Não haverá canto de Portugal onde não haja um facto a assinalar e uma palavra de louvor a proferir.

Anuncia-se a colocação de novos marcos pelos caminhos da redenção e alguns se agigantarão tomando a expressão de padrões, como esse da ponte sobre o Tejo.

Nesta Câmara, onde a Situação tem encontrado o melhor espírito de colaboração na feitura das leis e na apreciação dos actos do Governo e da Administração, também há palavras a dizer em nome da opinião pública, que tem nesta Casa a sua mais legítima representação e tem sobejos motivos para se associar às manifestações projectadas.

Não é a mim que compete dizer a palavra mais apropriada e autorizada, tão transcendentes são as ilações que a conjuntura convida a tirar de tudo o que se fez para reintegrar Portugal no rumo das suas tradições gloriosas e destino civilizador.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Só por imperativos dos laços que me ligam ao Regime desde sempre sou induzido a fazer um breve depoimento, traduzido em palavras simples, que outra coisa, não é de exigir ao homem comum que sou, mas politicamente sinceras, como é próprio de quem pratica a política sem viver dela.

40 anos na vida de uma nação são ínfimas fracções de segundo no eterno contar do tempo.

Foram, contudo, suficientes para rejuvenescer este velho e heróico Portugal e incutir no ânimo dos seus filhos de várias raças espalhadas pelo Mundo, mas todos portugueses, a consciencialização do seu verdadeiro valor e a noção exacta dos seus deveres.

40 anos na vida daqueles que deram corpo e alma à Revolução, quer contribuindo para o seu eclodir e tomando parte nela, quer servindo-a desde a primeira hora com o melhor da sua inteligência e a mais sentida devoção, só pelo gosto de servir a quem nos serve, são a oferta total e generosa dos mais preciosos e fecundos dons que Deus lhes deu.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Todos podem, em consciência, sentir-se orgulhosos do muito ou pouco que fizeram, e dizer bem alto, sem constrangimento, que valeu a pena dar os arriscados passos que deram, e bendizer o esforço que fizeram, do qual resultou iniludível progresso e acentuada promoção social.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tanto mais que, na generalidade, têm a maior autoridade para o proclamar, porquanto têm sabido e podido gozar de uma independência que muito prezam e posta & prova, tantas vezes, quando defendem aberta e convictamente a pureza e a força dos princípios que informam o Regime e se mostram inconformados com aqueles que os ofendem por impreparação, incúria ou por intemperança.

E com compreensão e sentido de oportunidade que se sublinha uma passagem da notável mensagem de Ano Novo dirigida aos Portugueses pelo supremo magistrado da Nação, que nos lembra que este quadragésimo ano da Revolução Nacional não deverá ser apenas de consagração, mas igualmente de revisão.

O Sr. António Santos da Ganha: - Muito bem!

O Orador: - Consagração de uma obra que a história da administração pública em Portugal mencionará nas suas páginas como sendo das mais brilhantes e férteis.

Revisão para que os factos se harmonizem com os princípios.

Sr. Presidente: Só aqueles a quem Deus deu vida e entendimento bastante para comparar podem avaliar o que a Nação deve ao Regime e à geração que apagou as labaredas de um passado que consumiam em pura perda inteligências e energias preciosas.

Vítimas iludidas de um liberalismo, produto de uma época revolucionária, tumultuosa e cheia de optimismo, que teve os seus sucessos e triunfos nos domínios do social e da economia.

Porém, com perdas graves para a personalidade integral do homem que se julgava um ser completamente livre, vivendo ao arbítrio da sua única vontade e das suas paixões, num jogo de competências sem freio, menosprezando os valores morais e espirituais.

Foi no regaço desta ideologia que se criou o poderoso e desmoralizador capitalismo, que, com a sua livre concorrência e a moral do mais forte, a tem vindo desfigurando e fornecendo aliciantes argumentos para a propaganda do social-comunismo, ateu e apátrida.

O comunismo é o pesadelo mais angustioso do nosso tempo, pelos ardis da sua imaginação maquiavélica.

Os mais diabólicos e perigosos são aqueles que congeminam actualmente os seus altos mentores para transviar o rebanho do Senhor.

Tentam introduzir nele alguns dos seus apaniguados, aparentando e balindo como mansas ovelhas, para iludir os ingénuos e os desprevenidos, eles que, no fundo, são lobos ferozes ensaiados para negar e apagar da memória dos homens as virtudes da Igreja.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os males que o liberalismo produziu entre nós foram profundos e eram velhos de um século.

No político era a guerra civil. No económico era o caos, e no social, a miséria.

Para os debelar, opõe a Revolução uma ordem nova, em que se concilia a lealdade à voz do passado com as exigências do presente.

Como autores e espectadores assistimos ao seu nascimento e temos acompanhado a sua maturidade, aplaudindo sem reservas o espírito que a anima: promover a solidariedade dos homens e das classes segundo os ensinamentos da moral cristã e enraizar o culto da fidelidade à Pátria e aos seus tradicionais destinos sob a vigilância de um Estado forte e esclarecido.

Sr. Presidente: As comemorações iniciar-se-ão em Braga, no dia 28 de Maio. Compreende-se e aplaude-se que assim seja, porque foi naquela cidade e naquele dia que se soltou o grito de revolta que mais se fez ouvir no desencadear da Revolução.

À atitude da sua guarnição e ao prestígio militar do general Gomes da Costa, que assumiu o seu comando, se deve o êxito do movimento.

Foi de lá que partiu a bola de neve que mais fortemente encorajou os hesitantes, despertou consciências adormecidas e aglutinou vontades.

Bola de neve que se desfez em Lisboa, no vácuo dos órgãos políticos da soberania, não para ser governo, mas para dar ao Poder a mais leal colaboração, garantindo as condições indispensáveis para se trabalhar em paz e acerto.

Esta atitude de isenção política do Exército nunca será de mais referi-la, porque, se foi capital no alvorecer da Revolução, tem sido essencial no decorrer do tempo.