intrometem nos problemas da nossa comunidade desafiam descaradamente a nossa ordem ou afrontam o património formado e conformado no esforçado trabalho de gerações, todo o português, onde quer que tenha descansado das suas aventuras, trocando franciscanamente com seus irmãos o pão e o vinho da tebaida, a alegria de coração e a sabedoria dos costumes, todo o português tomará a voz da autoridade que proclama e defende a sua liberdade e, consequentemente, a autodeterminação que na mesma liberdade se contém.

Estamos bem advertidos das muito graves dificuldades que atravessamos - «quase ao nível da resistência da Nação» - só para que sejam ouvidas e entendidas umas singelas verdades sobre o que somos e o que nós, sobre o que não somos e não queremos.

Estamos bem advertidos das muito graves dificuldades que vivemos só porque ao programa das independências em série, à ilusão dos plebiscitos, queremos substituir «saudável evolução» da nossa comunidade, desta comunidade sacrif icada à defesa do seu direito à vida -«a ser ou não ser» -, curvada sob o peso das grandes desenvolvimento, mas aberta à mais amorável convivência.

Seguros do nosso direito e dos nossos caminhos, «enleio das contradições» que comprometem a verdade e a justiça, não podemos consentir que alguém nos dê lições de liberdade, da autêntica liberdade, dessa que não pode confundir-se com a liberdade planificada.

O Estado Português da índia e a resistência dos naturais constitui a mais clamorosa acusação da refalsada má fé desses pretensos libertadores.

Falemos agora das nossas liberdades, dessas que temos tanto gosto em favorecer e outros tamanho em iludir ou deturpar.

O homem que é capaz deste esforço gigantesco, e conjugando ao mesmo tempo muitos verbos, tem de ritmar, os tempos da acção e os seus íntimos anseios hão-de eleger o que for mais conforme à sua natureza.

Esta primeira escolha entre as muitas apetecidas liberdades é uma primeira limitação.

E, q uando se limita, logo o homem livre afirma a notoriedade de uma determinação, tanto mais discreta quanto mais respeitável.

E assim que cada um de nós conquista, ordenadamente ia a dizer aristocraticamente, as suas liberdades.

O aparelho coercivo do Estado nunca poderá ter a sensibilidade necessária para abarcar a delicadeza e a r anciã do processo desta explosão de liberdades.

A conta e a medida da sua expressão é obra de cação e de cultura.

As soluções legais serão sempre grosseiras e há-de num outro plano -no da surpreendente e maravilhosa intuição política do nosso povo, há muito desenganado no plano das regras de convivência social, que serão enriquecidas e exaltadas.

A ordem política que servimos tende à eliminação da luta pelo poder, liberta a Nação das toxinas da revolução permanente, inutiliza as fórmulas partidárias, excomungadas pela unidade nacional e já receitadas, por mesmo, em papel timbrado da O. N. U., pelos inimigos da mesma unidade.

Essa ordem política confiou à Assembleia Nacional efectiva fiscalização, no plano constitucional, político administrativo, do exercício dos direitos e das liberdades fundamentais asseguradas aos Portugueses.

Será no salutar exercício dessa actividade e na luta pela limitação do poder que se há-de revelar a vitalidade política da Nação aqui representada, assegurando o crescimento equilibrado e a floração natural das liberdades que favoreçam a plena realização do homem português desde a radiosa promessa da sua generosa juventude.

Se conservarmos a frescura das nascentes e não deixarmos turbar as águas lustrais em que fomos sagrados homens livres, as estruturas serão suficientemente válidas para continuar a garantir a ordem, guardando exemplar compostura e serenidade no desconcerto do Mundo, e terão a agilidade precisa para resistir à análise económica e a teoria das forças globais, resolvendo a nossa equação política de fazer de cada português uma sentinela da Nação.

A mensagem presidencial conjura-nos a estimular, a engrandecer e a sublimar o esforço de uma geração que não dá sinais de cansaço e se inquieta e se consome com os temas de um mundo novo e melhor.

Habitua da a abrir caminho por terrenos difíceis e inçados de emboscadas, a geração mais nova irá ainda mais longe se souber recolher o facho e correr a fundo com a lucidez bastante de não se arriscar a parar por excesso de velocidade.

Sr. Presidente da República: acaba V. Ex.ª de inaugurar a IX Legislatura e a primeira do seu novo e renovado mandato.

Os nossos propósitos convergem na definição das linhas de maior resistência da Nação.

As nossas opções vão fixar-se na defesa do homem que é o próprio limite da mesma resistência.

As nossas ansiedades concentram-se todas no homem português, português inteiro, de todas as latitudes e de todas as raças, que trabalha e sua, que reza e chora, que luta e sangra, noas ainda tem tempo para sonhar ...

... Quero dizer no homem bem ligado à terra para poder captar as ondas do infinito ...

Neste espírito queremos atingir o objectivo clara e precisamente definido na mensagem presidencial - «fortalecer a unidade e a solidariedade dos Portugueses».

Recebida a soleníssima mensagem de V. Ex.º, reconhecidas as balizas da mossa caminhada secular, experimentadas as estruturas que suportam a comunidade nacional, confessados os nossos propósitos, as nossas opções e as nossas ansiedades, permita-me, Sr. Presidente, que termine prestando uma singela homenagem a quem olhou as estrelas, marcou o rumo, segurou o leme e continua ... aguentando as tempestades tropicais.

Estamos todos a vê-lo, firme, na proa da Europa.

Entendo que já não podemos discuti-lo nem reclamá-lo - «a reputação começa no ruído; a glória, no silêncio».

O orador foi vibrantemente aplaudido.

Terminado o discutia do Sr. Deputado Gonçalves Rapazote, o Sr. Presidente da Assembleia Nacional disse:

Em nome de S. Ex.ª o Presidente da República, declaro inaugurada a IX Legislatura da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa. E, ainda em nome de S. Ex.ª, declaro encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 25 minutos.