For toda a diocese fez nascer as sementes da caridade, por toda a diocese levou a sua palavra fluente de grande orador sagrado; por toda ela, que tão desveladamente percorreu em numerosas visitas pastorais, deixou a marca imorredoura da sua presença.

De «um cemitério de almas», como alguém lhe chamou, edificou uma diocese nova, fortalecida na sua fé e orgulhosa das suas tradições cristãs. À sua acção benemerente ficou bem assinalada nas numerosas obras assistenciais, tais como: as conferências de S. Vicente de Paulo, os asilos, as creches, as uniões de caridade, as cozinhas económicas e, a culminar, o Bairro de Nossa Senhora da Conceição, onde 120 famílias pobres encontraram o seu lar. Desta forma, ficou o Sr. D. José a merecer, também, o titulo de Bispo da Caridade.

O saudoso presidente Carmona e o Governo, tendo em atenção a grandeza da sua obra, conferiram-lhe as grã-cruzes das Ordens da Benemerência e Militar de Cristo.

Mas a acção do Sr. D. José foi mais longe.

À sua rasgada visão fê-lo restaurar a vida paroquial, reedificar os templos, criar os Seminários de Serpa e de Beja, organizar a Acção Católica, promover exercícios espirituais para o clero, no propósito firme de alicerçar a diocese do presente e do futuro. Assim se fez, também, o bispo-apóstolo. A - Santa Sé, reconhecendo-o, nomeou-o, por decisão do papa Pio XII, assistente do Solo Pontifício e, posteriormente, elevou-o à dignidade de «conde romano».

Sr. Presidente: Numa altura em que a fina flor da nossa juventude se bate heroicamente nas províncias da Guiné, de Angola e Moçambique, na defesa intransigente da integridade da Nação, quando Portugal, «orgulhosamente só», procura defender, também, a sobrevivência da civilização cristã em África, a figura do saudoso bispo de Beja cresce da projecção, constituindo um exemplo digno de ser meditado e seguido pela nossa mocidade.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Quando a Pátria dele necessitou, nem por um só momento hesitou em, voluntariamente, lhe oferecer a sua vida, dignificando-a e dignificando-se.

Desta tribuna, perante a representação nacional, lanço o apelo à consciência de toda a comunidade pacense para que seja prestada a homenagem devida ao grande prelado e português de verdade que foi D. José do Patrocínio Dias.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

Q Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Vai iniciar-se a discussão na generalidade da proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1966. Tem a palavra o Sr. Deputado André Navarro.

O Sr. André Navarro: - Sr. Presidente: É norma protocolar, quando se usa a palavra pela primeira vez nesta Assembleia política, dirigir a V. Ex.ª cumprimentos protocolares. Permita-me, contudo, V. Ex.ª que infrinja esta regra e que, em vez de cumprimentos protocolares, dirija a V. Ex.ª sinceros cumprimentos, manifestação que exprime a alta consideração pela figura política, moral, de grande mestre de Direito e pelo amor que V. Ex.ª sempre tem devotado & causa nacional.

Srs. Deputados: Para VV. Ex.ª as minhas saudações e a afirmação de que, com a maior lealdade, darei a minha modesta colaboração a este Assembleia política.

Desejo expressar em breves palavras a minha profunda admiração pelo meticuloso estudo que representa o preâmbulo da lei de autorização das receitas e despesas para o ano de 1966, subscrita pelo ilustre Ministro Dr. Ulisses Cortês.

Foi possivelmente o exaustivo deste laborioso estudo que determinou o incómodo de saúde que atingiu o notável homem público que sobraça a pasta das Finanças. Esta circunstância não impediu, porém, com o amor que Sua Excelência vota u causa nacional, que, mesmo no seu leito de enfermo, o ilustre Ministro desse os últimos retoques no projecto de diploma que constitui desde há muito na política nacional instrumento legislativo de primeira grandeza.

Julgo bem interpretar o sentir de todos nós elevando neste momento a minha voz numa amistosa saudação de parabéns ao Sr. Ministro das Finanças pelo valor do diploma que pôs à consideração desta Câmara e manifestar-lhe os desejos sinceros e amigos do seu rápido restabelecimento.

Vozes: - Muito bem!

administração pública e da vida social por especialistas eminentes da sociedade portuguesa.

Estas palavras de justo relevo exprimem, e assim o desejo, o realçar de uma incontestável realidade política, firme garantia de continuidade de um regime que, informado por uma sólida estrutura de um experiente passado de séculos, se adaptou às realidades do momento presente, mantendo neste mundo convulso, onde a cada passo se assiste ao ruir de experiências de novos rumos, uma firme escalada para o futuro. Digo ruir de experiências que, na maior parte das vezes, foram apenas o tentar ressurgir de decadentes e ultrapassados regimes de liberalismo democrático, que tiveram já o seu tempo de aparente esplendor em épocas volvidas de intensa supremacia capitalista, com as características dos tristes tempos do laisser faire, laisser passer nos sectores da economia e da vida social dos povos.

Dá-nos o preâmbulo desta proposta de lei síntese perfeita do presente arfar do mundo da economia. Digo arfar e acrescento arfar com ritmo cada vez mais apressado, acompanhando a inquietação febril que avassala o mundo