mós os livros e respeitamos a herança da cultura comum nos sentimos orgulhosos e felizes com essa tão necessária inovação.

Os quadros do pessoal terão de ser, sem dúvida, alargados amplamente, para acudir às exigências das novas instalações. Mas os antigos, os que há 30, 20 ou 10 anos, na penumbra do velho casarão do Largo da Biblioteca Pública, aprenderam o culto dos livros e o respeito pelo saber, esses que sofrem um tratamento injusto e envelhecem sem esperança, levarão à vida nova que vai começar no magnífico edifício do Campo Grande um contributo que não é para desprezar: o contributo da sua experiência, que decerto vai ser bem útil na iniciação dos novos funcionários recrutados.

E que assim não fosse:

O Estado contraiu para com eles uma dívida. Prejudicados durante anos, não só não iriam ser postos agora à margem, como não faria sentido que fossem continuar ao lado do pessoal admitido decerto agora em condições justas uma existência de humilhação e desesperança.

Nas novas instalações da Biblioteca Nacional de Lisboa uma nova vida vai começar; estamos certos de que em meio desse esplendor inaugural não persistirá a sombra de uma velha injustiça.

São estes os votos que me permito apresentar muito respeitosamente a S. Exª. o Sr. Ministro da Educação Nacional.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

A oradora foi muito cumprimentada.

O Sr. Henrique Tenreiro: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Já uma vez disse aqui que não foi por mero acaso, nem tão-pouco apenas pelo espírito de aventura, que os Portugueses conquistaram para a sua pátria a justificada legenda de país de navegadores.

Portugal cresceu e notabilizou-se, com a sua acção civilizadora, pelos mais dispersos territórios - e os seus barcos, que inicialmente serviram na epopeia dos descobrimentos, mais necessários se tornaram depois para garantir esse poderio, que ainda hoje é a maior riqueza da Nação, só possível do manter com a acção efectiva de uma marinha de guerra bem apetrechada.

Sr. Presidente: Como Deputado, como oficial da Armada Portuguesa, e certo ainda de estar a fazer eco do pensamento dos meus camaradas desta Câmara que nas suas fardas ostentam com justificado orgulho o botão da âncora - glória dos nossos maiores de antanho -, desejo deixar aqui uma palavra de regozijo pelo mais recente acontecimento da vida nacional, que assinala o esperançoso virar de maré da actualização, reforço e apetrechamento da frota naval portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

Apesar do elevado custo das unidades navais - devido sobretudo à subida da mão-de-obra o ao preço do equipamento, cada vez mais evoluído tecnicamente para satisfazer as exigências actuais -, o Governo Português, bem ciente do papel vital e insubstituível da marinha militar e da actuação que ela pode ter na segurança da Nação e no bem-estar das suas populações, não hesitou em lançar-se na construção destas novas unidades, que nos permitem corresponder melhor às missões que nos são atribuídas para o prestígio e defesa de todas as parcelas do nosso território em quatro dos cinco continentes do Mundo.

Um país marítimo como o nosso, com largos interesses espalhados pelas terras mais diversas, precisa sentir bem forte a protecção de uma marinha que garanta a liberdade das comunicações, sobretudo nesta hora difícil em que temos de levar constantemente aos nossos irmãos de além-mar os meios necessários para a defesa terrestre, num continente onde as ambições internacionais mais se têm sentido, sem o mínimo respeito pelos tratados ou convenções.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Como dizia, são vastos e dispersos os territórios portugueses e os mares onde as nossas forças navais podem ser chamadas a agir. São variadas e complexas, portanto, as missões da armada portuguesa, cujo esforço só o podem avaliar aqueles que conhecem o que lhe é exigido com o escasso material de que dispõe.

Não obstante isso, podemos afirmar que, graças à inteligente orientação do Sr. Ministro da Marinha, meu ilustre camarada almirante Quintanilha Mendonça Dias, tem sido possível continuarmos a cumprir a nossa função de soberania e de protecção nas águas africanas, tão cobiçadas pelo inimigo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - As perspectivas de uma melhor e mais eficiente acção estão à vista com o lançamento do Comandante João Belo em Nantes e com as unidades que se vão seguir como complemento de uma importante encomenda subordinada a um plano que há muito se impunha e que vem a concretizar-se, precisamente - como o Sr. Ministro da Marinha o afirmou no seu discurso em Nantes -, no ano em que se completam 40 anos de progresso e prosperidade do nosso país.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É mais uma notável realização nesse período de quatro décadas, de muito especial significado para todos os portugueses, que sentem bem o intenso labor governamental a permitir uma notável estabilidade política e financeira.

Pela solução a que se chegou no reapetrechamento da nossa frota, louvores são devidos ao Governo, e muito especialmente aos Srs. Presidente do Conselho - sempre atento às necessidades do País - ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e Ministro da Marinha - infatigável na sua acção orientadora num dos mais difíceis sectores da vida portuguesa, que são as actividades marítimas, com um surto de progresso não só na militar, como na mercante e na das pescas.