colega Virgílio Cruz e que nos convençam da necessidade absoluta de pagarmos por aquela forma os atrasos que se verificaram.
Aliás, o mesmo problema foi analisado no ano passado, na Suíça, por iniciativa de doze empresas de electricidade que representam 70 por cento da produção eléctrica suíça, revendo o relatório de 1963 e definindo orientação para os próximos doze anos. Numa das conclusões do estudo afirma-se que, se a construção e equipamento das fontes de energia hidráulica sofresse atrasos, ou se as necessidades aumentassem em ritmo superior ao previsto e não fosse possível dispor a tempo de bastante energia de origem térmica clássica, seria necessário acelerar a construção de centrais nucleares, das quais a primeira está * prevista para 1970-1971.
Não poderíamos nós, também, marcar outro ritmo nos nossos estudos nucleares para podermos saltar sobre este reforço das centrais térmicas ao mesmo tempo que definíamos as encantadas concessões e concentrávamos o nosso esforço no aproveitamento dos nossos rios, garantindo, ao mesmo tempo, o tal equilíbrio das duas fontes de produção?
Que diz a tal respeito a Junta de Energia Nuclear?
Em 1964, no colóquio sobre participações da produção termoeléctrica na satisfação das necessidades nacionais de energia eléctrica, foi o assunto analisado, apontou-se que «a política a seguir será a de continuar a construção de aproveitamentos hidroeléctricos a um ritmo sensivelmente constante» e acentuou-se que é «altamente inconveniente para o interesse nacional a quebra de ritmo de construção cio aproveitamentos hidroeléctricos».
Sr. Presidente: Julgo ter demonstrado o dever que me assiste de solicitar do Governo a revisão urgente da política que se está seguindo em matéria de produção de energia eléctrica, a resolução urgente de certos problemas em suspenso e particularmente as referentes à outorga das concessões. Julgo de meu dever pedir mais uma vez II inclusão do problema do Mondego (Baixo, Médio e Alto) no primeiro grupo das prioridades a estabelecer, tanto mais que a Câmara Corporativa assim se pronunciou e os respectivos projectos estão feitos e que está entregue a S. Ex.ª o Ministro da Economia uma proposta de financiamento externo para o plano de obras do Baixo Mondego, com possibilidades de extensão a todo o curso.
O Sr. Augusto Simões: - V. Ex.ª dá-me licença?
O Orador: - Faz favor.
O Sr. Augusto Simões: - Ao que V. Ex.ª acaba de dizer com a sua alta clarividência há que acrescentar o estado lastimoso da nossa economia. Com a excessiva emigração que se regista em toda a região da bacia hidrográfica do Mondego, nomeadamente do Médio Mondego, nós estamos hoje num clima trágico de falta de braços que possa conferir produção aos nossos campos. A não se dar remédio às situações tremendíssimas que se estão a observar, temo que, efectivamente e a muito curto prazo, encontremos toda a região central, ou pelo menos grande parte dela, com os campos completamente abandonados e a nossa economia completamente destroçada, ainda em situação pior que hoje.
Este estado lamentável a que a coisa chegou, por virtude de variados factores, parece que impõe que esse problema a que V. Ex.ª alude seja encarado e resolvido com a maior rapidez, isto - para usar um lugar-comum - a bem da Nação.
O Orador: - Inteiramente de acordo com V. Ex.ª Eis, Sr. Presidente, o que a respeito do Mondego se me oferece dizer a propósito das Contas Públicas de 1964, a cujo douto parecer dou a minha aprovação. Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Presidente: - Estão nu Mesa duas propostas de resolução, que vão ser lidas.
Foram lidas. São as seguintes:
Proposta de resolução
A Assembleia Nacional, tendo examinado os pareceres sobre as Contas Gerais do Estado respeitantes ao exercício de 1964, tanto da metrópole como das províncias ultramarinas, e concordante com as conclusões da Comissão das Contas Públicas, resolve dar a essas contas a sua aprovação.
Sala das Sessões da Assembleia Nacional, 24 de Março de 1966. - O Deputado, José Fernando Nunes Barata.
Proposta de resolução
A Assembleia Nacional, depois de tomar conhecimento do parecer da Comissão das Contas Públicas, resolve dar a sua aprovação às contas da Junta do Crédito Público referentes ao ano de 1964.
Sala das Sessões da Assembleia Nacional, 24 de Março de 1966. - O Deputado, Lula Folhadela de Oliveira.
O Sr. Presidente:
Pausa.
Estão em discussão.
O Sr. Presidente: - Se nenhum dos Srs. Deputados deseja fazer uso da palavra, vai passar-se à votação. Vão votar-se as propostas de resolução que acabam de ser lidas.
Submetidas à votação, foram aprovadas.
O Sr. Presidente: - Com a aprovação das contas terminaram os trabalhos da 1.ª sessão legislativa desta legislatura.
Não vou fazer o inventário do que a Assembleia produziu nesta 1.ª sessão legislativa da legislatura.
Produziu o que pôde no que lhe foi submetido para trabalho. E, no que produziu, produziu bem.
Devo, já que não faço esse inventário, nem desejo fazer qualquer inventário, devo agradecer a VV. Ex.ªs os cumprimentos que tiveram a amabilidade de dirigir-me, pois sei que, em geral, eles foram sinceros, apesar de serem hipérboles. E eu, que sempre gostei mais de curvas do que de rectas, porque o desenho das curvas me parece mais macio e delicado, devo dizer que não gosto de ser apanhado nelas. Foram sinceros, mas foram hiperbólicos.
Mas VV. Ex.ªs foram tão lisonjeiros que, apesar disso, eu estou a todos muito agradecido, até pelos seus exageros.
Ao mesmo tempo que endereço a VV. Ex.ªs os meus agradecimentos, endereço-lhes também os meus cumprimentos, desejando que tenham, no interregno parlamen-