veementes, no plano da actividade dos órgãos da Representação Nacional.

Desse ângulo posso verificar se as instituições serão bastante fortes e suficientemente ágeis para suportar as duríssimas provas a que se encontra submetido o agregado nacional; avaliar da sua aptidão para resolver as equações políticas de uma evolução vertiginosa e cósmica; e considerar o comportamento do homem português e da comunidade em que se encontra plasmado e inserido.

Quero fazê-lo sereno como quem medita e determinado como quem está em vigília.

As nossas instituições tradicionais sofreram ventos agrestes de vários quadrantes e resistiram sempre, na sua essencialidade, ao malefício dos temporais.

O material e a fábrica confundem-se com a robustez da nossa comunidade e os alicerces suportam a imortalidade da raça.

Quarenta anos de restauração e de limpeza a fundo - esses que serão solenemente comemorados - puseram à vista o traçado inconfundível das estruturas que A amos al constituem acto da maior transcendência, diálogo que se desenvolve perante a Nação, portas e janelas abertas, interessado mas franco, com a naturalidade e a seriedade das falas familiares.

Creio que nunca terá tido maior ressonância do que nesta hora crucial em que, mercê de Deus, se reúne, no colorido das gentes e no- mais vivo recorte do seu escol do - pensamento e da acção, o Portugal multirracial e pluricontinental que construímos e somos.

Províncias portuguesas de aquém e de além-mar, povos livres, terras taladas e terras cativas, todas recolhem, comovidamente, nesta abertura solene, a palavra do Chefe do Estado.

Do Chefe do Estado revestido de toda a sua autoridade, assente em juramento soleníssimo, autoridade visível, concreta, personalizada.

Os consagrados manipuladores da pobre razão humana que, sufocados pela estreiteza das suas filosofias, sobrecarregaram o povo de tremendas alienações e são capazes de alienar a própria soberania, nunca poderão entender a naturalidade e a humanidade da relação de quem manda e de quem deve obedecer.

Sem o licor capitoso das abstracções, sem a acrobacia dos sofismas, nós nos conformamos com o singelo e claro assentimento do povo, a devoção e a inteireza do governante.

O funcionamento das nossas instituições tem o selo da maturidade política e assenta nesta primeira realidade, que, só por si, assegura a definição de uma verdadeira política nacional, a regularidade da delicada administração de um Estada moderno, a ordem e a unidade portuguesa.

O meu precioso manual de política pura começa por configurar a sede do poder; por indicar o assento da autoridade e da decisão.

Diante do Chefe do Estado estamos, realmente, perante o poder.

Da sua palavra depende a legitimidade do Governo e do Governo - bem o sabemos - o futuro da comunidade nacional.

Esta nota de plenitude, que é da essência do mesmo poder, tem sido enriquecida no contacto permanente do .Chefe do Estado com a Nação, tornando mais forte a sua força e mais consentido o nosso consentimento.

Nem vulgarizado nem divinizado, revestido de prudência política e da experiência humana, o almirante Américo Deus Rodrigues Thomaz não deixa brilhar na sua farda a glória de mandar para nos vincular ao seu admirável exemplo de servir.

Julgo que das nossas instituições políticas se pode dizer quanto o clássico dizia da Língua portuguesa - aconteceu-lhe como os rios que vêm de longe e tomam a cor e o sabor das terras por onde passam.

Com o rodar dos séculos, guardámos a frescura das nascentes, fomos afeiçoando o carácter e os modos, aprendemos a conviver com todas as raças e em todos os climas, trocámos valores culturais e criámos uma consciência tão forte que os traços de fractura só podem verificar-se a golpes de catana e sob a demoníaca excitação das drogas infernais.

A lealdade dá-se bem entre nós, vem de longe e cresceu por toda a parte.

Enriquecendo este cimento precioso com uma boa armadura de autoridade, em jeito de favorecer a realização das formas de liberdade que o nosso engenho e a variedade das circunstâncias solicita e requer, podemos completar, sobre o granito antigo, agora em betão ciclópico, um grandioso edifício que não o haverá parelho no Mundo.

Do Tejo ao Zaire e do Zaire ao rio dos Bons Sinais, abraçando as províncias do Oriente e estendendo a mão amiga para o outro lado do Atlântico - quase ali na outra banda -, a nossa comunidade terá a exacta dimensão da alma lusíada.

E esta especial dimensão, aferida pelos padrões da História, é irreversível e inalterável.

O nosso esforço criador tem um sentido universal, o que vale dizer que nele se contém a unidade na variedade.

Para o preservar, a Nação nunca comungou no processo de corrupção da autoridade; nunca consentiu na deterioração das suas liberdades; sempre guardou e defendeu a terra e as gentes combatendo, sofrendo, rezando.

Desde o Manifesto do Reino de Portugal no qual se declara o direito, causas e modo que teve para eximir-se da obediência ao rei de Castela e tomai a voz de D. João IV» até ao discurso de 12 de Agosto de 1963, onde se declara o direito, causas e modo por que, 300 anos passados, Portugal se havia de eximir à obediência do Governo Universal que abusivamente se pretendeu instalar na O. N. U., a Nação tomou uma só voz.

Quando os estranhos, mascarados de duvidosa legalidade ou adornados de gestos delicados e falas subtis, se