Recordemos que a actual biblioteca da Academia das Ciências foi inicialmente a biblioteca do Colégio de Jesus, fundada pelo grande Cenáculo.

São, pois, estes oito fecundos séculos ao serviço da Pátria e da cristandade os que agora comemora a cidade branca da planície alente j anã.

O programa das comemorações, pela dignidade e sóbrio luzimento com que foi concebido e está a ser realizado, bem merece uma palavra de regozijo e um esforço da meditação.

Tiveram os seus responsáveis, encabeçados pelo dinamismo do presidente, o louvável propósito de, fugindo à exuberância das ostentações, que no momento actual seria incongruente, levar todos os sectores da população a viverem delicados momentos de exaltação patriótica, artística, religiosa e histórica, através de conferências, de exposições, de teatro, de música, de paradas militares, de ópera, de sessões culturais e de festejos de feição popular, tudo organizado com a preocupação de deixar uma mensagem de espiritualidade e de nobreza na alma de todos nós.

A abertura solene das comemorações, efectuada no dia 9 de Outubro de 1965, foi presidida pela figura veneranda do nosso Chefe de Estado, que assim quis distinguir a urbe.

Lembro também os dias grandes que foram os da entrega das três primeiras medalhas de ouro da cidade, assinalando nos festejos centenários a grande gratidão dos Alentejanos e o seu muito apreço pelas beneméritas pessoas que têm distinguido a província e a cidade com o melhor do seu carinho, do seu labor e dos seus bens materiais e morais: os Srs. Condes de Vilalya e o Sr. Ministro Arantes e Oliveira, que deu à cidade as duas grandes notícias de que iríamos ter em breve a nossa nova escola técnica e de que iríamos beneficiar, muito de perto, com a estrada internacional Europa-4.

Do que ainda falta realizar, e muito é, também se pode dizer que afina pelo mesmo diapasão: alto critério na eleição de números de apurada sensibilidade, todos concebidos para deixar na memória dos Alentejanos indeléveis recordações.

A edilidade, que tem sido insuperável nos seus esforços, quis marcar, de forma muito feliz, o importante ano que se está vivendo e tomou a esplêndida deliberação de levar a todas as freguesias rurais do concelho os principais melhoramentos que o progresso exige: a água domiciliária, a rede de esgotos, o lavadouro e a boa estrada municipal de ligação à sede do concelho.

Como todas as aldeias já dispõem de electricidade, de telefone e de escolas, fica-se com a grata satisfação de verificar que, adentro do concelho, e no século viu da reconquista, se conquistaram para aquelas populações todos os bens de equipamento público, que podem constituir o substrato material a um real progresso económico-social.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Devo deixar aqui uma palavra de gratidão a todos os que contribuíram para que tão significativa, como útil realidade, pudesse verificar-se ainda no ano das comemorações: a Câmara Municipal de Évora e os Ministérios que cooperaram em tão prestimosa tarefa.

Comemorações que ficam bem marcadas nos espíritos e bem patentes aos olhos, estas comemorações do 8.º centenário da reconquista de Évora.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continuam em discussão as Contas Gerais do Estado (metrópole e ultramar) e as da Junta do Crédito Público, relativas a 1964.

Rapazote.

O Sr. Gonçalves Rapazote: - Os cumprimentos que quero renovar-lhe, Sr. Presidente, não se guardam friamente nas fórmulas estereotipadas, são aquecidos pela recordação muito viva do mestre insigne e temperados no respeito que infunde a dignidade do político e a qualidade do homem.

Aqui lhos deixo, nesta nova legislatura, com a simplicidade costumada, mas admiração sempre acrescida.

E peco-lhe que os aceite como lhos dou.

Sempre tenho entendido que a discussão das Contas Gerais do Estado deveria constituir uma actividade fulcral desta Assembleia, porque é o veículo natural de acesso ao ventre da própria Administração.

A regularidade exemplar da sua apresentação e a extensão do notável e cuidadoso parecer da Comissão de Contas permitem um longo e proveitoso debate que. abarque todos os sectores da vida pública.

E, se à feição própria da Assembleia não pode sorrir a inutilidade das querelas políticas, muito lhe deve interessar a crítica justa dos actos do Governo e a fiscalização da sua actividade administrativa.

Porém, enquanto a crítica dos actos do Governo supõe o preciso conhecimento dos seus motivos determinantes e a delicada averiguação dos resultados, a mais ampla fiscalização da Administração pode exercer-se lendo as Contas e aferindo da sua bondade pelo sucesso ou insucesso da actividade global da Nação.

Mas será preciso que essa leitura seja atenta para dominar matéria tão vasta como aliciante.

Os pareceres hão-de mergulhar, profundamente, na intimidade dos números, hão-de inquirir e concluir, sendo da maior vantagem que a sua devassa ponha à vista os benefícios e os malefícios da administração, a saúde e as doenças que afligem a comunidade nacional.

Contas públicas e fiscalização pública das Contas são aquisições fundamentais do Regime, absolutamente essenciais à prossecução de uma política de verdade.

O Governo precisa tanto dos nossos aplausos como das nossas críticas e indesculpável seria que a Assembleia prescindisse de um trabalho de base capaz de abrir e arejar os departamentos onde, porventura, se tenha acumulado a poeira do tempo e o trabalho da traça, e de autorizar um razoável julgamento político.

Quando verdadeiramente se procuram as faltas e as culpas, não há que falar de optimismo nem de pessimismo, mas de emenda dos erros e do acto de penitência que os redime tornando ainda mais perfeita a própria perfeição.