Se não houve resistência, se não se feriram combates, não foi porque tivesse amolecido a rija têmpera da nossa gente, mas apenas porque era geral a convicção da necessidade impreterível de criar as condições de uma vida em que respirássemos mais fundo e recuperássemos a plenitude do sentido de grandeza.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Celebramos essa revolução sem mortos, como símbolo da essencial concórdia dos Portugueses, que, apenas toldada de início por trágicos equívocos, viria a ser a base de quanto se realizou ao longo dos 40 anos decorridos.

Não tardaria que a revolução em marcha encontrasse o seu chefe e que entre este e o povo se estabelecesse aquela atmosfera de confiança mútua e de calorosa fraternidade em que nasceu e se manteve pelo tempo fora a mais preciosa das colaborações. Foi esse encontro que tornou possível a obra do Regime e o próprio Regime, que deu corpo às mais nobres ansiedades e respondeu em todos os momentos às exigências das situações.

A restauração das nossas finanças foi o produto simultâneo da inteligência e da vontade de um homem aliadas ao civismo de um povo que exemplarmente se curvou perante a lei do sacrifício.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O esforço de desenvolvimento da nossa economia foi a afirmação desse mesmo profundo entendimento, da favorável conjunção entre a energia criadora de um homem e o labor da colectividade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A paz social, que tornou possível o progresso na conquista do. relativo desafogo, a estipulação de regras de justiça, a garantia da segurança dos trabalhadores, através da construção do sistema corporativo, foi também produto dessa colaboração, porque só pedia ser viável no entusiasmo e na fé.

Toda essa obra de grandiosas proporções não seria realidade se a Revolução não houvesse atingido a sua expressão constitucional e se perpetuassem as lutas das facções de que todos guardámos triste memória.

Ao parlamentarismo e aos dissídios partidários, à instabilidade dos governos e à descontinuidade da acção governativa sucedeu um regime novo, que restabeleceria a unidade moral do? Portugueses e suscitaria uma nova fórmula de equilíbrio, garantindo as liberdades fundamentais e o prestígio da autoridade. À sombra das novas instituições que asseguravam o respeito dos direitos humanos e o reconhecimento do bem comum, ao mesmo tempo que permitiam a expansão da ini ciativa e nos reintegravam na moral tradicional, iria proceder-se à reconstrução que se tornara urgente.

Comemorar Q 28 de Maio é reviver tudo isto, as árduas tareias e os pesados sacrifícios e auscultar a comunhão da grei, que tão plenamente se afirmou e tão fundamente se radicou.

O sentido político das realizações destes 40 anos desprende-se, espontaneamente, naturalmente, da meditação destas verdades primeiras. O que se fez foi a obra de um povo, mas também a de um Regime e a de um homem.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Desde que exista este acordo e se cumpra de inteira boa fé, o Congresso fará trabalho útil. Em primeiro lugar, na medida em que constitua um terreno de conciliação e de concórdia. Em segundo lugar, na extensão em que resultar no acréscimo das virtualidades da doutrina de salvação nacional. Em terceiro lugar, porque dele emanarão sugestões úteis e até críticas fundadas.

Há pouco mais de um ano Salazar dizia-nos que estávamos num momento crucial da vida «política portuguesa e que se não podia «fugir a opções delicadas e, embora não forçosamente a revisões, à reflexão ponderada no Regime em vigor».

Estas palavras têm parai a União Nacional o sentido de uma chamada. Ela não deixará de prestar o seu depoimento e não deixará escapar o ensejo) de revitalizar o seu corpo e reforçar as suas fileiras.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nesta hora em que os soldados, os marinheiros e os aviadores de Portugal combatem para defender as fronteiras de África, nenhum nacionalista deixará de dar conta das suas responsabilidades, do seu dever de cooperação, da obrigatoriedade de responder ao apelo que a todos é dirigido.

A retaguarda tem de ser digna da frente; os vivos, dignos dos seus mortos. E cada um de nós lhes deve, como primeira homenagem, o contributo do seu esforço para que se não perca a grande lição de energia e de coragem que eles nos deram.

E sobre as sepulturas dos que tombam nas batalhas que crescem anais viçosas as searas da esperança.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sousa Rosal: - Sr. Presidente: Propõe-se o País festejar a passagem do quadragésimo ano da Revolução Nacional com o relevo que merece a sua árdua e feliz caminhada a bem da Nação.

O programa das comemorações foi dado a conhecer em conferência de imprensa pelo presidente das comissões encarregadas de as dirigir e executar.

Serão evidenciadas as conquistas que ilustram a vida material, cultural e educativa do Regime e afirmado o viço que o amima.