Parecer da comissão encarregada de apreciar as contas públicas
(Artigo 91.º da Constituição)
Não pode haver pessimismo sobre os destinos do País guando se examinam e têm em conta a força e a abnegação do povo português. Mas pode havê-lo quando se analisa o estado da sua economia.
Com efeito, no momento actual, as energias nacionais, - firmadas em qualidades - e aptidões humanas, conseguiram enfrentar uma grave crise nas províncias ultramarinas e ajuntar, ao mesmo tempo, às necessidades impostas- pela guerra em África, um suplemento de recursos financeiros com o seu trabalho em terras estranhas, e um esforço meritório já a produzir resultados no aproveitamento de condições climáticas e de beleza natural de zonas dentro do seu território.
Se a economia nacional não tomou o desenvolvimento exigido pelos consumos e pelas condições políticas internas externas, não se devem atribuir as falhas a qualidades humanas, mas antes a defeitos de organização e talvez lê uma mentalidade que se não adaptou aos tempos modernos. É para essas falhas e defeitos que o parecer tem chamado a atenção de todos.
As receitas, os investimentos e os recursos
Ora umas e outros decorrem da actividade económica: as primeiras são uma porcentagem do produto nacional bruto ou líquido, que todos os anos se calcula nestes pareceres, e os segundos representam, ou podem representar, resíduos dos consumos, o que sobra dos consumos.
Encarar receitas e despesas públicas sem procurar, por inquérito cuidadoso, as causas do seu atraso ou do seu desenvolvimento, da sua abundância ou da sua pouquidão, e mencionar investimentos sem investigar sobre o seu custo, origem e aplicação, é alinhar um acervo de cifras, amontoadas em quadros ou tabelas, sem vida, inertes, que nada dizem e nada exprimem.
As receitas públicas são a tradução por certa percentagem das actividades do agregado nacional. E preciso, para as compreender, inquirir sobre o que é essa actividade, como se comporta, quais os recursos susceptíveis