Executiva da União Nacional, Sr. Deputado Doutor Castro Fernandes, é o essencial. Há palavras que perderam todo o seu significado e são hoje como os caramelos: de todas as cores e para todos os paladares. Permito-me transcrever algumas palavras que sobre o conceito de democracia pronunciei na minha cidade de Braga:

sou só antidemocrata, porque sou na verdade um homem disposto a combater essa democracia, se preciso for à esquina de uma rua, de armas na mão, já que ao viver de escravo prefiro a morte.

Vi famílias separadas pelo arame farpado e pelas metralhadoras dos feitores da coutada russa.

Vi lágrimas nos olhos de mulheres de idade que, de binóculo em punho, pretendiam avistar os netos que nunca conseguiram aquecer no seu regaço, e vi ainda a diferença da paisagem humana das gentes que alegres enchiam as ruas de Berlim Ocidental e da que marchava cabisbaixa na Berlim cativa.

Não, se é essa a democracia que a oposição democrática nos quer impor - e tudo leva a crer que sim - temos de continuar a lutar para que se mantenha a nossa democracia orgânica, muito embora, por outro lado, tenhamos de lutar também, e já o temos feito, por uma maior autenticidade dessa democracia, por mais largos e eficazes canais de informação, que se tornam por vezes insuficientes, e por um sistema fiscalizador que seja cada vez mais apto e mais vigilante, de modo a não se permitir muita coisa que por aí se dá e na verdade tem de ser inexoravelmente varrida quanto antes.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Deus, Pátria, Família, é o nosso lema. Em nome de Deus não deixarei de pugnar por uma mais esclarecedora compreensão das tarefas que cabem à Sua Igreja e por que se tirem todas as consequências desse documento regulador das relações entre o Estado e a Igreja, que é a Concordata entre o Governo Português e a Santa Sé, documento à sombra do qual - oportuna e justamente o lembrou S. E. o Cardeal-Patriarca há poucos dias - a Igreja de novo floresceu em Portugal depois da opressão do regalismo liberal e da perseguição que a República de 5 de Outubro abertamente lhe moveu.

Voltarei de novo e demoradamente ao problema da educação, problema em que nada temos progredido, antes pelo contrário. Parece-nos que ninguém se lembra de que o comunismo internacional activamente continua a mobilizar todas as forças de que dispõe neste país para perverter a nossa juventude, no que, diga-se de passagem, não haja ilusões, tem obtido os maiores sucessos. É necessário barrar-lhe o passo. Essa obra que se impõe em prol da nossa gente nova exige uma mobilização geral que abranja todos os sectores, mobilização em que afincadamente todos os bons portugueses se têm de empenhar. É obra urgente de salvação nacional. Há que encorajar todas as iniciativas particulares que nos merecem a necessária confiança. Não podemos continuar fechados numa espécie de estatismo a todos os títulos prejudicial. Tudo estará perdido se não acordarmos depressa para esta tremenda realidade: são inoperantes os meios de que dispomos para o combate.

A família, a grande célula social que, como o notaram avisadamente os padres conciliares, tem resistido, em todos os tempos, e nos nossos também, a todos os regimes e é sem dúvida instituição basilar da ordem cristã que nos cumpre defender, tem também de ser mais dignamente tratada através de medidas de defesa da sua sanidade moral. E há que ter em conta que é a família rural a mais abandonada e, por mais singular que pareça, aquela onde continuam a florescer as virtudes que fazem grande o nosso Portugal, pelo que temos de a amparar de modo que essas virtudes não venham a estiolar.

Sei que no Ministério das Corporações estão em marcha estudos que visam à possibilidade da concessão do abono de família ao trabalhador rural, que é, sem dúvida, a grande medida que se impõe para protecção dessa grande reserva nacional que é a gente dos nossos campos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que se chegue depressa a conclusões práticas, são os meus votos. Há que assegurar à família os meios de subsistência indispensáveis a um viver digno.

Não posso, até porque o prometi, mas não só porque o prometi, mas porque o sinto em toda a sua extensão, deixar de me referir, desde já, e dentro de dias o farei mais largamente, à situação de desespero económico em que se encontram as famílias dos servidores do Estado. É uma situação de injustiça que se não pode manter.

A Pátria, valor inestimável, tem de ser defendida e não se pode discutir. Sobre este ponto recuso-me a aceitar a possibilidade de qualquer diálogo. É-me lícito dizer que a melhor defesa que dela podemos fazer é contribuir para que ela possa ser para todos acolhedora, lutando, pois, por um progresso material e moral dos seus filhos, pela eliminação de injustiças e combatendo situações de privilégio que não compreendemos. Temos de corresponder ao esforço generoso dos que combatem na prime ira linha.

No discurso que pronunciei em Braga, e repito-o aqui, disse:

Como vêem, eu fui, sou e serei um Deputado de oposição séria e construtiva. De oposição a tudo que de mau existe, mas de apoio firme às linhas mestras que regem a nossa administração pública. De oposição a tudo que negue o nosso sentimento histórico e pretenda alienar uma polegada de território português, seja em que latitude for. De oposição a tudo o que seja desvirtuar o pensamento dos homens que fizeram o 28 de Maio. De oposição às claques políticas que desvirtuam o pensamento do nosso Chefe do Governo e afastam da vida pública valores indispensáveis ao Regime.

Todos não somos de mais para salvar Portugal.

De oposição aos que não permitem - da direita e da esquerda - um mais fraterno convívio entre