sua concretização, utilização e rendimento efectivos e naquilo que a esperançosa e querida juventude, sua beneficiária, e que é a nossa preocupação instante e nosso indeclinável dever dirigir, formar e orientar, aponta para o dia de amanhã ...

Ao finalizar as minhas modestas considerações direi, francamente direi, que me dói não ter sabido traduzir, por insuficiência de expressão, o que neste momento me toma o espírito e me faz vibrar a alma. Tenho, porém, a consciência de possuir comigo, e possuí-lo em plena e íntima vivência, aquele saber que o nosso D. Francisco Manuel de Melo classificara como o melhor saber dos homens o saber ser agradecido. Essa é a minha grande consolação e isso me basta, Sr. Presidente.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Aulácio de Almeida: - Sr. Presidente: No dia 25 de Novembro findo foi recebida pelo Santo Padre, em audiência particular, uma delegação da U. C. I. D. T. portuguesa, União Católica dos Industriais e Dirigentes do Trabalho. Tal recepção revestiu-se de alguns aspectos tão significativos que bem merecem uma palavra de comentário nesta Câmara. Em primeiro lugar, a importância que lhe atribuiu o Santo Padre e o Vaticano. Sua Santidade não se limitou a meros cumprimentos protocolares, mas aproveitou a oportunidade para fazer um discurso doutrinário, em francês, com a parte final em português, cheia de carinho para com a Nação fidelíssima. Logo a emissora do Vaticano o transmitiu para todo o Mundo, em várias línguas, com referências à entidade a quem foi directamente dirigido. A televisão italiana filmou a delegação portuguesa a encaminhar-se para o Palácio do Vaticano e o Osservatore Romano dedicou ao facto as honras de primeira página em dois dias seguidos.

Outro aspecto a assinalar é a profundeza de conceitos que o presidente da U. C. I. D. T., Sr. Dr. João Simões de Almeida, introduziu no discurso com que saudou o Santo Padre. Muito oportunamente não se esqueceu de salientar o carácter multirracial e pluricontínental da Nação Portuguesa.

Também a nossa diplomacia revelou que estava atenta. Como consequência, não faltou o embaixador no Vaticano à missa celebrada pelo Sr. Cardeal D. José da Costa Nunes na Igreja de Santo António dos Portugueses como ainda se dignou honrar a delegação da U. C. I. D. T. com uma digna recepção no magnífico palácio da nossa Embaixada.

E justo, pois, que fique neste lugar uma palavra de filial reconhecimento para com as carinhosas palavras do Santo Padre assim como um bem-haja à U. C. I. D. T. portuguesa.

Quero terminar estas breves anotações com um voto: que todos ou industriais portugueses sejam fiéis às palavras do Santo Padre, quando, na referida alocução, lhe indicou somo deviam exercer a sua profissão: com bondade, com competência e com sentido social.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Antes de passar à ordem do dia, quero informar VV. Ex.ªs que amanhã haverá duas sessões, uma de manhã, às 11 horas, e outra

à tarde, à hora regimental. Marcando duas sessões para amanhã, evitarei a VV. Ex.ªs o incómodo de terem de estar aqui segunda-feira. Quero, no entanto, anunciar a possibilidade de em algum ou alguns dias da próxima semana ter de marcar também duas sessões. Como VV. Ex.ªs sabem, estamos ligados por imperativo constitucional de ter a lei de autorização de receitas e despesas para 1967 votada no dia 15.

Informei desde já VV. Ex.ªs disto e dos cuidados que tive de ter precisamente para não os sujeitar à violência de saírem no sábado e estarem aqui na segunda-feira de manhã.

Convoco os membros das Comissões de Economia e Finanças para se reunirem, no fim desta sessão, para ouvir a exposição do Sr. Ministro das Finanças, precisamente sobre a proposta de lei de autorização de receitas e despesas.

Vai passar- se à

O Sr. Presidente: - Vai iniciar-se a discussão na generalidade da proposta de lei de autorização de receitas e despesas para 1967.

Tem a palavra o Sr. Deputado Sousa Meneses.

O Sr. Sonsa Meneses: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: As obrigações da profissão só agora permitiram que pudesse subir a esta tribuna, pela primeira vez nesta legislatura. VV. Ex.ªs não perderam nada com isso; pelo contrário, ganharam tempo e pouparam paciência. Eu é que me debati, ou melhor, a minha consciência é que se debateu entre os deveres da função parlamentar e as responsabilidades que o Governo me confiou no desempenho de outras funções.

Ao fim e ao cabo determinei-me pela resposta à seguinte pergunta: onde, num determinado momento, posso ser mais útil ao meu país? E, por uma simples coincidência de horários, de programas de trabalho e de circunstâncias especiais, sobre as quais mais adiante falarei, tive sempre que optar pela minha ausência na Assembleia.

Mas, para ter a certeza de que não havia defeituosa visão na opção que fazia, procurei aconselhar-me junto de pessoas com elevada responsabilidade de função nesta Casa e fora dela.

Estou assim tranquilo, se não em relação a VV. Ex.ªs, pelo menos em relação a mim próprio.

Sr. Presidente: O não ter subido a «esta tribuna na 1.º sessão da IX Legislatura não teria tido importância nenhuma se nessa atitude não estivesse implícita uma falta grave para com V. Ex.ª. E esta é não ter podido saudar o Dr. Mário de Figueiredo, como presidente da Assembleia Nacional, como homem público, como amigo respeitado. Faço-o agora, atrasado no tempo, mas sempre actual no estado dos meus sentimentos.

Tive a honra de começar a trabalhar com V. Ex.ª, nesta Casa, há cinco anos. Como todos os que começam, entrei receoso, entrei duvidoso sobre a utilidade da função e sobretudo sobre os métodos e os condicionamentos do trabalho político numa Assembleia deste tipo, numa Assembleia que representa correntes de opinião, mas sem partidarismo político.

Logo de entrada houve algumas intervenções violentas da parte de colegas nossos sobre a questão ultramarina portuguesa - recordo que estávamos em fins de 1961 e que Angola tinha começado em Março desse ano.

Era natural, a paixão dominava o raciocínio, a emoção exaltava as atitudes.