Mas o exame pormenorizado das cifras na produção e no comércio externo e o dos elementos financeiros revela sintomas de incertezas, que serão estudados mais adiante.
Pode, porém, afirmar-se que Angola acelerou o passo no seu desenvolvimento económico, quer no aperfeiçoamento de infra-estruturas indispensáveis a mais intensa actividade que já se desenha num futuro próximo, quer ainda no que diz respeito a aspectos de natureza social relacionados com a higiene, a saúde e instrução elementar, média e superior.
Com melhor conhecimento das potencialidades económicas do território e mais ampla interferência das populações mais evoluídas é natural que os consumos se desenvolvam muito nos próximos anos.
Faltam elementos definitivos e completos para estabelecer um resumo, ainda que aproximado, do produto nacional. Mas os elementos à vista permitem conjecturar que o crescimento económico em 1964 é bastante superior ao que se poderia considerar normal. E uma análise sumária da economia de alguns países vizinhos sugere que o crescimento em Angola se lhes avantajou também neste aspecto.
Em primeiro lugar, nos dias que vão passando e tendo em conta realidades sociais derivadas da própria situação de países subevoluídos, o investimento nasce no exterior sob a forma de empréstimo e de subsídios reembolsáveis no sector público ou de absorção de capitais através de empresas agrícolas ou industriais no sector privado. Em qualquer caso, um investimento público implica reembolso e o capital requer remuneração. As inversões financeiras, hoje indispensáveis no progresso económico, criam responsabilidades em prazos variáveis, conforme as características que as dominam - a curto, médio ou longo prazo. E como a origem das inversões é exterior, há transferências de reembolsos e remunerações que avolumam as responsabilidades cambiais no futuro.
Deste modo, o estudo de empresas reprodutivas e a utilização dos investimentos nessas empresas aparecem como condição fundamental no harmonioso e gradual desenvolvimento económico, e Angola, com grande potencialidade no consumo de investimentos, não deve esquecer este princípio.
Quando se comparam os resultados dos censos de 1950 e 1960, aparecem nítidas melhorias neste último. O aumento foi da ordem dos 700 000 habitantes. A taxa de crescimento não se pode considerar displicente, tendo em conta as condições locais e o clima. Mas os acréscimos foram mais acentuados nas zonas rurais acessíveis e de melhor clima, com uma ou outra excepção. Com população inferior a 100000 só há dois distritos, os de Cabinda e Moçâmedes, situados nos extremos norte e sul da província.
O censo revelou que cerca de 50 por cento da população angolana tem menos de 20 anos, o que dá um carácter jovem à província.
Grande parcela da população é rural, cerca de 4 318 000 habitantes ou perto de 90 por cento (89,38). Os aglomerados urbanos (mais de 2000 habitantes) não contêm além de 10,6 por cento da população total e apenas o distrito de Luanda, com 224 500 habitantes, ultrapassa os 100 000. Vêm a seguir os de Benguela (92 600), Huambo (38 700), Bié (28300), Cuanza Sul (27900) e Huíla (27 400) com mais de 20 000 habitantes. Nota-se a influência das cidades de Luanda, Benguela e Lobito nos respectivos distritos.
Comércio externo
O facto em si mesmo é de surpreender, dado o volume da cifra. Mas se se notar que todas as outras províncias ultramarinas encerram a conta da balança comercial com um deficit, com excepção de S. Tomé e Príncipe, ainda mais se acentua a proeminência do equilíbrio positivo