Dado o grande deficit da balança do comércio, a remessa de escudos metropolitanos auxilia o equilíbrio da balança de pagamentos. E só por este meio se conseguem liquidar as avultadas importações. No quadro a seguir inscrevem-se as receitas extraordinárias durante um longo período de tempo e indica-se a sua origem:

Os problemas suscitados pela situação financeira da província não são fáceis de resolver. Porém, uma vez mais se recomenda o desvio das quantias obtidas por subsídios e empréstimos para fins altamente reprodutivos. Chama-se a atenção para as sugestões feitas em pareceres anteriores.

Receitas totais

23 Contando as receitas extraordinárias, obtêm-se do modo que segue as receitas cobradas em 1964:

A influência das receitas ordinárias nos conjunto diminuiu de 64,7 por cento em 1963 para 60,9 por cento em 1964, apesar do seu aumento. É que neste ano as receitas extraordinárias subiram muito de 38 668 contos para 52 962. Ao tratar das despesas serão averiguadas as causas desta subida. O contínuo aumento de despesas provém em grande parte das ordinárias, porque há grandes oscilações nas extraordinárias quando se examina uma série de anos. Neste último caso, o seu total depende dos planos de obras ou até dos pagamentos realizados por conta de anos anteriores. Mas onde realmente se manifesta um contínuo aumento é nas despesas ordinárias, que tem a sua justificação, e não é ainda o que devia ser, dadas as necessidades do arquipélago.

Em 1964 as despesas totais foram as que seguem:

No total de 130 172 contos, cerca de 60 por cento pertencem às despesas ordinárias e 40 por cento às extraordinárias. Esta última percentagem é muito elevada e por si só mostra a situação financeira da província. Em 1964 gastaram-se mais 24 982 contos do que em 1963 e a cifra total despendida ultrapassou a de 1962, que fora alta (128 589 contos). Não se pode dizer que o aumento das despesas ordinárias tivesse atingido cifra anormal. Pelo contrário. Surpreende o pequeno aumento num longo espaço de tempo.

Em 1938 as despesas ordinárias elevavam-se a 17 265 contos. Mais de um quarto de século depois, e apesar da grande desvalorização na moeda, as despesas ordinárias arredondavam-se em 77 182 contos. O índice, na base de 1938 = 100, pouco passava de 440. Este resultado é único no ultramar português e provém exactamente das condições peculiares do arquipélago em matéria de rendimentos, que impedem cobranças mais avultadas.

Ainda há oito anos, em 1956, as despesas ordinárias mal ultrapassavam os 42 000 contos.

Baixas despesas ordinárias têm influência angustiosa em certos aspectos da vida provincial. Mas o círculo vicioso da falta de receitas torna impossível um desenvolvimento mais progressivo das despesas ordinárias.

Adiante publica-se um quadro com o movimento das despesas ordinárias: