vidos cinco anos sobre o início de tão tristes acontecimentos, e embora a guerra fosse ardilosamente urdida e se estendesse a outros territórios da Nação, nós continuamos em Angola, como continuamos em todos os territórios onde flutua a bandeira sagrada da Pátria.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: Isto significa que não perdemos uma única das virtudes ancestrais e que o Regime que nos rege sabe orientar os destinos nacionais, pois que é bem de ver que, quiçá mais do que há cinco anos, nos encontramos coesos, unidos, mais conscientes do valor que possuímos e também da excelência e nobreza dos valores pelos quais combatemos.
E esta, Sr. Presidente, uma hora de recolhimento, mas igualmente uma hora de exaltação patriótica. E no ano em que comemoramos 40 anos de existência da Revolução Nacional tudo assume um aspecto, uma relevância excepcionais. Por isso, formulo votos para que o Regime se mantenha e para que todos nós jamais nos esqueçamos de que o soldado que combate na frente precisa de apoio da retaguarda e para que ele nunca sinta a retaguarda vacilar, a governação vacilante nos princípios que constituem o fulcro da sua existência.
Tenho dito.
Vozes: -Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Braamcamp Sobral: - Sr. Presidente: Decorreram cinco anos sobre o dia em que Portugal acordou sobressaltado com as dramáticas notícias, que não se esquecem, do ataque dos terroristas em Angola.
A indignação dos Portugueses foi geral e cresceu à medida que se foram conhecendo os pormenores da tragédia e que se foram identificando as verdadeiras origens da guerra que se lançou contra nós, e bem assim dos seus orientadores e financiadores.
O Governo Português, em face da grave situação criada, nem sequer teve que enfrentar as dificuldades da escolha de uma decisão, porque desde logo se apercebeu que havia uma só, e essa era naturalmente repelir pelas armas os invasores e defender a integridade da Pátria.
Adeptos e adversários do actual regime político não hesitaram em ratificar e aplaudir tal decisão, irmanados num são patriotismo, desconcertando os derrotistas, que, dentro e fora das nossas fronteiras, ingenuamente esperavam e, criminosamente, desejavam ver o País dividido.
Firme na sua resolução e apoiado pela Nação, o Governo tem sabido felizmente encontrar desde então os recursos necessários à manutenção nas nossas províncias ultramarinas das forças armadas incumbidas de nos defenderem das forças invasoras.
E têm sabido cumprir, e por vezes com notável heroicidade, o mandato recebido.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Primeiro em Angola, depois na Guiné e em Moçambique, os terroristas têm assim encontrado na sua frente o decidido e valoroso soldado português, que não recua nunca perante o perigo, se dispõe sempre que necessário a morrer pela Pátria e não aceita como final possível da sua luta outro que não seja a vitória.
Yozes: -Muito bem!
O Orador: - O soldado português é assim há mais de oito séculos e será sempre.
E hoje, como em muitas outras ocasiões da nossa história, ele sabe que combate por uma causa justa e que tem a seu lado a razão. Pode pois contar com a protecção divina.
Por isso estamos e continuamos em África, como estamos e continuamos nas outras quatro partes do Mundo. Mesmo no Indostão, a União Indiana sabe tão bem como nós que estamos e fica-mos.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Puderam ocupar, mas não puderam, nem podem, expulsar a alma portuguesa das nossas terras de Goa, Damão e Diu.
Penso, porém, e já manifestei publicamente noutras ocasiões esta minha apreensão, que a Nação Portuguesa se não tem apercebido do enorme esforço da guerra que se está desenvolvendo e da extraordinária actuação das nossas forças armadas no ultramar. Sente a guerra, mas não vive a guerra.
A vida portuguesas fora das zonas de combate não revela pelo menos o espírito de renúncia e sacrifício que cada um de nós devia impor a si próprio nas circunstâncias especialmente difíceis que o País vem atravessando.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Ora, se temos orgulho, e temo-lo efectivamente, na forma como se têm comportado em combate as nossas forças armadas, devemos constituir uma retaguarda digna em todo o sentido daquele comportamento exemplar.
Para tal é necessário que nos mentalizemos de que estamos todos efectivamente em guerra, e só uma permanente e actualizada informação da sua evolução torna possível esta mentalização.
É particularmente importante o papel a desempenhar pela imprensa neste sentido, e creio bem que devemos lastimar a não existência permanente de correspondentes de guerra nas zonas onde se desenvolve a luta contra os terroristas.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Só eles sabem e podem desenvolver e esclarecer as indicações forçosamente sintéticas dos comunicados oficiais, que, aliás também não são em número suficiente.
Felizmente alguns dos nossos jornais têm procurado relatar-nos as principais operações de guerra e os mais dignificantes feitos dos nossos heróis, alguns dos quais por suas obras valorosas se foram da lei da morte libertando.
E, sem desejar de alguma forma diminuir o valor de semelhantes iniciativas de outros dignos profissionais da imprensa, entendo que é merecida uma palavra especial de louvor para Martinho Simões pela clara e objectiva série de reportagens que nos ofereceu nas colunas do Diário de Noticias nos passados meses de Janeiro e Fevereiro.
Este consciencioso repórter mostrou realmente ter entendido o que o seu jornal lhe pediu e transmitiu-nos com fidelidade a impressão que lhe causou o descarado