Mostra ainda o quadro anterior que a tendência contracção das reservas de ouro dos Estados acentuou fortemente no período de Janeiro a 1965, por efeito, ao que parece, das compras de ouro contra dólares realizadas por - vários países e da liquidação do aumento da quota no Fundo Monetário Internacional: de acordo com os dados do Federal Reserve Bulletin, a França adquiriu ouro no contravalor de 680 dólares no 1.º semestre, a Espanha, 150 milhões, a Itália, 80 milhões, a Áustria e a Bélgica, cerca de 63 milhões cada uma, enquanto o pagamento ao F. M. I. representou uma saída de quase 260 milhões de dólares. Acentua-se no relatório da proposta de lei a importância internacional de que se reveste a balança de pagamentos externos dos Estados Unidos, dado além do mais, o papel do dólar americano como moeda de reserva. Mas na actual conjuntura, em que o poder concorrencial da produção de outros países do Ocidente se acresce e só não se manifesta mais sensivelmente no próprio mercado americano em virtude de certas providências adoptadas, suscita reparos, quando não apreensões, o facto de as responsabilidades em dólares irem aumentando, ao passo que as reservas de ouro se mantêm ou descem, o que significa, em última análise, regularizar deficits de pagamentos externos pela constituição de responsabilidades na própria moeda e, concomitantemente, diminuir-se a cobertura-ouro desta mesmas responsabilidades.

Várias medidas têm vindo a ser estabelecidas pelas autoridades americanas, ou sugeridas como forma de actuação do sector privado nos Estados Unidos ao exterior, com vista a diminuir, pelo menos, os deficits globais da balança geral de pagamentos, se não até a eliminá-los num próximo futuro. É claro, porém, que se, por um lado, tal política tenderá a coarctar aqueles efeitos e a reforçar a confiança no dólar, por outro lado não deixará de afectar a situação da liquidez internacional, na medida em que esta, ainda hoje, tem nas disponibilidades em moeda americana uma das bases principais para um grande número de países, talvez mesmo para a maioria dos países do Ocidente. A política económica a financeira internacional O relatório da proposta de lei indica os principais aspectos da evolução recente da cooperação económica e financeira internacional. Em primeiro lugar, trata-se, com o desenvolvimento que bem merece, a questão da liquidez e da revisão do sistema monetário vigente.

Apesar do novo aumento geral das quotas dos países membros do F. M. I., implicando aumentos especiais para alguns destes países, muitos reputam insuficiente a liquidez internacional disponível e receiam os efeitos das providências promulgadas para diminuir os deficits da balança de pagamentos internacionais dos Estados Unidos. Outros entendem, porém, que existem disponibilidades imediatas ou potenciais bastantes para satisfazer as necessidades normais e que certas dificuldades ultimamente encontradas terão de imputar-se mais aos desequilíbrios endógenos dos dois maiores países emissores de «moedas de reserva» - os Estados Unidos e a Grã-Bretanha -, e às situações de inflação mais ou menos contida que se manifesta em numerosas economias e que determinam deficits cambiais muito avultados e persistentes, do que à escassez efectiva de meios.

Supondo, entretanto, que tais desequilíbrios monetário-financeiros se anulavam, é óbvio que a evolução da liquidez internacional, numa conjuntura de interpenetração crescente das economias, ficaria condicionada pela capacidade de acrescer os stocks de ouro monetário e pelas eventuais modificações das quotas dos países membros do F. M. I., a não ser que algumas modificações se introduzissem na forma presente de gold exchange standard. Daqui nasce a ideia da necessidade de revisão do sistema, designadamente adoptando fórmulas que promovam o aumento do número de moedas de reserva ou, até, que assentem na criação de uma unidade compósito, mas esta, naturalmente, não poderia desligar-se do ouro e, sendo assim, acabaria por recolocar-se o problema em termos idênticos aos actuais.

Os estudos e as conversações acerca de tão melindroso problema vão prosseguir tanto no chamado Grupo dos Dez como no Fundo Monetário Internacional e outras organizações, mas não parece que estejam para breve resoluções fundamentais. Demais, haverá que procurar um entendimento de maneira a que todos os países tenham a possibilidade de serem ouvidos, pois qualquer solução a encontrar deverá ponderar os interesses das diversas partes contratantes. Relativamente à actividade do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento, o ano fiscal terminado em fins de Junho deste ano revelou-se o da sua mais intensa actividade e das suas filiadas - a Associação Internacional para o Desenvolvimento (A. I. D.) e a Sociedade Financeira Internacional (S. F. L). Por si só, a assistência financeira do B. I. B. D. ultrapassou, pela primeira vez num só ano, o milhar de milhões de dólares.

Embora os financiamentos do B. I. B. D. e da A. I. D. continuem a destinar-se predominantemente para projectos de infra-estruturas ligados ao sector privado, verificou-se certa expansão nas operações de apoio aos sectores da agricultura e da educação, recentemente incluídos por forma mais concreta no seu campo de actuação. Refira-se que os financiamentos para a educação mais que duplicaram durante o último exercício, registando-se também alguns progressos no apoio a empreendimentos agrícolas.

Para além dos financiamentos concedidos, o I. B. D., desempenha também papel relevante no domínio da assistência técnica, cujas actividades registaram expansão