que bem precisávamos de conhecer, para se ajuizar da extensão exacta do seu debilitamento pela terrífica africana.

Nós nunca percebemos por que não se tem aproveitado a boa oportunidade do censo da população para, em concomitância, se fazer uma avaliação de gados, que assim teria um dispêndio menor.

A importância da estatística pecuária ressalta da judiciosa observação de Morais Soares, no seu recenseamento de 1870, quando diz que «não há governo ilustrado que não promova por todos os modos possíveis a continuação e aperfeiçoamento da sua estatística territorial, sendo principalmente o censo dos gados que merece maior atenção aos governos das nações cultas, porque os animais domésticos representam a principal condição de vida e prosperidade dos povos».

Mas voltemos aos índices pecuários e façamos a sua resenha muito breve.

Cabeças normais por 1000 habitantes:

A quebra de quase 100 cabeças normais tem tal expressão que dispensa qualquer comentário.

Relação de cabeças normais/cabeças naturais:

A relação na Europa está bastante para baixo de 1 para 3.

Cabeças normais por 100 ha de área total:

Cabeças normais por hectare de área cultivada:

1925 ..................... 0,32

1934 ................... 0,3

1940 ................... 0,32

1955 ................... 0,29

Enquanto a área cultivada sofre um acréscimo de 16,2 por cento, o número de cabeças normais reduz-se de 40 por cento!

Nos países mais evoluídos há sempre proporcionalidade directa nas duas grandezas.

Cabeças normais por hectare de área pastoril:

1925 ................... 0,35

1934 ................... 0,35

1940 ................... 0,36

1955 ................... 0,34

Número extraordinariamente minguado é este se tivermos em atenção que o ideal para 1 ha de área pastoril é o de uma cabeça normal.

O aumento da área pastoril foi de 30 por cento, e o das cabeças normais apenas de 9,5 por cento.

Cabeças naturais por 1000 habitantes:

Índice bovino (número de cabeças bovinas por hectare de área total):

1925 ................... 0,08

1934 ................... 0,08

1940 ................... 0,09

1955 ................... 0,10

Há 40 anos praticamente, pois o número que agora só apurasse não andaria muito distanciado do referido em 1955, que o nosso efectivo bovino se encontra improgressivo, e se não desceu, isso deve-se ao acentuado decrescimento dos caprinos, que têm vindo a ser substituídos pela vaca leiteira.

Comparemos agora os nossos debilitados efectivos com os outros países:

Bovinos por quilómetro quadrado:

Cabeças

Bovinos por 1000 habitantes:

Ovinos por 1000 habitantes:

Suinos por 1000 habitantes:

E tão acentuado rebaixamento pecuário porquê? Apenas porque não é possível densificar os gados sem uma política forrageira de marcada intensificação.

Nos países de agricultura progressiva, com produções unitárias mais crescidas, a área votada às forragens é de, pelo menos, 30 por cento da superfície cultivada, percentagem que no nosso país não vai além de 7 a 8 por cento.

Na Bélgica, 47 por cento da área cultivavel são destinados a forragens, e assim é que, com um terço da nossa superfície, o seu efectivo bovino se eleva a 2 500 000 cabeças, ou seja, aproximadamente, duas vezes e meia superior ao nosso.

Os recursos de alimentos de que dispomos para o gado são muitíssimo diminuídos, e a tal ponto que alguém apelidou a nossa pecuária como «pecuária de fome».

Diz-se que nós não temos tradições de cultura de forragens, e é verdade, mas não é só por isto que as não fazemos, mas sim, e sobretudo, pelo desfavor do condicionalismo natural que as possibilita . Mas nós temos mesmo que as fazer, se quisermos uma vivência melhor.