a evolução do produto nacional em idêntico período, ou seja desde 1960.

Utilizar-se-ão para o efeito as cifras do produto interno bruto, a preços constantes referidos a 1958. Este produto passou de 62 483 000 contos em 1960 para 80 274 000 contos em 1964.

Considerando o valor de 1960 igual a 100, o índice de 1964 atinge 128,4. A média do aumento anual foi muito melhorada pela subida da do produto interno bruto em 1964, que se fixou em 5 186 000 contos, mais cerca de 6,9 por cento, em relação a 1963. Foram, deste modo, compensadas menores percentagens de aumento em anos anteriores.

Para as actuais necessidades da economia, e tendo em conta os consumos, a média é baixa; a taxa de aumento precisa de ser acelerada.

Uma vista rápida à composição do produto nacional revela logo a causa que impede mais rápido progresso.

Considerar-se-ão apenas as três posições fundamentais: a agricultura e a pecuária, incluindo a silvicultura, a caça e a pesca; as indústrias transformadoras, de construção e extractivas, e a energia eléctrica e serviços (electricidade, gás e água, transportes e comunicações, comércio por grosso e a retalho, organismos de crédito e seguros, casas de habitação, administração pública e defesa, serviços de saúde e educação e outros serviços).

Às vezes as cifras são mais eloquentes do que as palavras quando traduzidas em percentagens, e as que seguem exprimem a agonia de uma das posições:

O contributo da terra e da pesca em percentagem sobre o total do produto interno diminuiu de 25,7 para 21,3; o das indústrias aumentou de 5,1 por cento, e os serviços, contra toda a expectativa, diminuíram o seu valor em 0,7 por cento. Foram as, indústrias transformadoras e da construção - as extractivas estão em crise - que ampararam a subida do produto desde 1960.

Na cifra sob a rubrica «Agricultura» incluem-se a silvicultura, a pesca, a pecuária e a caça. Considerando apenas a agricultura e pecuária (excluindo pesca e silvicultura), as percentagens ainda são mais expressivas. Denotam um mal tão grande que se é levado às vezes a duvidar dos números.

Com efeito, a percentagem da comparticipação da agricultura e pecuária no produto interno bruto desceu de 20 em 1960 para 16,5 em 1964.

Poderá talvez argumentar-se com as condições agrícolas desfavoráveis em 1964. Mas as percentagens de anos anteriores confirmam a gradual decadência do produto agrícola: 18,5, 19,5, 18,4 e 16,5, respectivamente em 1961, 1962, 1963 e 1964. A continuar neste ritmo o comportamento do produto agrícola, dentro em pouco, será quase uma recordação do passado.

Também não satisfazem os valores da silvicultura num país de grandes aptidões florestais. Com efeito, a comparticipação da silvicultura no produto nacional desceu de 4,4 por cento em 1960 para 4, 3,7, 3.9 e 3.7. respectivamente em 1961, 1962, 1963 e 1964.

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A certeza da modéstia da agricultura, pecuária e silvicultura no produto interno talvez estimule as forças que podem influir na melhoria das actuais condições.

E caso para dizer como o velho Horácio nas Epístolas: Paupertas impulit audax. E, na verdade, a pobreza da agricultura está a necessitar de audácia.

Talvez haja gente de mais a imiscuir-se nos problemas da terra, e organização e técnica a menos. E vê-se nas contas do Ministério da Economia que a comparticipação nas suas despesas do sector agrícola sobreleva por muitos os outros sectores. Temos assim uma evolução sem aparato no produto nacional, aquém das necessidades do momento presente, num país de baixos consumos. Tudo indica ser preciso melhorar a taxa de aumento.

A melhoria tem de alargar-se a. todos os sectores e em especial à agricultura. Sem pretender equiparar-se no crescimento à indústria, a sua contribuição precisa de enfrentar os consumos que naturalmente derivam da expansão industrial. A não ser assim, lá estará a balança do comércio e a balança de pagamentos a desequilibrarem-se por importações maciças de produtos alimentares e a população agrícola, com pequenos incentivos e baixos consumos, a dificultar a subida no produto - até no caso, como está a acontecer, do abandono da terra. Em certos casos, em especial naqueles em que é impossível mecanização económica, esse abandono reduz ainda mais o contributo de alguns sectores agrícolas para o produto nacional.

Paupcrtas impulit audax. Será a pobreza um estimulante para cometimentos audaciosos, num país de tão arraigado individualismo? Estarão os sectores agrícolas e a técnica preparados para remediar os males da pobreza?

Problemas de desenvolvimento regional E um lugar comum dizer que a civilização nasceu nos vales dos rios.

.As escavações e outros inquéritos prosseguidos quase incessantemente há mais de um século e intensificados nos últimos 40 anos vieram confirmar a importância do Tigre e do Eufrates, do Nilo e do Indo no despertar de civilizações pré-históricas. Foi lá que brotaram os impulsos para o desenvolvimento cultural e económico da humanidade.

Mas os exemplos modernos, ainda recentes alguns, da civilização industrial nos vales dos rios europeus e americanos, como o Reno, o Danúbio, o Ródano, o Rur, o Tamisa, o Sena, o Vistula, o Volga e tantos outros na Europa e o S. Lourenço, Mississipi, Tenessi, Colorado e mais na América do Norte, mostram a influência considerável dos cursos de água no progresso de zonas afastadas ou até próximas dos oceanos.

São vias de comunicação, produtores de vastas quantidades de energia, distribuidores de água para rega, indústrias e usos domésticos, amortecedores de cheias e de climas ásperos. Dominados, oferecem panoramas de grande beleza, que constituem a base de turismo rico, duradouro e estável, no Reno, no Danúbio, no Colorado, no Não e em outros cursos de água.

Acontecimentos que perturbaram o seu aproveitamento em termos utilitários, como aconteceu nos rios da Mesopotâmia e nalguns troços do Nilo em certas épocas históricas, produziram a ruína e até o desaparecimento de sociedades em evolução e transformaram vastas zonas prósperas em desertas inóspitos.