Em 1963 o consumo de energia foi de 3639 milhões de kilowatts-bora, enquanto em 1927 (primeiro ano de que possuímos elementos estatísticos) apenas foi de 158 milhões de kilowatts-hora.

Concluímos, por isso, ter havido nesse período um crescimento do consumo a uma taxa média anual de 9,1 por cento.

fie examinarmos a variação de consumo nas décadas terminadas em 1940, 1950 e 1960, obteremos as seguintes taxas médias de crescimento:

Verificamos assim que a taxa média de crescimento tem vinda a aumentar sucessivamente, situando na última década em valores excepcionalmente bom pelo seu alto nível, pois a duplicação em períodos inferiores a seis anos, com a correspondente duplicação de instalações de produção, transporte e distribuição, traduz um incremento muito acelerado.

De facto, nos países mais evoluídos, o consumo cresce a uma taxa média da ordem dos 7 a 8 por cento, correspondentes a uma duplicação em cerca de dez anos.

Estes números: dão-nos uma ideia da dimensão e dos trabalhos a realizar quer na produção, quer no transporte e distribuição -, para satisfazer o rápido crescimento do, consumo.

A indústria portuguesa de energia eléctrica encontra-se assim frente a um problema da maior importância tem de satisfazer o elevado crescimento do imposto pelo desenvolvimento económico do País.

Por isso, e atendendo à irregularidade das hidrológicas que afectam os nossos rios, parece convenie nte um maior apoio de fontes de energia uma vez que nos dois últimos anos esta não foi de suprir completamente as insuficiências da produção hídrica resultantes da grande seca que nos afectou.

Houve necessidade de recorrer a avultadas coes de energia eléctrica da Espanha, da Suíça e manha, e mesmo assim não se evitou a temporária de certas indústrias, com incidência pôs das químicas e metalúrgicas e, nas delas dependentes.

O condicionalismo económico-financeiro do mento hidroeléctrico na fase actual parece ter entidades responsáveis a uma revisão da política inça nacional no sentido de uma expansão mais acentuada das fontes térmicas.

Assim se depreende dos 15 milhões de dólares destinados ao financiamento da instalação do primeiro grupo da central térmica do Carregado e dia entrada em no próximo ano de outro grupa da central térmica pada do Outeiro.

Estas breves considerações sobre a política nacional traduzem o receio de que a produção não acompanhe no me smo ritmo a expansão do consumo, crescido, como se disse, a uma taxa bastante elevada.

Interessa por isso que não haja atrasos no andamento das obras em curso, pois, a verificarem-se, muito vir prejudicar o actual ritmo da nossa expansão industrial.

Sr. Presidente: Vamos terminar. Antes, porém, queremos referir-mos ao artigo 19.º, que estabelece uma prioridade para os investimentos intelectuais, designadamente nos sectores da investigação., do ensino e da formação profissional.

Merece esta orientação o nosso inteiro aplauso, pois os investimentos na investigação a no ensino estão na base de todo o progresso social, económico e cultural.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - O recente aumento da escolaridade obrigatória de 4 pana 6 anos foi uma medida de larguíssimo alcance na política educacional portuguesa e que irá ter as maiores repercussões na elevação do nível geral da instrução, com reflexos na produtividade do trabalho, que entre nós é bastante baixa, devido precisamente à deficiente preparação dos nossos trabalhadores.

A importância atribuída a este domínio ressalta do volume dos investimentos, que passou de 60 000 contos por ano no I Plano de Fomento para 846 000 no Plano Intercalar.

Mas apesar da vasta gama de necessidades a satisfazer nos sectores da investigação, do ensino, da criação de quadros e da preparação da juventude, somos levados a ter fundadas esperanças no êxito do nosso ensino, visto ]á ser uma realidade o seu planeamento.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Ao darmos o nosso voto, na generalidade, à proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1966, não podemos deixar de felicitar efusivamente o Sr. Ministro das Finanças e todos os seus directos colaboradores pelo primoroso e esclarecedor relatório que a antecedeu e que muito contribuiu para nos elucidar convenientemente sobre a evolução geral da conjuntura no continente, ilhas adjacentes e províncias ultramarinas.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

Convoco para amanhã, as 11 horas, as Comissões de Economia e Finanças e marco para ordem do dia da sessão de amanhã a eleição das Comissões de Legislação e Redacção e Contas Publicas e a continuação da discussão na generalidade da proposta de lei sobre as receitas e despesas ara 1966.

Está encerrada a sessão.

Eram 19 horas e 30 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Alberto Henriques de Araújo.

Aníbal Rodrigues Dias Correia.

Antão Santos da Cunha.

António Calapez Gomes Garcia.

António Magro Borges de Araújo.

António Manuel Gonçalves Rapazote.

Armando Cândido de Medeiros.

Armando José Perdigão.

Francisco António da Silva.

Francisco José Cortes Simões.

Henrique Ernesto Serra dos Santos Tenreiro.

João Duarte de Oliveira.