frente, possibilitar a formação dos técnicos indispensáveis ao desenvolvimento económico da Nação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não me demorarei a repetir os argumentos, as razões que pesam para que um instituto de ensino médio seja criado em Braga.

Na mão de S. Ex.ª o Ministro da Educação Nacional foi depositada já larga e bem fundamentada exposição, que mereceu a promessa do necessário estudo.

Senhores do Governo, Srs. Ministro da Educação e Subsecretário da Administração Escolar: temos, na verdade, que encarar estes problemas a sério, problemas fundamentais para a nossa sobrevivência no mundo dos nossos dias.

Braga, distrito com uma população de perto de meio milhão de habitantes, tem de possuir um estabelecimento que possa dar complemento à educação que recebem os alunos das Escolas Técnicas de Barcelos, Guimarães, Fafe, Vila Nova de Famalicão e ainda da recentemente inaugurada escola de Ponte de Lima, e não só aos diplomados por estas escolas como também pelos dos liceus de toda a região, em que esperamos em breve incluir o de Barcelos, como foi pedido recentemente pelas forças vivas da bela princesa do Cávado.

Um grupo de pais de família e pessoas interessadas no desenvolvimento da região fez distribuir um memorial, de que queremos aqui citar alguns passos, por bem elaborados e elucidativos: seja como for, não há dúvida de que uma região que à sua volta reúne uma população de quase 500 000 habitantes, representativa de uma fracção superior a 1/20 da população total de Portugal continental, justifica perfeitamente o pedido que pretende fazer-se ao Governo da Nação.

A população escolar deste distrito dispõe dos seguintes estabelecimentos de ensino secundário: em Braga, liceus feminino e masculino, escolas técnicas, industrial e comercial, Escola do Magistério Primário. Outros liceus em Guimarães. Escolas técnicas com cursos industriais e comerciais em Barcelos, Fafe, Guimarães e Vila Nova de Famalicão.

Apesar destes estabelecimentos de ensino secundário, o certo é que a população escolar do mesmo distrito, especialmente aquela que não dispõe de condições de bem-estar familiares suficientes para suportar grandes despesas com os seus filhos - e são, às vezes, bastante numerosas tais famílias -, sente, a pequena distância dos seus primeiros passos do ensino liceal ou técnico, industrial ou comercial, uma forçada limitação no aproveitamento das suas faculdades intelectuais, pois não poderão jamais deslocar-se para Lisboa ou para o Porto para continuar nos institutos de ensino médio a carreira que desejariam seguir e da conclusão da qual, frise-se, resultaria para o País um valioso património educacional, com a formação de novos elementos juvenis aptos para ocupar tantas das tarefas modernamente exigidas pelo surto de desenvolvimento técnico-económico que esta empobrecida região necessita encontrar rapidamente para bem-estar dos seus filhos e maior riqueza do País.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Parece assim que, quando em todo o Mundo e particularmente na Europa se processa em velocidade enormemente acelerada uma modificação e ampliação dos sistemas de ensino, cultural ou técnico, chamando à sua frequência um número cada vez maior de alunos interessados, é legítimo pedir com a maior insistência, para satisfação breve, a instalação na cidade de Braga, como centro de influência da sua região, de estabelecimentos de ensino médio, nomeadamente dos institutos industrial e comercial, que presentemente só existem nas cidades de Lisboa e do Porto.

Na realidade, dentro das actividades industriais já presentemente existentes nesta região do Minho, é notória a necessidade de encontrar, cada vez em maior número, diplomados por institutos industriais que possam trabalhar em departamentos técnicos da actividade têxtil, metalomecânica, da indústria da borracha (pneus), da construção naval, de electrotecnia, da química e de minas, tão carecidas de dirigentes tecnicamente preparados e qualificados para ocupar lugares de responsabilidade e orientação.

Como consequência do mesmo surto de desenvolvimento económico e ainda pelo condicionalismo imposto pelas modernas disposições de natureza fiscal, particularmente reguladas pelas Portarias n.ºs 20 317, de 14 de Janeiro de 1964, e 21 247, de 27 de Abril de 1965, também os diplomados pelos institutos comerciais são necessários cada vez em maior número, não só para as actividades privadas como até para os serviços oficiais da fiscalidade, carecidos, como as outras actividades privadas, de técnicos qualificados para o desempenho das novas funções, cada vez mais complexas.

Não pode a iniciativa particular suprir esta falta basilar: ensino técnico médio em Braga. Não fora assim e ela o faria como o tem feito noutros ramos de ensino. Espera-se, pois, que o Governo, obedecendo a uma imposição de ordem nacional, justamente realçada, como aqui já frisei, pelo Sr. Ministro da Educação Nacional, ao regressar da reunião da O. C. D. E., crie sem demora os institutos que se pedem.

Não se diga que não há dinheiro. O que não há, o que se espera que venha a haver, é uma hierarquização das despesas públicas de modo a dar prioridade aos problemas que, como este de que estou tratando ao encerrar as minhas considerações sobre os problemas de ensino ligados à minha terra, têm forçosamente de constituir preocupação dominante de qualquer governo respeitável.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Lutemos contra o imobilismo e a rotina, para que este país venha- a possuir a estrutura necessária à elevação do nível cultural dos seus filhos. Só assim esta nação poderá ocupar o lugar a que tem direito. Só este