latitudes: a Nação está atenta ao que aqui se vai passar e exige de todos nós uma forte acção fiscalizadora denunciativa dos desmandos e desvios que, porventura, se verifiquem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quer queiramos, quer não, temos de reconhecer que os Deputados que fizeram parte da última legislatura, muitos dos quais lamento não ver de novo aqui a meu lado, e bem o mereciam estar, algum coisa acrescentaram ao prestígio desta Câmara e contribuíram, sem dúvida, para que o País, com mais atenção, com mais confiança, acompanhasse os seus trabalhos. A Assembleia Nacional tem hoje mais crédito perante o País, e é bem,- muito bem, que assim seja.

Sabemos que de modo algum podemos enveredar pelo caminho fácil da demagogia, isto é, que temos de ter em conta esta verdade - de novo volto às palavras de V. Exa., Sr. Presidente-: «muitas vezes o simples facto de se possuir uma certa qualidade é suficiente para se carregarem de valor as opiniões que expendem» Mas, por outro lado, e não diviso gérmen de conflito, o País deseja, e seria iludir a sua boa fé se para isso não contribuíssemos com todas as nossas possibilidades, que este órgão do Estado, cada vez mais firme a sua eficiência, ou, melhor dizendo, demonstre a autenticidade da nossa Constituição Política, que nos cumpre respeitar e acatar; se a Assembleia Nacional existe, é para que funcione nos termos que lhe são fixados, sob pena de se perder o necessário equilíbrio entre os diferentes poderes do Estado, o que seria fatal para o bom funcionamento e continuidade de qualquer regime. Sob este aspecto julgo que muito se progrediu nos últimos anos, pois tornaram-se habituais os contactos entre os membros do Governo e as comissões de trabalhos desta Assembleia, bem como as explicações das Secretarias de Estado aos membros da mesma.

Mas não neguemos que, se isso se verifica, foi também porque o Governo se apercebeu da repercussão que a vida parlamentar conquistou neste país e dos benefícios que daí resultaram para um melhor entendimento do Poder e das populações, que se sentiram bem representadas junto do mesmo, o que é constante imprescindível dos nossos tempos. Devemos, pois, na minha opinião, continuar na estrada que se alargou, pois sabemos que, como Salazar disse, «a força pode fazer revoluções, mas não pode só por si mantê-las sem o apoio da consciência nacional».

Parece que há quem assim não pense, mas pensa mal. Há necessidade de fortalecer essa consciência e dar cada vez mais realidade à sua identificação com o Regime. Só se pode alcançar esse objectivo através de uma forte acção política, acção política que só se desenvolverá em condições profícuas quando o Governo der atenção ao apelo de Salazar no sentido de que a Administração apoie e se apoie no organismo político do Regime. Até agora estamos longe de poder afirmar que esse apelo fosse devidamente escutado, como seria de esperar.

Vozes: -Muito bem!

O Sr. Pinto de Meneses: - Muito bem!

O Orador: - Entendo que esses princípios possuem a elasticidade necessária para que, à sua sombra, se possam reunir todos aqueles que acima de tudo colocam o supremo valor que é a ideia da Pátria. Devemos, pois, trabalhar activamente para alargar a frente nacional, pondo de lado todo o espírito sectário e de grupo que possa prejudicar esse desígnio. Assim contribuiremos para que um maior número possa dar o seu contributo às tarefas que temos na nossa frente, a maior das quais é a de manter no mastro cimeiro a bandeira nacional nas nossas terras do ultramar.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - É esse, foi sempre esse, o pensamento do Sr. Presidente do Conselho.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É nosso dever, pois, abrir os braços a todos aqueles que lealmente pretendem bem servir Portugal. Estou a lembrar-me de muitos portugueses que se negaram, apesar de não serem adeptos do Regime, durante a última campanha eleitoral, a dar a sua adesão aos que inscreveram na sua bandeira a alienação das nossas províncias ultramarinas, que temos de manter, custe o que custar, porque assim o exige o sacrifício dos que morreram e dos que vivem, dos que regaram e regam com o seu sangue e com o seu suor o Portugal de além-mar, erguendo cidades, vilas e aldeias que são todo o nosso orgulho, e a defesa das populações de todas as raças que ali labutam.

O Sr. Paulo Cancella de Abreu: - Muito bem!

Orador: - Urge que alguma coisa se faça nesse sentido, como urge que se não perca de vista a traição comunista, que vive paredes meias connosco, pronta a agir na primeira hora e minando constantemente o poder de resistência nacional. Temos de definir melhor os campos.

O Sr. Paulo Cancella de Abreu: - Muito bem!

O Orador: - Não nos podemos deixar enamorar por palavras que hoje estão vazias de conteúdo, por dogmas que fizeram o seu tempo. Afirmei e afirmo que não me prendo nem a direitas nem a esquerdas, pois é em frente, sempre para a frente, que Salazar abriu a rota pela qual temos de prosseguir a bem da Nação.

O que se torna necessário assegurar, como muito bem o tem dito repetidas vezes o Sr. Presidente da Comissão