fiscalizadora sobre a formação dos preços de venda ao público dos bens alimentares, em especial nos mercados de consumo. Como se assinalou, 4nos últimos anos a alta dos preços no consumidor tem sido amplamente excedida pela elevação das remunerações pagas a grande parte da população activa, o que tem determinado importante melhoria dos rendimentos reais auferidos.

O movimento ascensional dos salários, que encontra explicação aã coincidência do surto emigratório para o estrangeiro com a intensificação da procura de mão-de-obra especializada por alguns sectores e com a mobilização exigida pela defesa do território, prosseguiu no decurso dos sais primeiros meses de 1966, como mostra o quadro seguinte:

Verifica-se assim que, em termos relativos, a subida dos salários continuou a ser mais elevada na agricultura do que na indústria e nos transportes, o que tornará indispensável melhoria compensadora da produtividade, a fim de que o aumento dos custos de produção não ocasione o aparecimento de novas pressões sobre os preços dos produtos agrícolas. Saliente-se, porém, que esta necessidade não se limita apenas à agricultura, sendo comum a outros sectores da economia, em particular à actividade industrial.

De facto, a partir de 1964, o volume da emigração tem sido superior ao número de novos trabalhadores, afectando não só o sector primário, mas também o secundário. A explicação do movimento emigratório deve residir na disparidade existente entre os níveis de remunerações em Portugal e nos países europeus mais industrializados, aliada às ter soes internas sobre os mercados de emprego nesses países. Deste modo, as possibilidades de colocação na actividade industrial e nos serviços não proporcionam, em regra, salários que permitam dar-lhes preferência, pelo que na presunto situação económica do País se parece pôr, não o problema da insuficiência de novos empregos, mas antes o da concorrência com os níveis de salários praticados nos países industriais da Europa.

Moeda e crédito Entre 1962 e 1965 observou-se expansão, a cadência rápida, dos meios de pagamento internos, devido não apenas aos favoráveis resultados das relações económicas externas, mas ainda à forte expansão do crédito bancário. Porém, enquanto que até 1964 sobressaiu a elevação dos depósitos à ordem (deduzidos os depósitos interbancários), no último ano a expansão dos meios de pagamento (15,4 por cento) ficou a dever-se fundamentalmente à aceleração dos depósitos a prazo e com pré-aviso. Esta evolução resultou em particular de mais acentuada transformação de depósitos à ordem em depósitos daquelas categorias, na sequência da definição das normas de disciplina dos depósitos bancários (Decreto-Lei n.º 46 492, de 18 de Agosto de 1965). Além disso, intensificou-se em 1965 o acréscimo da moeda legal em circulação moeda metálica e notas, que se tinha processado a ritmo moderado nos anos anteriores.

Porém, a participação da moeda legal nos meios monetários globais não experimentou variação significativa.

Por outro lado, à semelhança dos dois anos precedentes, o crédito bancário assumiu em 1965 posição preponderante entre os factores monetários, concorrendo a sua variação em cerca de 75 por cento para a expansão dos meios de pagamento totais. Com efeito, o crédito distribuído pelo sistema bancário (com exclusão do Banco de Fomento Nacional), através de desconto e empréstimos, expandiu-se a partir de 1962 a ritmo acelerado. Neste comportamento exerceu particular influência a progressão do crédito outorgado pela banca comercial, paralelamente à melhoria de liquidez, resultante, em especial, da formação de sucessivos excedentes na balança de pagamentos da zona do escudo.

Porém, enquanto que em 1964 a expansão do crédito na banca comercial tinha sido acompanhada de contracção do recurso ao redesconto no Banco de Portugal, em 1965 este movimento inverteu-se, dada a necessidade de prestar apoio financeiro aos bancos comerciais, tendo em vista o ajustamento ao novo regime legal sobre liquidez e solvabilidade.

Por sua vez, nas caixas económicas a expansão do crédito processou-se no último biénio à taxa anual de 8 por cento, o que denota recuperação em relação aos dois anos precedentes, como resultado essencialmente da actividade da Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência.

Deste modo, o volume global do crédito concedido ao sector privado registou em 1965 acréscimo de 18,3 por cento, contra 15,4 por cento no ano anterior. No 1.º semestre de 1966 prosseguiu moderadamente a expansão dos meios de pagamento internos, que aumentaram de 0,6 por cento, contra 3,3 por cento no período homólogo do ano anterior. Este comportamento foi determinado pela forte diminuição dos depósitos à ordem (deduzidos os depósitos interbancários), para que concorreu em ampla medida o prosseguimento da transformação em depósitos a prazo e com pré-aviso, que aumentaram de 10 por cento naquele período. Por sua vez, a ligeira elevação da moeda legal em circulação (resultante do aumento das notas em poder do público) explica-se pela contracção sofrida pelas disponibilidades em cofre nas instituições de crédito - habitual na primeira parte do ano -, uma vez que o valor da emissão fiduciária diminuiu.

Na elevação dos meios de pagamento durante o período considerado exerceu particular influência o resultado das contas exteriores, que contrariou a acção expansionista exercida pelo crédito bancário.

O mapa que segue mostra a evolução dos meios de pagamento no 1.º semestre do corrente ano, em confronto com a ocorrida em igual período de 1965.