O Orador: - Foi assim que a Legião nasceu e, entretanto, percorreu estes seis lustros indiferente a tudo o que pudesse diminuir a sua persistente dedicação aos princípios em que assentou e que são, afinal, os- mais sagrados que o Regime escolheu para a redenção do País-

Nem as perturbações do pós-guerra, nem as sucessivas vicissitudes de subversão traiçoeira, diminuíram o seu fervor ou lhe criaram complexos; antes, pelo contrário, enrijeceram-na e fortaleceram-na, tornando-a baluarte inexpugnável da fé e da confiança nacional.

Firme no seu proceder, sentinela vigilante de todas as horas e de todos os momentos, tem sido muitas vezes atacada pela calúnia e injúria do inimigo, e até algumas vezes por aqueles que mais tinham obrigação de a respeitar e honrar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas, por outro lado, também tem recebido o reconhecimento de quem de direito, como o atestam as condecorações que adornam a sua bandeira.

Por vezes é preciso coragem para se ser legionário! Mas essa coragem não nos falta, podemos até dar alguma dela àqueles que desertaram do nosso convívio por comodismo, despeito ou indiferença.

E com orgulho que recordamos a criação da Legião Portuguesa, em 1936. Nasceu numa hora grave para Portugal, igual ao momento difícil que atravessamos. Hoje como ontem, continuamos todos presentes para dar o nosso esforço, sem nos pouparmos a sacrifícios, com fé eterna nos destinos da Eevolução Nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Felizmente que os chamados «ventos da história», que tão agitadamente amedrontaram alguns, não se fizeram sentir nas nossas fileiras. Pelo contrário, tudo temos feito para os mudar de quadrante e transformá-los em suave brisa proporcionadora da manutenção intransigente das tradições e da glória imorredoura da Pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - F. como legionário que me permito fazer estas considerações, confiado em que elas não fatigarão VV. Ex.ªs, representantes ilustres do País. Muitos de vós, aqui presentes, são legionários da primeira hora, que não esquecem a chama que os alimentou quando decidiram aderir à, nossa causa - garantia segura do trabalho, da paz e do progresso.

Falar da Legião Portuguesa sem referir a figura ilustre do Doutor António de Oliveira Salazar, legionário número um, seria ingratidão para o homem que a fundou e que dela soube dizer com o valor precioso da sua afirmação: «Que nunca lhe levantara qualquer problema como nunca lhe criara qualquer dissabor».

Contudo ela tem tido vários problemas e alguns dissabores; mas a união dos seus elementos, a disciplina das suas forças, a hierarquia sempre respeitada e a noção de brio e dignidade, que a têm enobrecido, chegaram para provar o seu valor e a sua razão de ser. Que o digam todos os momentos críticos em que foi chamada a intervir e lhe sirva de documento o ódio que as influências do comunismo internacional moveram contra ela e contra os seus comandos.

A continuidade fio melhor e mais eficiente trabalho verifica-se du anu para ano através dos homens que a têm servido. Permito-me, aqui, evocar os nomes dos ilustres presidentes que por ela passaram - o Prof. Costa Leite (Lumbrales), o Eng.º André Navarro e o Eng.º Sebastião Ramirez -, bem assim como todos os comandantes-gerais, que deram o melhor do seu esforço à nossa organização.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Todos temos a convicção segura e firme dos nossos ideais. Não serão pois os derrotistas e os falsos amigos que nos vão impedir de continuarmos a ser um baluarte da unidade nacional na intransigente defesa da doutrina de Salazar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esses não contam, limitam a sua doutrina em defesa de falsas liberdades. Espalham a confusão e criam climas de descontentamento, de ódio e de desconfiança de que o inimigo se aproveita para nos atacar.

Trabalhando com perseverança e denodo sem iguais, sem a preocupação de propagandas inúteis ou de expansões publicitárias, que lhe são indiferentes, esta instituição luta contra o comunismo internacional, ruína e descalabro das sociedades e das nações.

E energicamente repudia o boato e a desagregação interna, procurando com o seu exemplo de sacrifício alertar os Portugueses para que não se deixem iludir por promessas vãs, que só pretendem debilitar a segurança do País, comprometer o seu futuro, neutralizar o seu esforço de recuperação e ofender a sua dignidade cristã.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Atentos e vigilantes nos mantemos no nosso posto, sem esquecer o agradecimento que devemos às forças armadas pelo muito das suas virtudes e do ânimo varonil incutidos em nós através dos seus mais distintos oficiais. Isso nos tem permitido continuar a ser o prolongamento das instituições militares, servindo em íntima colaboração com elas, e vendo hoje, com justificado orgulho, muitos desses oficiais e legionários defender, lado a lado, os nossos territórios de além-mar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O legionário é, por natureza, um homem de bem, um homem de ordem, um homem simples e humilde. E por essência um servidor sem paga. É, por razão de espírito e por vocação da sua alma, um patriota.

Nas nossas fileiras têm-se alistado homens de todas as idades e do todas as camadas sociais. Entre eles contam-se muitos jovens, alguns dos quais - recentemente vindos de combater no ultramar - sentem bem a mística da nossa organização.

Vozes: - Muito bem, muito bem!