Quando muitas, vezes em nossas leituras se nos deparam os retratos de varões ilustres, com referência às qualidades que os tornaram dignos da História, acontece-nos não raro evocarmos a figura de .Salazar.

Sóbrio, sábio, justo e forte - quem o não identifica, quem o não reconhece, quem o não reverencia, neste retraio de virtudes? 1 E figura da História, sobrepujando e definindo uma época. Mas é também um príncipe na plena, na justíssima, na perfeita intimidade do conceito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não é aventureiro do Poder, porque se identifica cem as coordenadas históricas da Nação, e a elas submete o seu Governo; não é avaro de honrarias, que sempre desdenhou; não é prepotente, porque é justo; nem é covarde, porque interpreta a coragem da Nação e lhe é fiel. E, sobretudo, é sábio: sábio daquela sabedoria que bebe nas raízes da nossa experiência nacional, se refaz na plena consciência do mando e seus deveres e recolhe aquela seiva pura e cristalina do homem bom da nossa terra e da nossa gente.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não nos lembra bem onde, mas lemos algures, em género de remoque idiota, que nesta época em que os estadistas viajam e corram mundo o Sr. Doutor Salazar se remete a um isolamento e a uma ausência de convívio estranhos). Faz ele muito bem!

Num mundo destes em nada adianta conhecerem-se os políticos andarilhos, que, como homens sem eira nem beira, podem dar-se o luxo de calcorrear caminhos estranhos em viagens inúteis. Por outro lado, não se vêem as vantagens de semelhantes caminhadas turísticas na precariedade de governantes a dias - que o voto criou para perder o Ocidente. Hoje não há governos, e sim assalariados de governo; não há negócios nem pactos válidos, porque as partes contratantes deixaram de ser os Estados -permanentes e estáveis na sua configuração jurídica- para serem contratantes fantasmas, espécie de mulheres a dias do Poder, irresponsáveis e incapazes de assumir obrigações duráveis.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não há maiores problemas no Mundo, Sr. Presidente. Por maior que o Mundo seja, por muito que a astronáutica espante as multidões, por mais que a economia internacionalizada nos queira deslumbrar com terminologias e técnicas insólitas - nada é novo, nada ultrapassa os> limites do, homem. E o homem será eternamente o mesmo: seja o labrego humilde do meu Alto Minho; o serrano de Bragança; ou o congeminador abstruso do departamento de Estado; ou a velha raposa de Pequim; ou os insubmissos saltimbancos das palhaçadas internacionais, que oferecem aos amigos presidências de repúblicas como quem oferece cinzeiros de metal ou campainhas reluzentes furtadas sub-reptlciamente no Parlamenta.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E que por mais que nos- falem nos grandes espaços e nas grandes conquistas há-de haver sempre «uma mulher com fome ou uma criança que chora de frio» (Salazar, prefácio de O Homem e A Sua Obra, de António Ferro). Antes recuperava as forças pousando na terra e perdia-as quando da terra se afastava.

Nas horas mais graves, como nos mais alevantados momentos, Salazar tem estado connosco. Poupou-nos a várias tormentas sangrentas, que se despenharam sobre a Península e sobre o Mundo nestas décadas do seu Governo. Hoje dirige, comanda, é o tenaz aval da nossa resistência que nos obriga à luta e à guerra.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A sua fé, a sua lucidez, o seu destemer, ainda uma vez foram postos à prova na tremenda batalha de África. Quando a vaga mais alterosa já passou e se desfez em espuma; quando as nuvens mais sombrias se alongam no horizonte; quando o raiar da verdade é como o Sol a abrir depois da procela; quando o estrangeiro começa a demonstrar a sua compreensão pelo caso português, e quando os nossos inimigos vão quebrando de ímpeto - a vitória é mais visível e mais uma vez se prova que Salazar soube pôr o tempo ao seu serviço.

Voltamos aos nossos tratadistas. Diogo Lopes Rebelo, no seu De República Gubernanda per Regem, outro livro de ensinança de príncipes), escrevia, ao defender a paz:

Mas se não se puder manter a paz senão com vergonha e nota de infâmia, então é mais conveniente ao rei a guerra do que a paz. Nessa altura há que travar combate e preferir a morte à escravidão.

E depois:

E melhor (para um militar morrer numa guerra justa do que fugir ignominiosamente e viver com tal nota de infâmia e de torpeza. (Lisboa, 1951, p. 143).

Sr. Presidente: Vou permitir-me utilizar a imagem de que num escrito meu algures me servi: nem por ser bizarra ela é menos oportuna.

Quando acontece encontrarmos em alguma cerimónia ou casamento pessoas que levam fraque, notaremos que a uns tantos, geralmente aos homens de meia idade, ele nem sempre se ajusta muito bem, fica um tanto ou quanto apertado. E o elogio que soem fazer ao seu trajo não se dirige propriamente ao tecido nem ao corte, mais ou menos elegante, e sim ao tempo de duração:

Fi-Lo para o meu casamento.

Pois este fato que nós, portugueses, vestimos, este fraque da Revolução Nacional, fizemo-lo há 40 anos - e ainda dura. Consagramos-lhe afeição muito particular, pois vestimo-lo, a primeira vez, numas bodas da Nação com a ordem. 40 anos. E se nos disserem que o trajo começa a apertar-nos, responderemos, parafraseando D. José Maria Pemán, autor da imagem:

Está apertado, porque Portugal, entretanto, engordou.