atingidos entre nós, há muito deixaria de se verificar em países desenvolvidos.

Movimento de fronteiras O movimento de fronteiras engloba, nas estatísticas demográficas, o movimento geral de passageiros, o de passageiros com o ultramar por via marítima e a emigração.

O movimento geral de passageiros é o que serve de base para a determinação dos saldos líquidos, sendo constituído pelas somas das entradas o das saídas de passageiros através das fronteiras metropolitanas, qualquer que seja a sua origem, destino e maio de transporte.

Este movimento triplicou em sete anos devido à rápida expansão do turismo, sobretudo dos estrangeiros em visita a ]Portugal, os quais representam agora cerca do dobro do movimento fronteiriço de portugueses - quando é certo que ainda em 1962 o seu número era inferior àquele movimento.

A diferença entre 1628 000 de saídas e 1 580 000 de entradas traduz-se por um saldo migratório de cerca de 42000. Englobados no movimento geral de passageiros, encontram-se os dois movimentos restantes, cuja análise se reveste de particular interesse: o dos passageiros, cuja proveniência ou destino é o ultramar, e o dos emigrantes propriamente ditos, isto é, dos que possuem passaportes de emigrante.

Quanto aos primeiros, apenas tem significado a observação dos números respeitantes a Angola e Moçambique, já que com as restantes províncias o movimento é muito reduzido; exceptuando Cabo Verde, pode quase dizer-se que tal movimento carece de significado. Assinale-se, no entanto, que apenas se incluem nesta estatística os passageiros que utilizam navios nacionais. Ficam fora dela, nomeadamente, os que são transportados por via aérea, número que é já hoje muito elevado. É, necessário corrigir esta falta.

O quadro seguinte revela que os saldos migratórios com Angola o Moçambique excederam o saldo total com o ultramar, tanto em 1964 como em quase todos os restantes anos indicados.

Saldos migratórios (via marítima)

Moçambique

Saldo total com o ultramar

O saldo com Moçambique, em 1964 pode considerar-se normal, em comparação com os anos anteriores, embora sem ter ainda retomado o nível a que chegara em 1960.

Em comparação, divergiu muito do ano antecedente o saldo verificado com Angola: 8286 contra 4827. A nova cifra aproxima-se das maiores registadas anteriormente a 1960. Mas só o movimento dos próximos, anos poderá confirmar se se trata de uma oscilação ocasional, da relacionada com a irregularidade dos últimos anos, ou se, pelo contrário, representa o retorno de corrente migratória normal para aquela província. Finalmente, a emigração sugere algumas observações especiais, não só acerca do seu quantitativo global, ma" também no que toca à sua distribuição, segundo os países de destino.

Algumas alterações da vulto ocorreram muito recentemente, conforme se pode apreciar no quadro respectivo.

Saldos de emigração

1964

França

Alemanha Ocidental

Venezuela

Estados Unidos da América

Em primeiro lugar, houve um crescimento global extremamente rápido em 1964, depois de uma subida já bastante pronunciada no ano precedente.

Tal crescimento foi devido à emigração para França, cuja cifra, que já duplicara em 1963, duplicou novamente em 1964. 0 saldo da emigração para este país no último ano excedeu o do conjunto da emigração para todos os destinos verificado dois anos antes, respectivamente, 32 687 e 81870.

A outra alteração de vulto deu-se na emigração para o Brasil, que, depois de ter experimentado sucessivas quedas a partir de 1961, baixou bruscamente, de 10 080 em 1963 para 3784 em 1964.

Dos restantes países de destino merece alusão o caso dos Estados Unidos, em que se tem registado recentemente uma descida pronunciada, embora relativamente a valores que podiam considerar-se demasiado elevados para a corrente tradicional com destino àquele país, e o caso da Alemanha Ocidental, que pela primeira vez aparece individualizada nas respectivas estatísticas, com saldo de 38M emigrantes em 1954, figurando, assim, em terceiro lugar.

Não há dúvida, portanto, do que as correntes actuais de emigração portuguesa se orientam na sua maior parte para a Europa: cerca de 70 por canto tiveram esse destino no último ano.

De entre os restantes países, os da América do Sul absorvem maior parcela do que a América do Norte, mas a diferença não tem de modo algum a importância que possuía ainda há poucos anos.

As afinidades culturais e linguisticas com a América latina - nomeadamente com o Brasil - são afinal subestimadas perante outros valores e condicionalismos que movam de facto o emigrante. Maiores possibilidades de êxito pessoal ou, pelo menos, de uma subsistência menos dura são a contrapartida, procurada pelos que se vêem forçados a abandonar a terra natal.