interessará dispor de meios de confrontação entre o que se prometeu e o que se realizou, entre as necessidades do povo e os empreendimentos que servem, entre o ponto de partida e as estações de chegada em tudo o que interessa à vida dos indivíduos e da colectividade. O tempo dilui o peso dos esforços e transforma em habitual e corrente aquilo que na época em que se fez se pensou ser excepcional e custoso. Afãs as gerações que deixaram muito para trás as reclamadas obras de regra do Sorraia e se lançaram ao trabalho da irrigação do Alentejo; que puderam transpor o Tejo em obra tem dúvida, grandiosa em todos os tempos e a maior dos nossos dias; que se mostram ao menos iguais às do há um século na estruturação em novo Código das normas do direito civil; as gerações que engrandeceram a Nação, tornando-a mais próspera, e defenderam a sua unidade, tornando-a mais sólida; essas gerações, trabalhando, lutando, sofrendo, se não devem ambicionar louvores, têm legitimo direito a que se lhes permita afirmar terem cumprido o seu dever. E se tiver de concluir-se que os princípios morais e políticos que professam foram havidos na ordem que usufruímos e no progresso de que as atuíras gerações gozarão mais do que nós, pode ser que ainda aqui tenhamos contribuído para reabilitar dois conceitos envilecidos - o da política e do Governo - que, ao menos entre nós, o povo tem tendência a não prezar, pelos muitos enganos que em seu no me se lhe têm servido. E se, por fim, à volta das estruturas sociais que esses princípios permitiram criar, se fortalecer a unidade e solidariedade dos Portugueses, ter-se-á atingido o que há de essencial à obra que têm do prosseguir em comum. Assim a Providência abençoe e jaca frutificar este trabalho.

A assistência, de pé, aplaudiu calorosamente a mensagem presidencial e aclamou o Chefe do Estado, o Sr. Presidente do Conselho e a Pátria.

O Sr. Presidente da Assembleia Nacional: - Em nome do Chefe do Estado, tem a palavra o Sr. Deputado António Manuel Gonçalves Rapazote, para, em nome das duas Câmaras, responder à mensagem presidencial.

Os grandes problemas que nos são postos na mensagem que acabamos de receber revertem à defesa do território, ao desenvolvimento e integração económica do espaço português, a normalidade, estabilidade e continuidade das instituições, mas todos vêm ordenados a compreensão de uma realidade que nos precede e nos transcende e que a presença do Chefe do Estado testemunha - a intangibilidade da unidade portuguesa.

Colocada a Nação no trágico dilema de ser ou não ser, de continuar a vida ou sofrer profunda viragem na sua história ...,

eu creio que devo situar-me no ângulo das instituições políticas para dominar o valor e o sentido profundo da mensagem, projectando-a, com os nossos anseios mais