confunda estas duas palavras e mencione a palavra «educação» quando apenas se refere a problemas da instrução.

Muitos nomes de prestígio internacional que são autoridades indiscutíveis em problemas educacionais aqui ser referidos, recordando alguns dos seus bem definidos conceitos acerca da educação, e que eliminariam qualquer hipótese de confusão.

Mas dispenso-me desse trabalho, porque não é mente necessário convencer VV. Exas. de uma bem conhecida de todos.

Eu apenas pretendo neste momento diligenciar sentido de que esta Assembleia, na análise que está tendo da Lei de Meios para 1966, não deixe de ter presente na sua consciência s no seu pensamento a necessidade prementíssima de uma educação integral dos Portugueses, como base única consciente para qualquer empreendimento em curso ou já previsto.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A melhoria e a expansão do em LO; a preparação técnica e profissional; a investigação científica; a planificação e a realização de uma poli a do espírito, são indiscutivelmente necessidades premei es do País. Mas a satisfação destas necessidades, que mito justificadamente preocupa o Governo e que exige em certos aspectos um ritmo acelerado, deve ter como base, como invólucro, como cúpula, uma outra realiza Io, e essa generalizada por igual a todos os português.

Refiro-me, como já certamente concluíram, a uma indispensável acção educativa e doutrinária que, presente e permanente, conduza à formação do carácter, a culto das ideias que não podem esquecer-se, ao respeita pelos princípios que não devem alterar-se.

E não nos deixemos também confundir pelos significados fáceis de certas expressões.

À educação nacional, como a defesa nacional não constituem pelouro exclusivo dos Ministérios cujos nomes coincidem com aquelas designações.

A educação nacional tem de ser obra de muitos.

Sabe-se que alguns pensam egoisticamente que a defesa nacional é mister das forças armadas, mas pensam mal.

Ocupam naturalmente as forças armadas um ligar à parte, de forte predominância na defesa, e bem têm honrado. Mas todos nós, qualquer que seja a no a esfera de acção, devemos ser permanentes lutadores em defesa da Nação, e, para além das razões que emergem da simples condição de portugueses, temos agora a impulsionar a nossa vontade o dever de gratidão pá com aqueles que arriscam e perdem a sua vida no ultramar, para que todos nós que constituímos a Nação pó amos prosseguir e progredir.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Lutadores permanentes, contra o cepticismo, a indiferença, o egoísmo, a inconsciência, a ilegalidade, a falta de interesse e de zelo, a irresponsabilidade e mentira, a corrupção e a traição.

Lutadores permanentes, a favor da unidade nacional, que só pode conseguir-se através de unia política de verdade assente na moral, na justiça e na ordem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Na medida em que trabalhamos neste sentido para a formação e educação dos Portugueses, estamos a lutar pela defesa nacional.

Instituições e organizações várias que não podem, e até em certos casos não devem, englobar-se nó âmbito das actividades do Ministério da Educação Nacional terão, para os fins expostos, de criar-se, reorganizar-se, fortalecer-se de forma a constituírem, em obediência a uma só doutrina e uma só política, e ao lado da Igreja, esteios suficientes e firmes em que possam apoiar-se as famílias portuguesas, pois a estas deve caber o preponderante papel na educação.

Ultrapassa, pois, as fronteiras do referido Ministério a acção educativa e doutrinária que a Nação exige para salvaguarda do seu futuro e da glória do seu passado.

Mas é naturalmente da maior relevância a missão que neste campo deve especialmente caber àquele. mencionado Ministério.

A própria alteração que há anos se operou no seu nome, substituindo a designação «Instrução Pública» pela de «Educação Nacional», traz em si mesma uma mensagem e um voto que é forçoso respeitar e cumprir integralmente, e algum esforço, é de justiça salientar, tem sido desenvolvido nesse sentido.

Mas, provavelmente influenciados pelas necessidades de reparar com brevidade os fortes estragos que um longo período de intempéries havia provocado no nosso país, tem-se orientado o Governo, salvas raras excepções, no sentido de uma dedicação mais devotada aos empreendimentos cujos resultados podem ser obtidos a curto prazo ou podem ser mais bem compreendidos pela Nação.

E protelou-se para segundo plano, com riscos de uma grave deterioração da obra de reconstrução em curso, a resolução em plano nacional dos problemas da educação.

Será, pois, sensato que não se agrave a situação e, como estamos atrasados, é aconselhável uma acção imediata.

Terá, pois, o Governo da Nação, e quanto antes, de congrassar a fé, a inteligência, a e nergia e a vontade de todos os que, sentindo como nós a realidade presente, podem dar, mercê da sua experiência no estudo e na acção, o seu magnífico contributo para a realização de uma campanha nacional de educação.

Sim, uma campanha nacional que chegue a todos os lugares, a todos os sectores, a todas as camadas da população jovem ou adulta. Uma campanha que mobilize a Nação.

Ao longo destes 40 anos de Revolução, e com vista à educação nacional, várias iniciativas surgiram, várias experiências foram feitas. E, se algumas não foram felizes, outras permitiram obter resultados consoladores.

E até para lamentar, e de certo modo inexplicável, que tenham sido abandonadas certas obras prometedoras ou reduzido o ritmo da sua acção.

O certo, porém, é que para lançar a sugerida campanha o Governo dispõe com certeza dos elementos essenciais, mas terá de reuni-los.

Existem conhecimentos, estudos, experiências de muitos dedicados educadores, cuja actividade dispersa, não enquadrada num plano de conjunto nem superiormente orientada, tem tido fatalmente uma produtividade mínima ou, pelo menos, extraordinariamente inferior à que seria desejável. Dedicados educadores que não esquecem a apreciação de Almeida Garrett de que nenhum ensino pode considerar-se verdadeiramente útil se não for eminentemente nacional.