o encontro de finalidades superiores para uma existência desolada e inquieta. E essa resposta somente e sempre poderá ser dada pela mensagem de amor fraterno, que precisa de ser servido em termos de acção técnica eficiente para ser verídico e fecundo.

E uma opção se nos impõe inexoravelmente ou amparamos a formação espiritual, moral, social e profissional das novas gerações, ou deixamos perder uma grande parte da imensa messe de esperanças por falta de adequada protecção.

Vítima inocente e involuntária das imperfeições da ordem social, as suas frustrações e pulsões psicoafectivas voltam-se contra a sociedade, semeando incalculáveis ruínas no plano económico, social e humano.

Desse modo a carga social negativa será inexaurível fonte de inumeráveis e tentaculares sociopatias. Os cuidados que dispensarmos ser-nos-ão retornados em concórdia e amor e os que omitirmos transformar-se-ão em fantasmas perseguidores e em ressacas de incompreensão e desacordos. Mais concretamente, o que investirmos em educação e em cobertura psicopedagógica e médico-social, para além do eminente serviço de dignificação humana, será ainda uma missão de elevada rentabilidade social.

E é para o drama oculto que se desenrola no subsolo das novas gerações, que vão constituir o alicerce vivo do futuro, que quero deixar a ressoai- uma palavra de alerta como verídica exigência de um amor fecundo, única força verdadeiramente criadora do destino do homem no tempo e na eternidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Proença Duarte: - Sr. Presidente: Não pensava eu que hoje teria de usar da palavra nesta tribuna, mas acaba de ser evocada em termos primorosos e justos pelo Sr. Deputado José Manuel da Costa uma figura que foi vítima da propaganda do ódio e do rancor, que levou à perpetração de um crime nefando no Terreiro do Paço, qual fosse o da morte de um rei e de um príncipe.

Pois faz também hoje 48 anos, Sr. Presidente, que foi vítima desse mesmo sentimento, que se deixou divulgar e cultivar no meio de uma sociedade responsável, um professor célebre da Universidade de Coimbra, que então ocupava também a chefia do Estado, o Doutor Sidónio Pais.

Fiz parte, Sr. Presidente, da Câmara no tempo de Sidónio Pais e aqui, neste mesmo lugar, pude assistir aos primeiros sintomas de desagregação e de divisão que se seguiram à morte de Sidónio Pais. Apagaram-se para sempre vozes eloquentes que em anos anteriores aqui fizeram a evocação dessa figura que nos precedeu e que constitui um precursor da Situação, que depois veio salvar o Pais em 28 de Maio.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Elas puseram aqui muitas vezes em destaque a obra notável, o pensamento que inspirava A acção de Sidónio Pais com vista a reestruturar e a renovar uma pátria.

Não me proponho, Sr. Presidente, referir qual o pensamento dominante desse curto período governativo, a que já se chamou o «consulado de Sidónio Pais». Mas sinto-me no dever moral de relembrar hoje essa figura de bom português, esse outro professor ilustre da Universidade de Coimbra que quis também dar novo rumo aos destinos desta Pátria, que então tão mal encaminhada vinha.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ao fazê-lo, Sr. Presidente, presto assim homenagem à memória de Sidónio Pais e de todos quantos já desta vida desapareceram e com ele colaboraram esforçadamente, entusiasticamente, pondo ao serviço da Pátria, ao serviço da disciplina social, a sua juventude, a sua verdade, a sua dignidade e o seu amor por Portugal.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Começaremos por fazer a eleição das Comissões de Legislação e Redacção e de Contas Públicas.

Interrompo a sessão por alguns minutos para VV. Exas. prepararem as listas.

Eram 17 horas e 50 minutos.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão.

Eram 18 horas.

O Sr. Presidente: - Vai fazer-se a chamada para a eleição das comissões já referidas.

Fez-se a chamada.

O Sr. Presidente: - Designo para escrutinadores, quanto à Comissão de Legislação e Redacção, os Srs. Deputados Pontífice de Sousa e Pui Vieira e, quanto à Comissão de Contas Públicas, os Srs. Deputados Hirondino da Paixão Fernandes e Filomeno Cartaxo.

Fez-se o escrutínio.

O Sr. Presidente: - Para a Comissão de Legislação e Redacção entraram na uma 92 listas, tendo sido eleitos por igual número de votos os Srs. Deputados António Magro Borges de Araújo, Fernando Cid de Oliveira Proença, Joaquim de Jesus Santos, João Mendes da Costa Amaral, José Soares da Fonseca, Manuel Colares Pereira e Manuel Lopes de Almeida e, com 91 votos, os Srs. Deputados Albino Soares Pinto dos Beis Júnior e Henrique Veiga de Macedo.

Para a Comissão de Contas Públicas entraram na uma 92 listas, tendo sido eleitos por igual número de votos os Srs. Deputados José Dias de Araújo Correia, Luís Folhadela de Oliveira, Manuel Amorim de Sousa Meneses e Manuel João Correia e, com 91 votos, o Sr. Deputado José Fernando Nunes Barata.

Proclamo eleitos os Srs. Deputados que constavam das respectivas listas.

Vai passar-se à segunda parte da ordem do dia: continuação da discussão na generalidade da proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1966.

Está na Mesa uma proposta, classificada pelo seu autor, de aditamento a proposta de lei em discussão.

Vai ser lida.