Proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1967

l- Evolução da conjuntura na Europa Ocidental A economia dos países da Europa Ocidental registou em 1965 evidentes sinais de abrandamento, tendo o produto interno bruto acusado uma taxa de expansão de 3,5 por cento, contra 5,5 por cento no ano anterior.

Ë certo que para esta evolução concorreram, nalguma medida, as condições climatéricas, que se reflectiram desfavoravelmente, em especial nos sectores da agricultura e da construção civil. Todavia, o fraco ritmo de crescimento económico na Europa Ocidental deve-se principalmente a circunstâncias ligadas à própria situação da conjuntura. Na verdade, encontrando-se. estas economias próximas do pleno emprego e sofrendo constantes pressões da procura de factores produtivos e de bens e serviços, foram geralmente adoptadas medidas restritivas, que não podiam deixar de originar um impacto pouco favorável ao crescimento económico.

O ritmo da actividade económica, como é natural, não se processou uniformemente em todos os países, variando de harmonia com factores específicos e com a natureza e duração das políticas anti-inflacionistas ensaiadas.

Assim, a França, a Itália e a Bélgica, que mais cedo e mais energicamente procuraram debelar a inflação, viram em breve os seus esforços coroados de êxito, pois os primeiros índices de recuperação surgiram, respectivamente, na Primavera e nos finais de 1965, tendo prosseguido visivelmente nos primeiros meses do ano em curso.

Em contrapartida, naqueles países cuja política assumira coloração menos restritiva, as economias mantiveram-se em nível quase estacionário durante o ano transacto e nos primeiros meses de 1966. Na Holanda, na Suécia e na Alemanha a flexão da actividade económica foi essencialmente determinada por uma insuficiência de recursos produtivos, em especial de mão-de-obra. Na Suíça, pelo contrário, o abrandamento verificado deve-se à intensiva aplicação das aludidas providências restritivas. Importa sublinhar, como traços característicos da evolução da conjuntura europeia no ano findo, o afrouxamento registado na produção industrial e a flexão verificada nos investimentos em capital fixo.

Na generalidade dos países, europeus a produção industrial aumentou a cadência moderada, tendo-se observado na Alemanha Ocidental um ritmo de acréscimo particularmente baixo (1,6 por cento), enquanto que na Áustria, na Suécia e na Noruega o mesmo fenómeno se registava, embora em menores proporções. Em virtude da indicada recuperação das economias belga, italiana e francesa, os índices da produção industrial elevaram-se sensivelmente no final de 1965 e princípios de 1966, muito embora em França a produção de bens de equipamento não tenha superado a estagnação em que se encontrava. Taxas de crescimento elevadas neste sector registaram-se, exclusivamente, em Espanha e na Holanda.

Por seu turno, o crescimento do volume bruto de investimentos em capitais fixos progrediu a cadência claramente mais moderada do que em 1964, facto em parte também devido ao generalizado agravamento das condições da oferta de crédito.