Se compararmos o movimento deste porto com os principais portos de pesca da sardinha, verifica-se que o porto da Figueira se colocou em segundo lugar, estando em:

2.º Figueira - 16 586 t e 36 860 contos;

4.º Setúbal - 13 500 t e 30 500 contos;

5.º Portimão - 9000 t e 31 000 contos.

Este facto é altamente significativo da sua importância como porto de pesca, pois, apesar de não ter ainda o equipamento necessário a uma exploração eficiente, consegue, só pelas suas condições naturais, situar-se no 2.º lugar, de entre os portos pesqueiros de sardinha do País.

E isto, Sr. Presidente, apesar de a indústria de conservas estar reduzida a uma unidade, do que resulta a maior parte do peixe ter de ser transportado em camionetas para os outros centros industriais, com os inconvenientes de agravamento de encargos de transporte e menor valorização do peixe na lota, por falta de concorrência.

A concessão de alvarás de capacidade conveniente para a construção de fábricas na zona do porto é medida que se impõe e que valorizaria o trabalho do pescador e a rentabilidade do armador.

Pesca da sardinha

A pesca de arrasto costeiro dispõe de quatro unidades, e brevemente de mais uma que se encontra em construção, tendo no último ano tido um movimento de 1400 t e 8900 contos.

A esperança de um porto utilizável em boas condições trouxe ao concelho da Figueira da Foz e à sua região um pólo de interesse para a localização de indústrias. Concluída e prestes a arrancar, encontra-se uma fábrica de carbonetos, instalada nas margens do rio, cujo capital investido é de cerca de 100 000 contos. A sua produção destina-se não só ao mercado interno, como também ao mercado externo.

Em fase de construção, devendo ficar concluída no fim do corrente ano, uma fábrica de celulose, cujo investimento, da instalação é de cerca de 1 milhão de contos, e cujo produção de 80 000 t anuais de pasta, na 1.ª fase, se destina à exportação.

Uma fábrica de aproveitamento de algas, duas de rações, uma de adubos orgânicos, uma de derivados de produtos resinosos e ainda as existentes que têm vindo a aumentar as suas instalações e produção - fábricas de vidros, malhas, cimentos, cal hidráulica, cerâmicas e plásticos -, além dos estaleiros navais, uma para navios de ferro e dois para navios de madeira, constituem uma infra-estrutura de grande valor, que já marca o seu lugar na economia nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No distrito de Coimbra, muitas outras unidades industriais se estão a instalar.

O plano de aproveitamento do Mondego, que se tem a esperança seja uma realidade dentro em breve, virá trazer a toda a região do Mondego condições de riqueza e progresso extraordinários, que se irão reflectir não só no sector agrícola como também no industrial.

Em todo este vasto hinterland que vai desde a foz do Mondego, pelas nossas Beiras, até à fronteira, o porto da Figueira, estando em boas condições de funcionamento, será o principal pólo de influência e factor de singular importância para todo o seu franco desenvolvimento.

Não será optimismo exagerado prever que o porto da Figueira, em 1970, tenha de movimentar mais de 500 000 t, considerando apenas as actividades existentes que têm necessidade de utilizar o porto. Só a fábrica de celulose da Leirosa, pretende iniciar em 1967 a exportação de 80 000 t de pasta e ainda utilizar este porto para as 25 000 t de fuel-oil necessários à sua laboração.

A fábrica de carbonetos pretende movimentar cerca de 25 000 t por ano.

A exportação de madeiras, resinosos, produtos da indústria cerâmica, vidros, cimentos, conservas de peixe, a importação de carvão para as fábricas de cimentos, petróleos, gasolinas, óleos, e todo o movimento da frota pesqueira (sardinha, arrasto e longo curso - bacalhau) permitirão um movimento ao porto, cuja previsão não será, como disse, exageradamente optimista.

Do projecto do porto consta ainda a construção de equipamento para actividades náuticas, de recreio e de desporto, e que hoje tão grande influência têm para um turismo de qualidade.

Desnecessário será referir a importância da indústria de turismo, e que ainda recentemente o Deputado Nunes Barata aqui trouxe em números expressivos, para afirmar que muitos países, no estudo dos seus portos, colocam em plano primacial as instalações portuárias destinadas àquelas actividades.

Sr. Presidente: Não é só o concelho da Figueira que sente já um revigoramento nas suas actividades económicas, desde que começaram as obras do porto, mas esse revigoramento reflecte-se por todo o distrito e seu hinterland, e que bem patente ficou, ainda recentemente, no X Congresso Beirão.

Mas para que este ritmo de crescimento e desenvolvimento se mantenha, ou antes, aumente numa progressão constante, contribuindo para evitar o êxodo rural que tanto se tem acentuado nesta região e revitalizar a sua economia, é necessário que as obras não parem, nem diminuam de ritmo, mas antes se intensifiquem, e a par delas se criem novos pólos de crescimento industrial, centros de turismo, centros culturais, etc.

O Governo tem-se afirmado por uma política de fomento coerente, devidamente estudada e planificada, que dá garantia de uma obra iniciada ser concluída. O caso do porto da Figueira está nesta linha de rumo e, por isso, ao trazer aqui a esta Assembleia o agradecimento ao Governo de uma população activa e trabalhadora, para quem a existência do porto é problema de vida ou de morte, trago também a esperança e a fé de que a 2.ª fase se seguirá imediatamente à conclusão da fase agora em curso e prestes a concluir-se.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - S. Ex.ª o Ministro das Obras Públicas tem demonstrado o maior interesse por este grande empreendimento e a determinação de que sejam concluídos rapidamente os ensaios de laboratório para o rápido andamento da obra.

Os altos investimentos feitos já nesta obra exigem, além de outras razões económicas e sociais, a sua conclusão, para que assim possam ter uma reprodutividade conveniente.