o Regime além de respeitado seja também admirado e querido pelos seus títulos de nobreza, que bem se podem consubstanciar na de visa: «Ajustar para unir e unir para ajudar».

É a espiritualidade que dela lhe advém que ambienta o contexto do Estado Novo. Nele o que mais se impõe, mais seduz e o faz diferente é a sua concepção corporativa.

O Estado Novo ou é verdadeiramente corporativo ou não passará à história como frutuosa inovação política.

Neste quadragésimo ano da Revolução Nacional se fechará a sua cúpula, que por uma série de circunstâncias de natureza interna e externa foi retardada por tanto tempo.

Apesar de tudo, temos de confessar que na sua marcha prudente podíamos ter ido mais alto e mais longe na disciplina da riqueza e na audiência às realidades sociais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - As maiores culpas cabem à insuficiente doutrinação e excessiva burocratização.

A organização corporativa, na estrutura da Nação, agiganta-se com potente vigor físico, mas caminha como corpo sem alma.

São grandes os benefícios que tem espalhado, mas que não são estimados suficientemente, porque não tocam o entendimento daqueles a quem aproveitam e o coração daqueles que auxiliam.

A sua prática dá, por vezes, a impressão de favor e até de esmola, quando é justiça que se faz.

A organização corporativa não será compreendida nem apreciada nos seus mais significativos aspectos, apenas por via da sua construção jurídica e dispositivo e actuação burocrática.

Aos empresários e trabalhadores tem de ser dada maior audiência, para que a sintam como sendo coisa sua, já que vive do contributo, do seu esforço e existe para seu bem.

O ideal corporativo que passa a influenciar de alto a baixo, com a criação das ultimas corporações, todos os ramos da s actividades nacionais não pode viver à margem da acção política.

Os organismos corporativos são constitucionalmente elementos da política que instituímos.

Consequentemente, não pode o espírito corporativo estar ausente do pensamento dos homens responsáveis pelo exercício dessa política.

Política que não se apoia em partido político, mas que existe.

Tem um corpo de doutrina e um chefe prestigioso responsável pela sua direcção. Porém, para que seja uma força ao serviço dessa política, que não permite a luta para a conquista do poder e considera o Estado como uma empresa ao serviço do bem público, não basta sermos muitos e alguns de qualidade.

É também necessário estarmos preparados para agir como se fôssemos um só, em todas as contingências que o destino nos ofereça.

Temos dedicado ao económico o melhor do nosso tempo, esquecidos de que o económico não é um fim político, mas sim um instrumento da política.

Não temos dado cuidada atenção à formação de homens para habitar o Estado Novo, de modo a fazê-lo ciente da medida em que este satisfaz os seus ancestrais e naturais anseios, de liberdade e de dignidade.

Estado Novo prenhe de apaixonante ideal, mas vazio de homens que o encarnem e pratiquem com alma de apóstolo, para que conquiste as inteligências e se instale nos corações.

O homem, escravo e emocional, é elemento primacial de toda a construção. Ela será o que ele for, qualquer que seja a sua arquitectura.

No cuidado a ter com a educação da juventude está o contributo mais sério da sua preparação e condução na vida.

O tema - «O Homem e o Regime» - que sugere as considerações que estou prestes a terminar tem sido abordado muitas vezes nesta Câmara com a importância e o carinho que merece.

Volta agora novamente às preocupações da Câmara, graças ao aviso prévio que ontem apresentou, com oportunidade, inteligência e coragem cívica, o nosso distinto colega Braamcamp Sobral.

O seu debate iluminará os caminhos em que se possa caminhar com segurança para continuar o futuro.

É para continuar o futuro e consagrar o passado que somos convidados pelo programa das manifestações organizadas para comemorar a passagem do quadragésimo ano da Revolução.

Para bem consagrar o passado e continuar o futuro temos de preparar o presente.

Para desempenho desta imprescindível missão devemos procurar no saber da experiência feita a razão dos nossos êxitos e insucessos.

Consagrar e rever é, na verdade, a palavra de ordem que a conjuntura política nos aconselha, para continuar Portugal no seu rumo cristão e ecuménico.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Gonçalo Mesquitela: - Sr. Presidente: Pedi a palavra para, como ultramarino e como homem pertencente à geração já inteiramente educada pelo regime que nasceu do 28 de Maio, me associar às afirmações hoje aqui feitas pelos ilustres Deputados que me antecederam.

Citei duas circunstâncias que me obrigam a pronunciar. Nascido pouco antes da data em que o vigoroso basta do Exército permitiu ao País reencontrar as suas grandes linhas mestras de acção e de pensamento, pertenço a uma camada portuguesa para quem a balbúrdia anterior é tema de séria meditação, mas não foi por nós vivida nem sofrida. Por isso mesmo sou de uma geração que se fez adulta sem sentir a «apagada e VII tristeza» a que tiveram de resistir as anteriores, quando o «nacional» era sinónimo de imperfeito, de impotente, de menos respeitado.

Nós devemos ao Regime a confiança dos destinos de Portugal, a certeza de que, dentro dos limites que a geografia e a economia nos impõem, somos senhores do nosso destino e que esse não é de subordinação a interesses estranhos ou ideologias que nos repugnam. A ele devemos ainda a segurança de que, apesar das limitações apontadas, desde que exista entre os portugueses a união no essencial, a nossa razão moral é tão forte que, mesmo sós, a conseguimos defender.

Em síntese: os homens de hoje, educados na vivência do Estado Novo, devem-lhe a forte confiança com que encaram o futuro da Pátria, porque o nosso presente foi digno, viril, conduzido por uma doutrina que vai haurir a sua seiva ao mais autêntico filão da portugalidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!