Neste mês voltou-se a posição devedora de 3680 contos, continuando a posição a agravar-se até ao fim do ano. O desnível entre as entradas e saídas atingiu 253 000 contos, a que há a juntar o saldo negativo do ano anterior de 142 077 contos. O problema das transferências de Angola, que é o da balança de pagamentos, resume-se à resolução de conter as saídas de cambiais e fazer entrar as que respeitam ao pagamento das exportações e investimentos diversos.

O saldo da balança comercial foi superior a 1 milhão de contos e as exportações atingiram 5 868 000 contos.

Para avaliar do movimento cambial durante alguns anos, publicam-se as cifras de entradas e saídas de cambiais:

Os visíveis nas entradas compreendem o produto das exportações. Entre o seu total e as cambiais há a diferença para menos de cerca de 1 milhão de contos. Nas saídas os visíveis compreendem o pagamento da importação. Estes avizinham-se da soma das importações, que se elevou a 4 714 000 contos. Esta cifra já se aproxima de 4 320 000 contos nas saídas.

Mas onde se nota um aumento considerável é nos invisíveis, tanto nas entradas como nas saídas. Compreendem-se os das entradas, derivados de investimentos e do desenvolvimento de transportes, mas já se não compreendem tão bem os invisíveis nas saídas, que passaram de 886 000 contos em 1962, e menos de 1 milhão de contos em 1960, para quase 2 milhões de contos em 1964 (1 963 000 contos). O agravamento dos invisíveis em 1964 e o desfasamento nas entradas de visíveis (produto da exportação) trouxe o agravamento do deficit em 1964. Convém, por isso, verificar nas saídas o pormenor dos invisíveis.

As saídas constam do quadro seguinte:

Três verbas oneram muito o total: os rendimentos de capitais (708 960 contos), as transferências privadas (429 177 contos) e o turismo (248 817 contos). Outras verbas merecem reparo. Mas estas três necessitam de ser convenientemente estudadas. A comparação das entradas e saídas de cobertura em 1964 e em cifras aproximadas dá o seguinte resultado:

As mercadorias, os transportes, o Estado e as operações de capital contribuíram com mais 1 342 000 contos. Mas o turismo, os rendimentos de capitais, diversos serviços e rendimentos e transferências privadas operaram a saída de mais 1 581 000 contos. Pode vislumbrar-se a situação no caso de o Estado não ter entrada com tão volumosas somas (o balanço a seu favor é de 415 000 contos).

Não será possível capitalizar na província, tão necessitada de investimentos, grande parte dos rendimentos de capitais (706 000 contos), ou actuar sobre transferências privadas (- 423 000 contos), ou vigiar as despesas do turismo (- 244 000 contos)? Porque dobraram as despesas de invisíveis entre 1962 e 1964?

Todos estes factos precisavam de ser vistos à luz das realidades. O saldo da balança do comércio (mais de um milhão de contos) pode considerar-se anormal. Derivou da sobrevalorização do café. Proveio de altas cotações, dado que as quantidades exportadas não foram muito além das de O problema das transferências, no caso de não ser atalhada a saída de invisíveis, pode revestir aspectos muito sérios. Transaccionaram-se durante o ano as moedas que constam no quadro que segue.