Finalmente, sob o ponto de vista militar posso dizer que em todos é inabalável a resolução de chegar à vitória, ...

vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... que o moral da tropa não é bom, é óptimo, que as milícias crescem de entusiasmo e eficácia e que a comunhão dos militares com os naturais e moradores das múltiplas tabancas da Guiné assume tais aspectos de familariedade e confiança que mais se diriam vizinhos ancestrais que transitórios conviventes de alguns meses.

Parece-me, portanto, que, apesar da ferocidade de processos, os «turras», como dizem os nossos soldados, ou os «bandidos», como lhes chamam os autóctones, não têm outra hipótese ou saída senão reconhecerem que estão a ser ludibriados por comanditários desonestos e a combater por uma causa injusta e inane, ou, melhor, por causa nenhuma.

Mas não posso deixar de dizer também que os nossos soldados têm uma consciência mais viva das realidades metropolitanas do que muita gente supõe, e não compreendem certas coisas que por cá se passam. Não compreendem certas ostentações e esbanjamentos, afrontosos mesmo em tempos de paz, para a mediania das nossas poises.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Nem as manifestações ditas intelectuais contra a unidade e a defesa nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nem a inércia das autoridades incumbidas de velar pelo moral da Nação, e em especial da juventude. Nem a organização de certos delírios lúdricos mais ou menos fictícios, mais ou menos estrangeirados. Nem a indiferença de alguns, que por ideologia, fortuna ou posição se julgam dispensados de partilhar do sacrifício da grei.

Tentei demonstrar-lhes que, precisamente por estar em guerra, a Nação carece de formas de evasão e recreio compensadoras da sua contenção psíquica, e, além disso, que essa indiferença não é real, mas obedece, como no caso do turismo, à necessidade de aproveitar os recursos que vêm de fora e refluiriam perigosamente para a nossa economia se o ambiente nacional fosse pesado e triste. Concordaram. Todavia, aqui fica a anotação para os devidos efeitos e governo de todos.

Sr. Presidente: Besta-me agradecer, pela parte que me toca, as atenções e desvelos inexcedíveis com que nos trataram o Sr. General Arnaldo Schultz, emérita figura militar, o homem da hora II da Guiné, o carinho que nos votaram todas as autoridades e entidades militares e civis, o trabalho e zelo com que nos acompanharam por toda a parte os incansáveis representantes da rádio e imprensa da Guiné e da Televisão Portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Para todos eles um «bem hajam!»do fundo da minha alma agradecida. E a todos aqueles que propiciaram a deslocação desta representação, à frente dos quais estão V. Ex.ª, .Sr. Presidente, e o Sr. Ministro do Ultramar, e depois os Srs. Deputados Soares da Fonseca e Pinto Buli, também o nosso reconhecimento por esta viagem, que foi um êxito para a Assembleia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Com ela sentiram os nossos soldados- o calor de simpatia deste órgão de soberania, recebendo a nossa presença como orvalho refrescante na aridez do seu isolamento castrense, e o povo guineense tomou a nossa visita como um acto, que realmente foi, de afectuosa e séria vontade de conhecer e ajudar a resolver os seus problemas.

Sinto-me feliz por tudo isto, e ainda porque me foi dado viver os momentos mais altos da minha fé patriótica e prestar comovida homenagem aos que para sempre lá ficaram por amor a Portugal.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Sejam-me permitidos por fim uma comunicação muito pessoal e um voto. A comunicação de que cumpri imediata e integralmente a grata incumbência que me deram algumas dezenas de soldados para que transmitisse as suas mensagens, saudades e recomendações às famílias, que as receberam, como é natural, ansiosas e emocionadas. E o voto de que a Assembleia repita, para a Guiné e para outras terras de Portugal africano e asiático, o envio de delegações como esta, pela profunda influência que poderão exercer sobre os espíritos de todos os seus habitadores e pelo afecto que geram em nossos corações em relação aos homens e coisas de além-mar. Tão certo é, Sr. Presidente, que só se ama o que se conhece.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Henrique Tenreiro: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É simultaneamente um acto de justiça e um motivo do coração o que me leva usar da palavra neste momento.

Nem sempre os interesses nacionais se fundamentam em razões sociais ou em assuntos meramente económicos.

Há, também, determinações de espírito, emoções de alma, conducentes a situações de interesse nacional, que se invocam como preito de homenagem aos que servem unicamente guiados pelo amor à Pátria e aos ideais que melhor o norteiam.

Completam-se 30 anos sobre a constituição da Legião Portuguesa. Os seus legionários a ela se entregaram dedicada e devotadamente sem nada pedir, a não ser a honra de representar e de defender com a própria vida - se tanto for preciso - este Portugal, de tão nobres e dignas tradições.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quando em 1936 desfilámos orgulhosamente pela Avenida da Liberdade e o povo nos aclamou com o maior entusiasmo - homens oriundos de todos os pontos do País vieram perante Salazar afirmar a vontade firme e inquebrantável de defender por todos os meios os- destinos da Nação.

O Sr.. Castro Fernandes: - Muito bem!