As duas escolas têm os seus mantenedores e adeptos e tanto ostentam virtudes como defeitos.

Não pode entre elas esperar-se entendimento ou compromisso.

E os planificadores têm que reflectir, escolher e aperfeiçoar. O tabuleiro está pronto.

A cidade do amanhã!

O que será a cidade amanhã levanta problemas de concepção, de estilo e de expansão.

Temos na frente uma civilização de massa, impetuosa, fatalista, mas que o passado e os nossos conceitos actuais querem ver ainda diversificada e individualizada também.

Há-de fugir-se da multidão geral amorfa, da massificação arquitectónica, da monotonia e do rebaixamento do estilo.

Fala-se muito na lógica formal das cidades futuras, rãs técnicas novas de beleza interior, na unidade e direcção, na planificação mais que persuasiva, mas continua a falar-se num novo humanismo que a casa e as instituições abrigarão, deixando o homem a si próprio.

Uns pretendem agrupar, copiando os padrões botânicos e zoológicos, outros distendem as expansões ao longo de vias de comunicação rectas e industrializadas.

Em qualquer caso se reclama uma arquitectura de qualidade que não possa ser acusada de banalidade.

As linhas caprichosas parecem não encontrar eco e os traçados de linearidade simples em demasia ou quase abstractos fatigam os olhos.

Devia descongestionar-se, planificar por largo, mas as cidades e povoações aproximam-se e a fome de terra avassala os velhos e novos países.

A urbanística actual é a* de novos bairros, povoações ajardinadas e de satélites libertas de intimidade pesada, plenas de ar puro e tapetes verdes, com profusas instituições de cultura, arte e desporto e ainda zonas vagas para desconcentração; a de cidades assoalhadas, ajardinadas e de matas e parques e dotadas de instituições colectivas com abundância, sem contudo esquecer a vida do lar, a circulação fluente e o respeito dos direitos pessoais.

Como certas indústrias terão de ser desconcentradas, a cidade vai expandir-se em afiliados e modernos satélites e irá também formar uma réplica moderníssima do outro lado da ponte.

Um congresso de planificação realizado em Inglaterra assentou nalgumas directivas de muita precisão. Eram estas: Não eliminar nem as cortinas verdes, nem os campos agricultados de permeio; Evitar os dormitórios imensos e monótonos; Além das ruas, planear grandes artérias especiais para o tráfego; Embora as casas não sejam uniformes, as ruas nem serão desprovidas de estilo, nem monótonas; Os edifícios públicos e as construções institucionais continuarão no centro; Nunca a povoação satélite se localizará a menos de 8 km, nem mais de 30 km.

Creio que vai ser muito difícil.

Afastar-se do português pela técnica e permanecer português pelo gosto.

Esclarecer, abrir, desimpedir, mas sem um terramoto da parte dos homens e sem esquecer a debilidade do subsolo.

Ver a Lisboa progressiva, alargada, renovada, mas sem deixar de ser "alfacinha".

Manter o passado como uma jóia familiar, sem o embaciar ou ocultar, diante das novas aquisições.

Sei que as circunstâncias actuais impõem condicionamentos de meios ao Ministério das Obras Públicas, de quem tanta coisa simultaneamente se requer.

Sei que a Câmara Municipal pode financeiramente elevar os seus meios, mas que se vê embaraçada com tantas direcções e problemas a solucionar.

Os problemas urbanísticos dependem de planificação persuasiva e até, quando esta falhe, de intervenções criteriosas.

Chegou a ocasião de escolher, decidir e iniciar o caminho.

De futuro as soluções não caminharão para nós. Os novos - planificadores, arquitectos e a literatura - não acreditam na espontaneidade, nem tão-pouco no capricho, e parecem gostar e não gostar do arbítrio.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Marques Teixeira: - Sr. Presidente: Pedi a palavra a V. Ex.ª para abordar um problema que constitui objecto de antigas, actuais e mais vivas preocupações das entidades oficiais de Viseu e é igualmente sentido por vastos sectores da sua população. Refiro-me, Sr. Presidente, à premente necessidade da construção, que não pode sofrer delongas, do edifício destinado ao novo liceu daquela cidade. Repondo-a a quem de direito, fundamentá-la-ei, mais adiante, aliás com a facilidade das coisas evidentes e que por o serem naturalmente se impõem e por si mesmas se justificam.

Ao dar expressão, no seio desta Assembleia, a uma ansiedade existente no espírito dos educadores, de muitos pais, de todo o escol viscense e de que a imprensa local, sempre atenta e interessada no estudo e debate de tudo quanto interfira com o bem comum, tem sido, à guisa de espelho côncavo e convexo, receptora e expansora; ao bulir numa matéria desta natureza, que, pela especificidade na sua essência, na sua fundamentação e respectivas implicações, se funde, como é óbvio, com a magna causa do ensino e da educação, acode-me irresistivelmente à lembrança o notável discurso de S. Ex.ª o ilustre Ministro da Educação Nacional proferido em 28 do passado mês de Fevereiro, aquando da sessão plenária da Junta Nacional da Educação, em cuja presidência tem estado e se mantém, como o homem próprio em lugar próprio na irradiação dos raros dons do seu elevado espírito, o distinto Sr. Presidente da Assembleia Nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Discurso notável, sabe-me bem repeti-lo, o do Sr. Prof. Doutor Galvão Teles, o qual abarca, na densa substância das ideias, dos princípios e das esclarecedoras directrizes que lhe dão grande altura e o impregnam do mais expressivo significado, diferentes facetas da temática da educação nacional que verdadeiramente é e nem podia deixar de ser motivo polarizador de atenções e desvelos das entidades oficiais responsáveis e merecedora dos cuidados e da paixão de todos os portugueses conscientes.

Acentuo que ele se desdobra em várias rubricas no que toca ao papel desempenhado, da maior incidência e projecção moral, espiritual e cultural, pelo Ministério da Educação, no ano findo, referente às realizações levadas a