Alguns destes movimentos de alta dos preços, pela sua continuidade e pela amplitude que ultimamente ganharam, fazem justamente recear uma intensificação do processo inflacionista, com a passagem do tipo da «inflação contida» para o da «inflação aberta», esta, como regra, precedendo ou acompanhando a eclosão do ponto crítico do fenómeno cíclico. Simultaneamente, cabe notar que a interpenetração crescente das economias, facilitando a transmissão das flutuações económico-financeiras de umas para outras, fomenta a generalização dos estados de tensão inflacionista, dos comportamentos característicos destas conjunturas não obstante as diferenças de estruturas político-económicas e dos graus de desenvolvimento atingidos. Por assim dizer, e hoje mais que nunca, em cada processo de desequilíbrio monetário relativo às pressões internas de natureza inflacionária, designadamente a inflação de custos, agrega-se a «inflação importada», tanto mais difícil de coarctar quanto maior fo r a representação, no domínio das trocas internacionais de bens e serviços, dos países onde as tensões inflacionistas primárias se formam e acentuam. Em face da mencionada evolução, não pode surpreender que se tenham generalizado também, na Europa Ocidental, as políticas anti-inflacionistas, com reflexos mais ou menos sensíveis e imediatos sobre a actividade económica. Por todo o lado, novamente, o espectro da inflação impôs a adopção de providências, mas - apesar das experiências colhidas em precedentes conjunturas semelhantes e das recomendações de especialistas - o recurso mais regular ainda foi às simples medidas de carácter monetário, em vez da conjugação harmónica destas com a política fiscal e de rendimentos, talvez pela maior facilidade de definição e aplicação daquelas. Parece, até, existir arreigada- em muitos a convicção de que a política monetário-creditória constitui o instrumento por excelência da política anticíclica, quando, em boa verdade e na lógica dos factos, aquela não pode ser mais do que um capítulo desta, tanto mais que os factores propriamente monetários são apenas, em regra, uns factore s entre outros factores das flutuações económicas de curta ou longa duração.

Elevações das taxas de desconto dos bancos centrais, operações de «mercado aberto» para redução da liquidez nos mercados do dinheiro, restrições por via directa ou indirecta do crédito bancário, e foram as providências mais usadas, se bem que em alguns países se houvessem introduzido modificações nas taxas de tributação dos rendimentos de particulares e empresas e se estabelecessem orçamentos de feição claramente anti-inflacionista. Seja como for, porém, não parece que se tenha podido eliminar, ou conter seguramente, as tensões inflacionárias; de resto, a situação de quase «pleno emprego» nos países mais industrializados do Ocidente, se, por um lado e do ponto de vista das possibilidades de expansão económica geral, lhes imprime um coeficiente elevado de rigidez, por outro lado torna-os muito sensíveis às oscilações de certas componentes da oferta e da procura globais e. às variáveis mo netário-financeiras, quando não lhes determina, com um ou outro período de estabilidade, uma tendência inflacionista mais ou menos nítida. Quanto ao comércio externo dos países europeus participantes na O. C.- D. E., pareceria de notar especialmente o seguinte:

a) Entre 1964 e 1965, o" montante das importações prosseguia o movimento de alta vindo dos anos anteriores, passando, em valor médio mensal corrigido de variações sazonais, de 6693 para 7260 milhões de dólares e atingindo 7784 milhões no 2.º trimestre de 1966, para tanto concorrendo principalmente a Alemanha, a Espanha e a Suécia;

b) Por seu turno, o valor médio das exportações aumentava de 5786 milhões de dólares em 1964 para 6413 milhões em 1965 e 6939 milhões no 2.º trimestre de 1966, devido, em especial, ao comportamento das exportações da Alemanha, da Itália e do Reino Unido;

c) Em consequência dos movimentos anteriores, o déficit médio mensal do comércio externo do referido conjunto de países baixou de 907 milhões de dólares em 1964 para 847 milhões em 1965 e 845 milhões no 2.a trimestre de 1966, sendo de destacar, no ano findo, a contracção do excedente da Alemanha, a redução do déficit da Itália e o acréscimo do déficit da Espanha.

Da conjugação desta evolução do comércio externo dos países europeus participantes na O. C. D. E. com a das suas balanças de invisíveis correntes e capitais adveio em 1965 um acréscimo bastante vultoso nas suas disponibilidades totais em ouro e moedas estrangeiras, mas inferior ao obtido no ano precedente e no 1.º semestre de 1966 o aumento dessas disponibilidades não chegava a 100 milhões de dólares.

(a) Inclui a posição ouro no F. M. I. referente à liquidação de quotas.

(b) Este total não corresponde à soma das Importâncias Indicadas para os diversos países, em virtude de certos montantes não perfeitamente individualizados.