assim continuará, embora as receitas da emigração tendam a diminuir.

Sentir-me-ia altamente satisfeito se aqui viesse dizer da minha esperança no desenvolvimento industrial do arquipélago. Mas no condicionalismo que o rodeia não antevejo possibilidades de se instituir um sector secundário forte que venha a absorver uma boa percentagem da população activa, com reflexos nítidos na melhoria do seu "nível de vida e no desenvolvimento económico da Madeira. A actual percentagem estatística de população ligada à indústria orça por 15 por cento, mas tem de frisar-se que se trata na sua maioria de actividades pobres.

Eis por que me quero referir apenas ao turismo e à emigração, como fontes de maior interesse para as receitas do arquipélago.

O turismo da Madeira, já aqui várias vezes focado pelos Deputados que têm representado o círculo do Funchal, tem sofrido nos últimos anãs apreciável incremento, graças ao maior afluxo de turistas estrangeiros, sobretudo após a melhoria das infra-estruturas locais, nomeadamente a ampliação e apetrechamento do porto do Funchal e a abertura do aeroporto.

O saldo positivo da balança de turismo madeirense deve andar hoje por 250 000 contos, cobrindo mais de 70 por cento do dcficit do movimento de mercadorias entre o arquipélago e o continente, os Açores, o ultramar português e o estrangeiro. Espera-se ainda que as medidas tomadas pelo Governo na intensificação do fomento turístico, no que respeita à criação de centros de preparação de pessoal, à assistência financeira e aos benefícios de ordem fiscal para as unidades hoteleiras de utilidade turística, ligadas à política de liberalização do aeroporto para voos não regulares e à propaganda e serviços da empresa transportadora portuguesa, venham a conduzir a um maior afluxo de estrangeiros à Madeira.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - É necessário alargar-se, no entanto, a propaganda, sobretudo nos países da Escandinávia, na Europa Central e na América do Norte, donde poderão vir divisas valiosas que permitam operar crescente elevação do nível de vida dos Madeirenses. É também de enorme importância para o arquipélago, como já foi dito nesta Câmara, a ligação aérea regular Londres-Funchal, uma vez que actualmente a maior corrente turística continua a ser a inglesa, pioneira do turismo no nosso país.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se é da mais elementar justiça e do mais alto interesse para o futuro do Algarve a ligação Londres-Faro, é também fundamental para intensificar o turismo na Madeira a ligação Londres-Funchal.

Conforta-nos imenso o apoio que ao turismo madeirense tem sido dado pelo Sr. Subsecretário de Estado

da Presidência do Conselho, de quem são as seguintes palavras, proferidas na comunicação que fez ao País em fins de Novembro do ano passado:

O surto de fomento turístico do arquipélago da Madeira [...] tem vindo a processar-se de modo a encaminharmo-nos para a mais perfeita exploração das enormes potencialidades que a beleza sem par daquelas ilhas do Atlântico, o seu clima admirável e a sua fidalga tradição hospitaleira constituem [...]. A Madeira é, por natureza, um mercado de alto nível para a- expansão turística, em que esta se repercute muito acentuadamente em numerosas indústrias de âmbito paraturístico e influencia e anima toda a vida económica.

O futuro turístico da Madeira é seguramente dos mais auspiciosos do conjunto nacional, pois a rentabilidade dos empreendimentos turísticas encontra ali, dadas as características do clima e a consequente duração da estação turística, perspectivas muito favoráveis e os hotéis existentes apresentam já uma curva de ocupação muito mais regular do que a de qualquer outra região do País.

Após a elaboração do projecto de valorização turística da Madeira, do arquitecto Teixeira Guerra, onde se definem linhas de orientação a seguir sem demora, é necessário cuidar de atrair para o arquipélago capitais avultados do domínio privado para a execução da indispensável rede hoteleira e de estabelecimentos similares, não esquecendo os necessários complementos de índole recreativa, que têm de existir em profusão. Nessa entrada de capitais, nacionais ou estrangeiros, tem influência preponderante o poder da iniciativa particular madeirense, que deve revelar elevado espírito de cooperação, sem o qual não será possível atingirem-se, nos tempos mais próximos, as somas de que se necessita para os principais investimentos.

O valor que hoje representa o turismo na economia da Madeira, no que absorve de mão-de-obra e no consumo de produtos agrícolas e de artigos do artesanato local - de que interessa desenvolver, de modo palpável, principalmente o rural, na impossibilidade de criação de outros bens de maior valor -, tende, pois, a aumentar progressivamente, como que a compensar o decréscimo contínuo dos valores provenientes da emigração. Deus queira que, olhos postos no desenvolvimento de outros mais progressivos centros turísticas, esse crescimento se processe cada vez com maior segurança e em ritmo acelerado.

A emigração também tem tido na economia madeirense, e particularmente TIO meio agrário, uma influência verdadeiramente notável. A ela se deve a extraordinária canalização de divisas para a nassa ilha, computada, tempos atrás, à volta de 1000 contos por dia, os quais se têm distribuído por grande parte das famílias rurais. As receitas provenientes dos emigrantes têm contribuído sobretudo para o bem-estar material dos lares dos meios suburbanos e do meio rural. A elas se deve a onda de progresso que ,se patenteia nas construções novas que se têm erigido por toda a parte da ilha, na melhoria das habitações e ainda, na valorização da propriedade e no impulso dado ao comércio da maior parte das freguesias.

Pela sangria que faz na população activa, a emigração é, por outro lado, um problema de consequências nefastas, tanto mais que emigram, como se sabe, os mais audaciosos, os mais fortes, os mais aptos. Registo que, por exemplo, entre 1952 e 1954 emigraram ,18 050 pessoas, enquanto o saldo fisiológico d" população madeirense nesses três anos foi de 13 903 indivíduos. Nunca