gia, dos transportes, pela concessão de créditos e pela eficiente assistência técnica, em ordem a estimular realmente a iniciativa das organizações agrícolas e dos lavradores.
A vida municipal está dominada pela supremacia dos funcionários e dos serviços centrais.
Pedimos demasiadamente a protecção do Estado.
Que organize, que dirija, que regule, que determine, e ficamos contentes quando nos dizem que se estuda, se projecta, se planifica e se inaugura.
Quando lhe pedimos tudo não devemos estranhar que ele se endeuse e se agigante, que nos esmague ou que nos ensombre.
Corremos, então, atrás de padrões que não nos servem, procuramos atingir marcas que são impossíveis de obter, criamos miragens que se esfumam e se desfazem.
A burocracia, mesmo a mais eficiente, começa a trabalhar em circuito fechado, segundo conhecidas leis, e não deixa que o ritmo da produção corresponda às nossas reais possibilidades.
Para desenvolver as zonas atrasadas do interior têm de ser concedidos incentivos reais, palpáveis, eficientes, e não apenas uns melhoramentozinhos que em bem ordenada economia haviam de ser enquadrados ou subordinados aos planos locais de desenvolvimento.
É necessário mandar para essas regiões governantes que tenham olhos e ouvidos, rodeados de equipas técnicas capazes de auxiliar as organizações existentes e as actividades privadas, caminhando, naturalmente, sem pressas, no meio do povo, com ânimo de valorizar económicamente as comunidades rurais.
A burocracia, concentrada e absorvente, chama para os grandes centros e, concomitantemente, trava o desenvolvimento de periferia quando rigorosamente devia usar os foguetões retardadores de marcha das chamadas assimetrias espaciais.
Vemos encher de facilidades a vida dos grandes aglomerados, encorajando enormes investimentos, ao mesmo tempo que empobrecem, anemiadas, as regiões de maior ruralidade.
Quando nos debruçamos seriamente sobre esta triste situação temos de sentir calafrios.
É a vida regional apagada e sem recursos, com estruturas administrativas ineficazes e, portanto, caríssimas e mal pagas.
Serviços demasiados, duplicados e triplicados, mas com rendimento inferior, todos muito aptos para mandar e poucos para realizar.
A administração municipal, adormecida ou asfixiada de encargos, compartimenta-se nos mesmos espaços do século passado quase como a deixou a reforma de Mouzinho.
Nesse tempo cada légua levava uma hora de caminho enquanto hoje pode percorrer-se, contra relógio, em cinco minutos, e pároco que ainda não demos por isso.
Comparando os processos de trabalho da nossa máquina administrativa com os de qualquer organização evoluída, temos a tentação de pensar que o maior serviço que prestaríamos à Nação seria primeiro paralisá-la, pura e simplesmente, porque vai fora do compasso, e depois sacudi-la e pô-la em marcha com o andamento requerido.
Seria a forma de acertar o passo.
Concentrar o comando, descentralizar realmente e não teoricamente, simplificar e convencer a mesma administração de que também é responsável pelo aumento do produto nacional, o não apenas beneficiária do crescimento.
Onde a organização corporativa tomou expressão assistimos a recuperações fulgurantes que põem em xeque todas as outras estruturas administrativas regionais.
Constrói-se, trabalha-se e produz-se melhor, mais depressa e mais barato, competindo com as próprias empresas privadas. E justo é salientar que alguns serviços o têm compreendido claramente.
O tratamento dos grandes espaços rurais debilitados por uma economia indefesa tem de ser realizado a quente, com a ajuda e a intervenção directa das populações interessadas.
A máquina administrativa e política corresponde à era do melhoramento e do cacique - da inauguração e dos votos.
Não é capaz de mobilizar os produtores para uma actividade concertada.
O ponto de apoio desse arranque tem de ser a organização corporativa, prestigiada, dignificada, valorizada, emancipada da tutela do listado, independente o autodeterminada.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - O Nordeste transmontano constitui já um exemplo vivo das virtualidades potenciais de um arranque desse tipo.
Dinamizada a Federação dos Grémios por uma acção inteligente e viril e apoiada vigorosamente pelos serviços do Ministério da Economia, pôde aquele organismo conceber uma estrutura fabril e comercial capaz de intervir eficazmente na comercialização dos produtos agrícolas regionais.
Ao mesmo tempo preocupava-se com a reconversão agrária, procurando as soluções que favoreceriam o crescimento rápido das produções mais lucrativas, a defesa do solo e o aproveitamento das águas e dos climas.
Tudo foi pensado em ordem a criar riqueza e a melhorar as condições económicas das populações, interessando nessa valorização a capacidade do homem transmontano.
As intervenções da Federação na comercialização da noz, da cereja, da castanha e da amêndoa devem ter produzido já benefícios de muitos milhares de contos e as primeiras intervenções na defesa do preço do gado provocaram alterações espectaculares nas feiras e mercados.
O azeite, o vinho, a lã e o figo são outros tantos produtos cujos esquemas de armazenagem, tratamento industrial e comercialização estão em marcha.
Fábricas, estábulos, lagares, armazéns, estrategicamente localizados, cooperativas e grémios em cadeia são elementos criados com o indispensável apoio de um estado-maior de técnicos para empreender o trabalho aliciante da recuperação económica daquela região debilitada e exangue.
Onde mexiam muitos passaram a mexer poucos e à rotina sucedeu a audácia.
A tese do ilustre relator das contas públicas tem aqui uma ilustração de ordem prática.
Organização e técnica, audácia e dedicação exemplares, são os elementos fundamentais da recuperação que se preconiza.
Nada disto, porém, será possível se a Administração não compreender, e não colaborar, apreciando e aprovando os esquemas, assegurando os créditos, concedendo as facilidades ne cessárias, acompanhando as realizações e deixando a iniciativa e a decisão a cargo dos organismos que se mostrem aptos a conceber e a realizar.
A acção da Federação dos Grémios do Nordeste foi consagrada, há pouco tempo, numa reunião magna de