Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1966.

Tem a palavra o Sr. Deputado António Cruz.

O Sr. António Cruz: - Sr. Presidente: Para quem logrou, por alta mercê de Deus, levar já de vencida três decénios no convívio de mestres e de alunos, sempre a aprender com os primeiros e logo a procurar transmitir aos mais novos algum pouco do que lhe foi dado conhecer, não devia ser de embaraço este momento. Todavia, e por amor da verdade, hei-de confessar-me embaraçado. E logo me interrogo: de que jeito e qual o modo por que devo cumprir o que é desejo íntimo, quando importa saudar V. Exa.?

Pois que se me permita, ao menos, cumprimentar o mestre ilustre da cara Alma Mater conimbrigense, para nele saudar todos os nossos queridos mestres, destacando entre os seus pares aquele que é, de todos, o mais insigne, para ser também, e por excelência, o mestre da portugalidade.

Consinta ainda V. Exa. que ao ter a honra de falar pela vez primeira nesta sala, onde se cruzam todas as coordenadas do mundo português, numa lídima expressão e testemunho válido da fusão de etnias ao sopro de um ideal comum, e depois de dirigir cumprimentos de muita admiração a todos os colegas, consinta V. Exa. que eu volva o meu pensamento para todos aqueles - e entre eles se contam filhos nossos - que nesta hora, e sujeitos às contingências de climas, os mais ásperos, e de emboscadas, as mais traiçoeiras, sabem cumprir, e andam a cumprir, o seu dever de portugueses.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quando a integridade e a honra de Portugal exigem o seu sacrifício, para que sobreviva a Nação, saibamos nós proclamar aqui que não há-de perder-se a batalha da retaguarda - para que os nossos filhos ganhem, e bem, a batalha da defesa das fronteiras da Pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Na sequência do que é já uma tradição, conferindo-se ao conceito o conteúdo real do seu mais alto significado, sujeita o Governo ao debate da Assembleia Nacional, e após a apreciação serena que foi ditada pelos Dignos Procuradores à Câmara Corporativa, a chamada Lei de Meios, para aqui me servir da velha designação aplicada à proposta de lei de autorização das receitas e despesas para o ano de 1966. E se obediente às linhas mestras delineadas em 1928, se em tudo a corresponder a princípios inflexíveis, pois que não oscilam à mercê de conveniências ou de arranjos ditados por qualquer transigência, a verdade é que a mesma proposta, ainda quando vem a denotar inovação, em tudo reflecte, logo no ordenamento geral como no pormenor, o que é também já uma tradição - e essa a que instaurou, rejuvenescendo-a em cada ano e insuflando-lhe, de cada vez, condições de perenidade, o Prof. Doutor António de Oliveira Salazar. Assenta nesta realidade uma certeza q ue demora para além do juízo oscilante e da apressada conclusão do homem comum. Porque a mesma realidade não decorre do cálculo frio