(...) discutíveis, benefícios da anunciada invasão turística somente porque a não poderemos receber nem alimentar.

Ladear-se-á a dificuldade diversificando os motivos orientando a propaganda para todos os atractivos de praia, de campo ou de montanha, numa palavra, dispersando as instalações pelo território nacional numa sã divisão de esforços a realizar e de proventos a arrecadar.

E há ainda o turismo interior. O nível de vida cresce, os salários aumentam, os períodos de férias dilatam-se e os Portugueses, que primeiramente buscam viajar o estrangeiro, procurarão depois férias e lazeres adentro do País. Pois organizem-se festivais, mostre-se o folclore, propagandeiem-se as romarias, divulgue-se o artesanato. Tudo para estrangeiros que cheguem e portugueses que não partam.

E não se descuidem na propaganda as gargantas do Douro, os cimos nevados da Estrela, as cidades antigas, os monumentos -que são história-, os museus, as estações arqueológicas, etc.

Tudo são e serão atractivos.

Turismo do interior ou do exterior será poderoso motor de desenvolvimento regional, quer queiramos, quer não.

Acresce que as infra-estruturas turísticas a disseminar pelas zonas menos desenvolvidas serão sempre de médio ou pequeno porte, portanto acessíveis a iniciativas locais. Mostrem-se um pouco os caminhos, apontem-se somente as soluções, não se regateiem os créditos, como, aliás, se tem feito para as zonas mais evoluídas, e as iniciativas surgirão como por milagre.

O Governo poderá assim, paralelamente a projectos e experiências de planeamento regional, que custarão dinheiro e tomarão muito tempo, pôr em movimento uma máquina relativamente leve em custo e de efeitos práticos que me parecem assegurados: ensinar, divulgar, propagandear de medo a dinamizar as possibilidades e iniciativas de região por região, distrito por distrito, e nasceriam indústrias pequenas ou médias, uma pomicultura actualizada e uma florestação racionalizada melhorariam a produtividade rural e o turismo ocuparia

braços que não desertariam e canalizaria receitas suplementares que mitigariam a pobreza das terras e as carências da população.

O Sr. Pontífice de Sousa: -Muito bem!

O Orador: - Bastará que o órgão central de planeamento regional a criar, através de pequenas delegações zonais, oriente, canalize e coordene os esforços dos organismos já existentes, alguns dos quais, como a Junta de Colonização Interna, têm útil e sã experiência na matéria.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Santos da Cunha: - Sr. Presidente: Enche-se-me de alegria o coração ao subir a esta tribuna, pois começarei jubilosamente por dirigir louvores a Deus, agradecendo-lhe o restabelecimento do Sr. Ministro das Finanças, que dentro em pouco, estou certo, teremos o prazer de afectuosamente abraçar. Se isso é motivo de viva satisfação para os seus numerosos amigos, no número dos quais, embora dos mais humildes, me quero incluir, é-o também de regozijo para o País, que sabe que o Sr. Dr. Ulisses Cortês, além de estadista de largos conhecimentos, conhecimentos que bem tem demonstrado através da sua vida como Ministro e como parlamentar, é homem de profundo sentido político,

sentido sem o qual, seja qual for a obra em que nos empenhemos, esta sairá imperfeita, incompleta, pois lhe falta o calor humano, agasalho imprescindível à vida e à felicidade do homem.

Também me é grato - e é de inteira justiça -, ao apreciar na generalidade, e tanto quanto possível não me afastarei dela, a proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1966, ter uma palavra de agradecimento, como Deputado da Nação, para o Prof. Pinto Barbosa, responsável pelas finanças públicas durante tantos anos, ...

O Sr. Serras Pereira: -Muito bem!

Sr. Presidente: As linhas mestras da proposta de lei em discussão são aquelas a que nos habituámos e estão na base de toda a notável obra levada a efeito pelo Regime. Sem essas linhas, sem o equilíbrio financeiro, que continua sendo preceito basilar da nossa Administração, nada seria possível do que se tem realizado a bem da comunidade nacional e muito menos fazer face aos encargos da luta que Portugal sustenta em prol da sua integridade territorial. A afirmar a necessidade e eficiência dessa política aí está o nosso escudo, que na sua robustez nos, faz lembrar as carvalheiras das serras do Gerês e da Cabreira - falo da minha terra, porque é sempre doce falar do que se ama -, que de pé, com sólidas raízes, desafiam a violência das tempestades e dos ventos.

Ela nos tem permitido que ao mesmo tempo possamos sustentar a guerra que somos forçados a manter em várias frentes e continuar a obra de desenvolvimento económico que nos permita vencer o atraso de séculos que sobre nós pesa.

O nosso esforço em África - nosso colossal esforço em África - não se tem limitado à defesa das nossas fronteiras, mas também a uma substancial ajuda da metrópole às províncias do ultramar, reconhecida pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico, organismo que tem feito sentir a sua acção com os mais benéficos resultados, levando os seus membros a uma útil cooperação no campo monetário, financeiro e fiscal, e na assistência técnica e financeira aos países e regiões em vias de desenvolvimento, como muito bem o acentuou o preâmbulo da proposta de lei que estamos discutindo.

Foi-me dado visitar em Paris a sede deste organismo e poder assim verificar o alto espírito de cooperação internacional que, a bem de uma humanidade mais feliz, ali existe e o entusiasmo com que ali se trabalha para atingir tão altos objectivos.