mortais de quem tanto a amou, engrandeceu, espiritualizou.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tudo isto permite avaliar quão funda enternecida era a sua devoção patriótica. «Uma das mas do amor de Deus é precisamente o amor da Pátria que, neste momento, tem chefes que bem compreendem: estes dois amores e o praticam», proclamava, em Fátima no decurso de uma peregrinação da gente do mar ao santuário Mariano. E acrescentava: «Como sempre, nunca faltam traidores dentro e fora das fronteiras. Mas a Pátria há-de continuar cristã, dirigida por quem tudo pelo bem comum».

Atente-se na justiça desassombrada que, deste prestou a quem, com a sua política clarividente, possível a liberdade religiosa no País e- criou, pela ração de um clima social de paz e ordem e de um sistema baseado no respeito pela hierarquia dos valores, propícias ao pleno exercício e à floração do ma da Igreja.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nem admira que assim haja falado quem ao, ao serviço de Deus, que é a Verdade, conhecedor dos homens e fiel intérprete dos acontecimentos, jamais tocado «pela insinuação e pela sugestão de ídolos no que o Sr. Cardeal-Patriarca de Lisboa denunciava em 1959, ao referir-se a autenticidade do sacerdócio, e penetrado no próprio terreno católico e eclesiástico mesmo tempo que advertia «descobrir-se nas impaciências progressistas ou reformistas mais o critério do mundo que o da Igreja».

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois, também em matéria tão delicada, o metropolita eborense, sempre na defesa da ortodoxia doutrina e na linha da mais pura hermenêutica e atento aos perigos modernos, nas suas causas e nos seus efeitos, não deixava de se mostrar preocupado desorientação e a confusão de alguns católicos, ou ditos católicos, influenciados, inadvertida ou conscientemente pelo materialismo dialéctico e por propagandas atentatórias do princípio da autoridade no seio da Igreja comunidades nacionais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Certo de que uma das maiores for Igreja reside na obediência e de que, como ainda há escrevia o Sr. Cardeal-Patriarca, «um espírito de afrontamento, de oposição, de contradição, de resistência à hierarquia não é espirito de Cristo, ... antes se lhe opõe frontalmente», o P.e Trindade Salgueiro nunca procurai vontade, mas apenas a vontade d' Aquele que o enviou: - daí a sua humildade, a sua submissão, a sua piedade e o seu respeito filial pelo Papa, «o servo dos servos de Deus» daí o seu triunfo e a sua glória.

Vozes: - Muito bem!

deles se aproximava para os guiar e confortar, exactamente porque as alturas em que pairava oram as de Deus - e cie sabia e ensinava que. Deus quer permanecer em todos os corações para os vivificar e para os fazer pulsar ao ritmo do seu amor.

Tinha, pois, de ser evocado nesta tribuna o D. Manuel Trindade Salgueiro - de Ílhavo, da ria e do mar; de Coimbra e da cátedra; das terras estremenhas e alentejanas e da alma de fogo a crepitar mais forte que o sol das planuras e do restolho; tinha de ser evocado o homem e o patriota, o pensador e o mestre, o padre e o bispo.

Vindo do povo, a que se manteve fiel em todas as emergências, é sobremaneira grato à Assembleia Nacional cumprir o indeclinável dever de render homenagem respeitadíssima a quem foi dos mais preclaros expoentes do escol moral e intelectual português dos nossos tempos. Por isso, como Deputado pelo círculo de Aveiro, e em nome dos ilustres colegas do meu distrito, e interpretando os sentimentos das populações que representamos por seu honroso mandato, aqui fica este singelo mas sinceríssimo depoimento sobre a personalidade e a obra de quem me habituei a venerar desde que, em 1933, a pedido inspirado de minha mãe, me inscrevi no C. A. D. C., e que depois, em muitas situações da minha vida pessoal, familiar e pública, haveria de me orientar e estimular com o seu bom conselho e a sua afeição.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: inclinemo-nos todos, comovidamente, perante a memória imperecível de D. Manuel Trindade Salgueiro e recolhamos, no mais íntimo dos nossos corações, a sua palavra - verbo ao serviço do Verbo -, que era fé, que era luz, que era amor; melhor: que é fé, que é luz, que é amor.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.