eficaz a mensagem de Cristo» - ainda nas palavras da citada saudação pastoral.

Sr. Presidente: Tudo quanto se passa com a Igreja Católica é sem dúvida singular, pela especialíssima natureza que ela possui e pela protecção divina que directamente a ampara.

Mas, de cada vez que penso no que acabo de dizer, recordo sempre aquela encíclica em que João XXIII - o grande Papa que convocou o Concílio - chamou à Igreja não apenas «mãe», mas também «mestra de todas as gentes».

Bom será, por isso, que entendamos a lição que ela nos deu e que a saibamos estender a todos os aspectos da vida.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por isso a tenho também presente quando sinto os problemas da nossa pátria, quando contemplo as atribulações do nosso povo.

Encontramo-nos num ano em que o venerando Chefe do Estado definiu como de revisão, e não apenas de consagração, ano este a que se seguirão outros nos quais se exigirá de nós a «reflexão ponderada do regime em vigor», consoante asseverou o Sr. Presidente do Conselho.

Pois nestas reflexões e revisões, que nos próximos anos hão-de fazer-se, saibamos dar provas de ter compreendido ...

Estou certo de que assim será, se não esquecermos nunca aquela grande directriz que um dia já distante foi traçada de, antes mesmo de não discutirmos a Pátria, nem a autoridade, nem a família, nem o trabalho, não discutirmos Deus.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Santos da Cunha: - Sr. Presidente: Não é esta a hora para que eu possa tratar nesta Assembleia dos problemas ligados à província da Guiné. Ficou no coração de todas nós aqueles que tivemos a ventura de a visitar.

Mas não ficaria de bem com a minha consciência se, antes de iniciar as considerações que me levaram a pedir a palavra a V. Ex.ª, não tivesse uma palavra de viva simpatia e admiração para todos aqueles que naquela província portuguesa contribuem para que a bandeira nacional continue livremente no alto dos mastros de honra.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quero saudar os soldados de Portugal: uns, cortando o céu da província em constantes voos e afirmando a nossa soberania e o nosso poder; outros, debruçando-se sobre os mapas, construindo, alicerçando uma vitória, que pode tardar, mas que todos temos a certeza que há-de ser nossa; outros, marinheiros de Portugal, sulcando os mares e os rios da Guiné. Mas uma saudação muito especial para esses capitães, alferes e soldados que, perdidos no mato, estão escrevendo uma das páginas mais brilhantes da história deste país. A todos saúde, soldados de Nova Lamego, de Bafatá, de Xitole, de Madina do Boé, para só me referir àqueles que pude estreitar nos meus braços.

A todos saúdo e só um nome quero recordar: o do bravo capitão Ataíde, que na nossa fronteira está comandando um punhado de bravos, homem frágil fisicamente e que eu e o meu querido colega Dr. Calapez sentámos aos nossos ombros, construindo assim aquele monumento que se impõe: a Nação agradecida ao Exército, aos soldados de Portugal.

Mas quero ter ainda uma saudação para as populações nativas, que acorreram de toda a parte a pedir que trouxéssemos um abraço de paz, de admiração e de reconhecimento ao grande homem de Lisboa, cujo nome conhecem: Salazar; que lhe disséssemos da sua fidelidade a Portugal e que pediam mais tropas, mais pássaros do ar, para poderem vencer os bandidos que perturbam a paz da província da Guiné.

Ainda mais uma palavra do saudação, que gostaria que chegasse até lá,- até esse pequenino bijagós António Soares, com pouco mais de 8 anos, que não se causou de fazer cabriolas para chamar a nossa atenção e apenas pediu para ser «tropa de Portugal». A todos abraço e saúdo.

Sr. Presidente: Sei muito bem que estou usando e abusando da paciência dos membros desta Assembleia, sempre tão atenta às considerações que aqui tenho feito, pelo que me é grata a oportunidade para exprimir a todos o meu vivo reconhecimento.

Mas a verdade é que os povos -e bem é que assim seja - vão afirmando a sua confiança nesta Assembleia, esperançados em que ela cada vez mais exerça a sua função fiscalizadora, que eu, e comigo muitos, entendem, na verdade, se deve acentuar. Alguns vêem nela meio de exprimirem as suas aspirações e de fazerem os seus queixumes, pelo que constantemente se acercam dos que para aqui elegeram, e estes -eis o meu caso - não podem, em consciência, furtar-se ao que julgam ser seu indeclinável dever: transmissores das justas e legítimas aspirações e queixas dos que lhes entregaram um mandato que há que honrar.

Assim, não há muitos dias, procurado para o efeito por um grupo de industriais, fui obrigado a denunciar nesta Casa a candonga do trust europeu do cobre, que vai dessa maneira desfalcando o nosso património de matérias-primas, imprescindível à sobrevivência de uma indústria merecedora de atenção e auxílio dos Poderes Públicos. O número de mensagens que recebi de todo o País apoiando o que aqui se disse deu-me a certeza de que não exagerei quando disse que o problema era de verdadeiro interesse nacional.

O mesmo sucedeu quando tratei da situação em que se encontra o professorado do ensino técnico, que está, na verdade, em condições de inferioridade perante os já bem desfavorecidos professores do ensino liceal, num momento em que cada vez mais precisamos de técnicos, .como ainda há dias foi reconhecido num colóquio que sobre economia se realizou no Colégio Pio XII, colóquio em que me foi dado tomar parte e no qual fui fortemente interpelado por alguns jovens universitários, que me perguntaram o que faziam os sectores políticos para resolver a grave deficiência apontada.

Não creio, Srs. Deputados, que a juventude não esteja preparada para o amanhã do nosso Portugal, o que precisamos é de lhe encher a alma e de tirarmos da sua frente alguns motivos de desalento e desorientação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: O problema que vou tratar tem de merecer imediata, cuidadosa e severa atenção do Ministério das Finanças, e este deve quanto a mim, dada a gravidade de que o mesmo se reveste, esclarecer o País sobre o que se passa, de qual é o