Durante anos a conta geral da província de Macau mostrou aspectos que suscitaram sérias apreensões a estes pareceres. A metrópole, com auxílios, sob a forma de subsídios reembolsáveis, que se elevaram a quantias volumosas na relatividade do meio, amparou o progresso económico e social. É agora ocasião para assinalar a rápida recuperação da vida financeira da província.

Macau atravessa um surto de progresso, uma fase da sua longa história, que se traduz em actividade mais intensa da sua vida económica e num sólido equilíbrio das suas contas.

A província é hoje, no Oriente, um oásis de paz, onde se acoitam muitos que, batidos pelos «ventos da história», procuram abrigo dos remoinhos das tempestades políticas.

O parecer, severo na apreciação das contas públicas, procurou indicar durante muitos anos o caminho a seguir no sentido de orientar melhorias na produtividade da laboriosa população macaísta. As condições peculiares da província, tanto do (ponto de vista ge ográfico, como do da exiguidade do território, não são de molde a permitir grandes voos e tornam-na vulnerável em muitos aspectos. (Mas são também peculiares às circunstâncias que permitem íntima fraternização, nunca desmentida, das duas etnias que formam a província. A sua colaboração em termos nacionais impulsiona as actividades e conduz à harmonia social. Em 1964 as contas públicas fecharam com um saldo positivo da ordem dos 39 590 contos e o recurso a empréstimos ou subsídios para pagamento do seu (plano de fomento e outras despesas extraordinárias não atingiu 16 000 contos. O aumento das receitas ordinárias elevou-se à soma de 45 204 contos, o que é notável quando se considera a história financeira da província nas últimas décadas.

Estes aspectos dão à apreciação das contas um sabor agradável, que gera o desejo de incitar a província a prosseguir no caminho iniciado agora.

Poderá objectar-se que a situação da balança de comércio é altamente deficitária, dado que o território tem de importar todos os alimentos indispensáveis a uma grande população, inteiramente urbana, além das matérias e produtos submanufacturados necessários às suas indústrias.

O artesanato, além de algumas indústrias recentemente aperfeiçoadas, tem amparado, pela exportação, o grave desequilíbrio da balança do comércio e auxilia a produção de bens de consumo utilizados no território.

Por outro lado, a soma de invisíveis provenientes do turismo, de lucros em negócios e de outras fontes é muito grande e parece ser suficiente para enfrentar o desequilíbrio comercial.

Km 1964 certas produções atingiram um nível alto, como nas actividades relacionadas com a confecção de vestuário destinado ao ultramar português e a outros territórios; mas é ainda possível alargar esta indústria e intensificar outras.

Dá-se a seguir nota das produções de algumas indústrias em 1964:

Comércio externo O desequilíbrio comercial melhorou, mas relativamente pouco para as necessidades, como se depreende das cifras que dão as importações e exportações.

Dois factores contribuíram para a melhoria de cerca de 65 milhões de patacas no deficit: redução nas importações e aumento das exportações.

Deve notar-se que nas importações se incluíram 168 413 093 patacas de ouro fino. Sem ele a importação reduzir-se-ia a 271 309 000 patacas, contra uma exportação no valor de 133 milhões de patacas. O deficit seria então muito menor.