Várias vezes se deslocou ao estrangeiro em missões de trabalho, como apóstolo de Cristo ou em representação do nosso Episcopado, e sempre actuou como dedicado do embaixador de Portugal, pois nunca perdia ocasião para enaltecer a Pátria que tanto amava.

O Sr. Armando Perdigão: - Muito bem!

O Orador: - Ainda quando foi nomeado por Sua Santidade o Papa para fazer parte da Comissão Preparatória do Concílio Ecuménico Vaticano II para o Apostolado dos Leigos, foi motivo para que Portugal fosse falado por todo o orbe católico. Os grandes valores honram as pátrias, e também aqui o Sr. D. Manuel Trindade Sal prestou mais um serviço à Nação.

Estes alguns traços da figura ilustre que durante dez anos se assentou na cadeira de S. Manços. Nomeado arcebispo de Évora em 1955, foi um digno continuador da obra de muitos e ilustres antecessores, dos quais destacamos D. Henrique, o Cardeal-Rei, D. Manuel do Cenáculo, um dos homens mais cultos do seu tempo, D. Augusto Eduardo Nunes, doutor e lente na Universidade de Coimbra, e D. Manuel Mendes da Conceição Santos memória está bem presente para que seja necessário dos seus atributos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - S. Ex.ª Reverendíssima o Sr. D. Manuel Trindade Salgueiro, humilde entre os humildes, grande entre os grandes, ao ingressar na plêiade ilustre dos arcebispos de Évora veio dar continuidade a uma tradição quem em muito deixou valorizada.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No seu testamento espiritual diz S. Ex.ª Reverendíssima: «Por graça de Deus, foi-me dada como esposa mística a Arquidiocese de Évora. Pois a essa querida Arquidiocese deixo quanto possuo.» Por aqui se vê a que ponto se deu e o que foi o amor dedicado por quem era tão grande de coração. Tudo quanto dizia respeito à sua arquidiocese lhe interessava, grandes serviços lhe prestou, até em campos ainda hoje pouco conhecidos, mas que no seu amor a verdade nunca descurou.

Também neste ponto foi grande, e sempre teve unicamente presente o serviço de Deus e da Pátria.

Como testemunho público dos grandes serviços restados à Pátria, é condecorado pelo Governo Português com a grã-cruz da Ordem de Santiago, cujas insígnias lhe foram impostas pelo venerando Chefe do Estado almirante Américo Tomás. A comprovar a sua invulgar ao serviço de Deus, é condecorado pelo es Leal Eugênio Tisserant, grão-mestre da Ordem do Santo Sepulcro, com a grã-cruz da mesma Ordem.

Esta, Sr. Presidente, a figura ilustre, se não ímpar no seu tempo, do grande português e príncipe da I que pretendi homenagear com as minhas pobres pai não só para dar cumprimento ao mandato que n dado pelos eleitores do meu círculo e pelos meus colegas de Évora, mas também porque, em consciência, a isso me sentia obrigado, como o menor dos deveres para quem tanta consideração imerecida me dispensava.

Como Deputado da Nação, permita-me esta Assembleia que seja em nome de todos nós que aqui deixo registado um voto de pesar por tão grande perda nacional.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Francisco António da Silva: - Sr. Presidente: Ao usar da palavra, no início da nova legislatura, sinto, em primeiro lugar, o indeclinável e grato dever de saudar V. Ex.ª pela recondução na presidência desta Câmara, prova eloquente da dignidade, do aprumo e da clarividência com que V. Ex.ª soube orientar os trabalhos da legislatura anterior.

Digne-se aceitar, Sr. Presidente, a expressão do meu mais profundo respeito e as minhas mais sentidas homenagens.

Aos distintos colegas, novos e antigos, dirijo uma saudação muito cordial e formulo sinceros desejos de uma acção útil e fecunda em prol da Nação.

Sr. Presidente: Pedi a palavra, por honrosa delegação dos meus colegas do círculo de Beja, para evocar, nesta Câmara, a alta figura de sacerdote e de português que foi o Sr. D. José do Patrocínio Dias, venerando e saudoso bispo da nossa diocese, falecido há pouco mais de um mês, em Fátima.

Serão pobres e descoloridas as minhas palavras, mas é forte a emoção com que relembro os altos serviços que à Igreja e à Pátria prestou essa extraordinária figura de bispo-soldado, de bispo da caridade e de bispo-apóstolo.

Nos campos de batalha da Flandres, como capelão-chefe do corpo expedicionário português, conquistou as mais altas condecorações a que um português pode aspirar, a cruz de guerra e a torre e espada. Assim mereceu a honra de ser o bispo-soldado. Foi sagrado na Sé da Guarda em 1921.

As circunstâncias políticas da época que favoreciam um clima odiento para a Igreja, mascarado com o nome de Liberalismo, não permitiram, como era seu desejo, a entrada imediata na diocese.

No entanto, enfrentando as ameaças que lhe dirigiram, com a firme coragem de quem não temia os perigos e com a serena determinação de quem cumpria o seu dever, o Sr. D. José do Patrocínio Dias entrou na diocese em 5 de Fevereiro de 1922.

A recepção foi hostil. A cidade de Beja, nessa altura, não primou por aquilo que ela hoje considera como seu título de orgulho - a hospitalidade. Nem o facto de trazer o peito enobrecido por feitos gloriosos nos campos de batalha ao serviço da Pátria fez que se atentasse na alta figura de quem assumia, então, o governo da diocese.

Posso assegurar, contudo, que, volvidos quase 44 anos, a mesma cidade de Beja, que o recebera com tanta hostilidade, lhe prestou, no dia do seu funeral, a maior manifestação de pesar a que a capital do Baixo Alentejo jamais assistiu. E que, ao longo dos seus 44 anos de fecundo episcopado, o Sr. D. José do Patrocínio Dias desenvolveu uma acção notabilíssima, em que ficou bem vincada a sua forte personalidade de lutador e de pastor de, almas, espalhando a fé e a caridade, numa doação total aos interesses da Igreja e da Pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pobres e ricos, crentes e descrentes, souberam chorar a perda de alguém que, em vida, soube vencer a morte. O respeito do seu nome ficará para sempre a emoldurar a Diocese Pacense.

A obra deixada pelo Sr. D. José lembrará aos vindouros a grandeza da sua alma e das suas virtudes. Para sempre se recordará a sua persistência na conquista para a fé cristã de tantos corações destroçados, de tantas almas adormecidas pela deletéria acção dos que negavam Deus.