os seus direitos essenciais, nomeadamente em matéria apostolado e da educação da juventude...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por isso, a histórica decisão de Paulo II encontrou ressonância e acolhimento agradecido na Terra de Santa Maria, nos corações portugueses.

O Sr. António Santos da Cunha: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. António Santos da Cunha: - Desejava em primeiro lugar dizer da emoção, da alegria, com que vi evocar aqui a figura de Pio XII e, com ela, a dos dois pontífices que lhe sucederam. E, para que ficasse completo o exaustivo documento que é o discurso de V. Exa. e que irá ficar registado no Diário das Sessões. queria lembrar que o grande Pio XII, a quem bem se pç chamar a grande coluna de luz do nosso século, se dirigiu também aos Portugueses por ocasião do encerramento do Congresso do Apostolado da Oração, a uma multidão de mais de 200 000 peregrinos, no alto do monte do Sameiro, e foi nessa altura que disse alto ao Mundo em Portugal se deviam comparar os tempos antigos e com os de hoje, em que a Igreja e o Estado viviam em plena concórdia. Aproveito o momento para recordar também que Portugal foi o primeiro país do Mundo a levantar uma estátua a Pio XII, estátua que se encontra situada no centro de uma das praças da Roma portuguesa.

Peço desculpa de ter interrompido V. Exa.

O Orador: - Muito obrigado pela contribuição V. Exa. Não é, porém, só como portugueses que de mus agradecer, aplaudir e exultar com o gesto do Santo Pontífice, que vai consagrar a veneranda memória Pio XII, pela autoridade máxima da Igreja, assisti pelo Espírito Santo. Também e antes de mais como filhos da Igreja e depois como homens. Vemos, Pio XII, como em João XXIII, expressões autênticas consciência cristã e da consciência humana.

E não será temerário vaticinar que, se a Providência dispuser que Pio XII seja elevado pela infalível autoridade da Igreja à glória máxima dos heróis da virtude resplandecerá na sua fronte, como gema rutilante sua auréola, o titulo de doutor da Igreja. Logo no jataí de 1959, João XXIII afirmou que o título tríplice de Doutor Excelente, Lume da Santa Igreja e Amante da Divina Lei (Doctor Optimus, Eclesiac Sanctac (...) et Divinac Legis Amator) quadrava, muito bem, à memória abençoada do Pontífice do nosso atribulado tempo.

E o Osservat orc Romano, em Outubro de 1959, ao informar que a Igreja considerava, atentamente, a sugestão popular de canonização de Pio XII, acenava à ideia ele vir a ser proclamado doutor da Igreja.

Para se ter uma ideia mais expressiva do significado do acontecimento, lembra-se que o último papa a ser canonizado foi Pio X, em 1954, 40 anos depois da sua morte: que S. Pio X foi o único papa canonizado últimos 242 anos; que Pio X é o 78.º pontífice canonizado na história bimilenária da Igreja: que mais de 30 dos 78 papas canonizados morreram mártires, até dealbar do século IV: que a Igreja já conta 263 papas que os primeiros e únicos papas a quem a Igreja atribuiu o título de doutor foram S. Leão Magno e S. Gregório Magno.

Este, no século vi e num pontificado eminentemente missionário, pastoral e de cunho acentuadamente diplomático, orientou a reconciliação dos povos invadidos e invasores, no abraço da mesma fé que os fez Irmãos na cidadania europeia. Aquele, no século V, também diplomata o teólogo de raça, pôde mais que os exércitos romanos, deteve os Bárbaros não com as armas, mas pela autoridade mural que os Atilas daquele tempo respeitavam. E os dois trabalharam por aproximar Oriente e Ocidente, como Pio XII e Joao XXIII, derretendo o gelo, por infinita paciência, pelo contacto dos corações, pela luz da fé e pela chama da caridade e dando tempo ao tempo.

Também agora a desejada aproximação se há-de operar, não pela confusão, nem pela humilhação, nem pela diplomacia, somente, muito menos pela força, sequer pelo pavor atómico. As soluções violentas ou diplomáticas costumam falhar em tarefas desta natureza. Fracassaram com Genserico e com Teodorico, com os Vândalos e com os Ostrogodos. Não se dispensa a defina, nem u manobra, mas requer-se algo mais. Algo que satisfaça a inteligência, solicite a vontade, alimente o espírito e encha os corações. Será pela fé, pela espiritualidade e pela cultura, assente na comum raiz humana e nu comum vocação ao sobrenatural, que fortaleceremos a marcha para o entendimento universal.

Até por isso a resolução de S. S. Paulo VI, sucessor e colaborador íntimo de Pio XII e de João XXIII, é bem-vinda e recolhida como bênção e esperança, no coração dos homens, mesmo daqueles que, não crendo num pai comum, instintivamente pretendem sentir-se irmãos e formar família com todos os outros homens

Consciente, embora, de ser bem modesto componente desta Câmara e apelando exclusivamente para a minha qualidade de sacerdote, daqui, do seio da representação nacional, quero exprimir a satisfação que sinto, sinto e palpo, no meio da nossa gente e o agradecimento da Nação fidelíssima, missionária da mais humana de todas as mensagens, pioneira da revelação geográfica e antropológica do Planeta, autora do primeiro ensaio verdadeiramente sério de uma universal permuta de valores, mestra na arte de conciliar o nacional com o mundial, obreira desinteressada da aproximação de raças, nações e continen tes, rumo à unidade na pluralidade e na diversidade como destino da história e plano de Deus.

E, ao mesmo tempo, evoco :i memória veneranda de Pio XII e do João XXIII, colunas de fé, obeliscos levantados pela mão de Deus nos caminhos da história a apontar-nos ns alturas ... ou segredar-nos que fomos criados paru subir e que os braços dos homens são para eles trabalharem e se abraçarem, e não para se agredirem.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentaria.