F. T. A., alguns do Mercado Comum (C. E. E.) e, praticamente em todos os casos, os Estados Unidos da América. Mas o próprio autor vai afirmando, muito de acordo com a boa ética da observação, que não é suficiente considerar-se apenas o número de estabelecimentos e a quantidade de pessoas empregadas neles, porquanto "... a uma estrutura aparentemente semelhante em função do pessoal ocupado podem corresponder tecnologias diversas e, portanto, diferentes capacidades efectivas de produção".

E acontece que um qualificadíssimo especialista, como é o Sr. Dr. João Cruzeiro, teve de socorrer-se, para o seu trabalho, de estatísticas para os vários países em confronto nos quadros que apresentou, que algumas são de 1947 e outras de 1948, 1949, 1951, 1953, 1954 e 1955! Ora, se um especialista desta craveira, integrado no Instituto Nacional de Investigação Industrial, não conseguiu estatísticas mais actualizadas para o seu trabalho - de Julho de 1960-, que se poderá dizer dos empresários industriais ou candidatos a tal condição quando por si ou mesmo por serviços que tenham em funcionamento queiram estudar dimensionamentos a âmbito internacional e mesmo a âmbito meramente nacional?

E até a dificuldade aumentará se considerarmos que qualquer industrial que tenha no pensamento dimensionar-se a este ou àquele âmbito não estará precavido contra a ilusão de óptica psicológica que o poderá levar para dimensionamento a âmbito, digamos, da média do mundo ocidental, e ficar desarmado imediatamente perante a indústria congénere que se tenha dimensionado a meros âmbitos da E. F. T. A. ou da C. E. E. ou dos Estados Unidos - conhecidos nas suas médias (no pressuposto de que seria possível obteivse essa média dimensional).

Sr. Presidente, prezados Colegas: Assim sendo, não parece justo, nem certo, que o Estado se alheie, nesta emergência gravíssima, da responsabilidade que há já dezenas de anos assumia conjuntamente com os industriais ou candidatos a essa condição, submetendo os pedidos de instalação ou de ampliação de indústrias a estudo próprio - dele, Estado - e à própria discussão com a indústria já instalada quanto à bondade desses pedidos.

Ainda, se as coisas andassem repousadas para todos os industriais jáinstalados, lá se poderia compreender que nas esferas governativas se pensasse na mudança do status quo, mas, mesmo assim, com paulatinas medidas!

Porém, as coisas estão longe de se mostrarem repousadas para os industriais - melhor dizendo: para o todo da vida nacional -, se é que temos consciência de tantos e tantos motivos para circunspecção:

Ele é a guerra de defesa territorial em que fomos lançados pela maldade e incompreensão internacionais, até porque na incompreensão se instalam países que se diziam ou se dizem amigos e que estão integrados na defesa de ideais contrários aos que nos querem obrigar a deixar entrar nesses territórios que defendemos e defenderemos.

Ele é toda a fenomenologia da integração económica europeia e a mais largo âmbito (como o G. A. T. T.), com todo o arsenal dos países mais industrializados do Mundo a ficar apontado para nós - nós que andámos extrapolados das grandes realidades surtas da própria Revolução Industrial dos fins do século XVIII, alvores do XIX, e que só acordámos para tais realidades quando os outros já se poderiam dar ao luxo da tranquilidade do espírito na ocupação de mercados, mercê de dimensionamentos que foram criteriosamente tomando com o concurso do tempo, mas que continuam ainda atentos aos lugares que ocupam, coisa que bem lhes suscita o velho dito "j'y suis et j'y reste", que, nem por haver sido tonitruado por um militar, o general Mac-Mahon, no Forte Malakoff, durante a guerra da Crimeia, deixa de ser lapidar na boca de qualquer industrial que tenha feito a ocupação de um mercado!

Ele é toda uma fenomenologia decorrente da intetegração económica do espaço português - no que de obstáculos não deixam de surgir à indústria metropolitana, que, seja lá pelo que for, estava e está impreparada para tal circunstância -, de mais a mais envolvendo toda uma temática e toda uma problemática que o condicionamento ora estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 46 666 impõe.

Ele é todo o conjunto de implicações de uma reforma tributária que caiu ex abrupto sobre a vida económica do País - principalmente na sua indústria, onde, digam o que disserem, os aumentos da tributação constituem aumentos dos custos de produção, a tornarem consideràvelmente menos firme a armadura do produto a escoar pelas fábricas nacionais nos movimentos concorrenciais que formam, cá e lá fora, os produtos similares estrangeiros, não importando qual o nível de tributação a que estão sujeitos esses produtos estrangeiros nos seus países de origem, na certeza, sim, de que são produtos que, não só já têm maior mercado interno próprio, mas também se assenhorearam há muito das melhores correntes comerciais pelo Mundo fora.

Ele é todo um conjunto de receios quanto ao que poderá surgir ainda - também ex abrupto - e o que poderá surgir ex abrupto nem sequer o sabemos, naturalmente, sem embargo de se poder dizer que pior do que estar-se em dificuldades é não se saber se as dificuldades já acabaram!

Sr. Presidente, prezados Colegas: Considero tão grave a ideia do abandono ou quase abandono do condicionamento industrial entre nós que preferi não me limitar a trazer para a tribuna da Representação Nacional só a minha opinião, simplesmente expressa como tal, mas sim, como o fui dizendo, dar a minha concordância a opiniões alheias já consagradas e respeitáveis - porque de personalidades (propositadamente escolhidas entre as portuguesas) profundamente conhecedoras dos nossos meios industriais -, e por isso as fui buscar para esta minha intervenção, intervenção que quase se poderia dela dizer que é fundamentalmente uma intervenção de boas opiniões justificadamente alarmadas, uma vez que, numa situação criada, como a actual, não é de aceitar-se que o Estado se exonere do jeito de acompanhar o processo de evolução da nossa indústria, mas com o condicionamento industrial nas mãos o com todos os seus departamentos